Um amigo disse que apuro vem de uma palavra em grego, que lembra beco sem saída. Um lugar sem fim que é o próprio fim. Quando eu paro de digitar e vejo meu reflexo pela tela do computador eu consigo ver meu delineado gatinho, meu cabelo rosa repicado, meu batom meio laranja e os metais fincados na orelha.
Eu me reconheço, mas nem sempre. O lance do revólver e do coqueiro. Quando eu respiro fundo sinto que estou andando na beira de um precipício, oscilando entre o chorar em prantos e o respirar serena. Cada suspiro é um passo. Eu tento me equilibrar, e acabo não chorando nem vivendo. Antes eu tinha dúvidas sobre a capacidade dos outros de sentirem os abismos que eu sinto em mim. Hoje tenho certeza. Todos tem um novelo de lã. Todos. E as pessoas desatam seus nós em silêncio, quase que envergonhadas. No meu novelo eu deito, me faço parte de nó.
Já desisti de desatar.
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Mariposas por todos os lados
PoetryO sentir de ser tudo e ainda não aguentar suportar o nada.