Mariposas por todos os lados

Pomme

Mais um ano acabando. As últimas páginas de 2019, não sei se foi o melhor dos livros, mas talvez, um dos mais surpreendentes. Estou tentando arrumar as coisas ainda... mas são tantas gavetas!

Talvez eu tenha me acostumado com coisas que nunca ache que me acostumaria. Talvez eu esteja provando coisas que nunca tinha provado antes. Algumas foram bem saborosas, mas outras, não quero nem chegar perto. Minha mãe sempre me disse que as pessoas podem ser cruéis. É verdade, elas podem sim. Eu descobri isso esse ano. Na verdade, talvez eu já soubesse há alguns anos, mas só passei a acreditar agora. Mas também aprendi a ser fiel a Deus e a quem eu sou. Parece que o fim das incertezas da adolescência, se bem resolvida, é uma juventude um pouco menos abstrata. 

Estou me tornando adulta. Mas ainda tenho pelúcias, então nem tudo está perdido. As cores realmente são diferentes daqui de cima. E coisas do passado são tão pequenas. Tão pequenas. Acho que tudo o que eu vivo um dia vai ser algo pequeno, então não faz sentido sentir tão grande, faz? Faz sim... é que sou artista... e sinto o mundo enquanto escuto Pomme. 

Talvez eu corte meu cabelo, talvez troque o rosa dele pelo lilás. Comprei um biquíni preto. Não me depilo, escrevo em uma mesa de madeira cheia de latas velhas com pincéis dentro. Dumo com a cortina aberta para sentir as estrelas, e quando tenho pesadelos, acordo e penso em uma borboleta. Saindo do casulo, arrebentando a cera com suas asas, se esticando lentamente, e então, voando seu primeiro voo. Então posso voltar a dormir em paz, pois a metamorfose do meu ser onírico foi completa.

Essa lado, esse meu lado. Ele se expande, e aumenta mais a cada linha, cada traço, cada página. As músicas mesmas tocam melodias que nunca tinha ouvido. A poesia é como um veneno, que vai consumindo seu corpo, corre no meu sangue. A arte exige o preço da vida. A arte exige a dedicação que não damos nem a nós mesmos. Sempre, incessante, possui o corpo e, como um maestro, guia a orquestra das emoções. 

Não há como fugir senão responder ao seu chamado.