So sweet

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De tanto ler Bukowski sinto que me torno, gradualmente, um de seus semelhantes. Minha capacidade de afastar os que já toquei as faíscas do coração são supreendentes. Incrivelmente apaixonante com os que não conhece, cruel e fria com os de dentro. Uma história tão repetida que já se tornou verdade dentro de mim. Quase um fato universal.

É incrível como não percebo, é incrível como me odeio por isso. E como o silêncio pode pesar. Como cada pequeno deslize é capaz de promover um abismo extremamente profundo. E eu sei que não posso escalar sozinha. E eu sei que os que poderiam me ajudar estão feridos. Feridos por mim. 

E então eu me puno, me mutilo, me arranco, me sangro e desfaço, como se qualquer desses atos infantis pudessem abafar, mesmo que minimamente, a dor que grita agudo dentro do meu peito. Eles já me amaram, e eu os afastei. É a única coisa que eu sei fazer. Machucar com mérito os que se aproximam. 

Por isso tenho medo de amar ele, por isso tenho medo de nos aproximarmos, sei que ele não vai gostar do que vê.O que tenho de bela tenho de cruel. E me machuco. Depois de tanto tempo, continuo me mutilando com um vigor supreendente. Como que inato... inato. 

Mariposas por todos os ladosWhere stories live. Discover now