Eu tenho a minha história, e também faço parte da história dos outros. Até uma parte da minha vida não acreditava que poderia ser o que eu quisesse. Mas isso é verdade, e não é no sentido simples como ser astronauta ou cientista, é bem maior. Todos os dias eu escolho quem eu quero ser, mesmo quando culpo a minha raiva pelo outro, bato o carro, danço, xingo ou fico em silêncio. Eu escolho. Sempre posso escolher. Às vezes só queria que fosse mais claro, saber exatamente como e o que, mas, na verdade, você nunca sabe.
Eu escolhi dar um beijo sutil no canto da boca do Víctor, e hoje ele é uma das coisas mais bonitas da minha vida. Eu escolhi abraçar minha mãe quando ela chorava no banheiro e deixar ela ir quando ela quis ir. Escolhi tratar melhor minha irmã e tentar entender seus pontos de vista. Escolhi fazer duas faculdades, parar e voltar a estudar. Escolhi.
As minhas escolhas podem não ser as melhores, mas são minhas. Sou eu, que me expresso agindo e me construo através disso. Minhas plantas vivem mais, minhas aquarelas são mais bonitas, meu cabelo está mais longo. Eu quero ser a pessoa que é capaz de viver o inferno e poder plantar um jardim. Eu quero que os outros vejam o amor através de mim, e se sintam amados como muitas vezes eu não me senti.
Os coloridos são raros, temos que agarrá-los com força. Há angústia, há dor, uma dor tão pesada que te prende na cama, que te esmaga a fome, que aproxima seus ossos da pele. E eu a conheci. Essa dor é a dor dos outros, que como não a transformaram em amor, alimentam esse monstro. Eu não quero ser assim. Quero fazer o melhor, ser meu melhor. E isso é tudo que eu consigo e posso ser.
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Mariposas por todos os lados
PoesiaO sentir de ser tudo e ainda não aguentar suportar o nada.