Eu sou a menina dos filmes. A garota bonita que ninguém sabe por que ta sozinha. A garota que é esperta mas tem um passado cheio de casos mal resolvidos.
Talvez eu seja essa garota. Talvez eu me queira nesse papel. Talvez eu não saiba de nada. Eu quero ir devagar. Estou indo devagar. Realmente quero beijar sua boca fora de quatro paredes? Eu sou a puta da história?
Eu não sei.
Realmente não sei.
Quando toca uma música de amor eu não penso em ninguém. Mentira, eu penso em mim.
Talvez eu seja minha própria máxima de objeto erótico. Talvez eu seja autossuficiente como um anelídeo qualquer, ou aqueles escorpiões hermafroditas. Eu mesma vou me reproduzir. Daqui a dez anos me imagino estudando em algum lugar, com um belo cachecol e um copo de café. É incrível como posso ver em detalhes o cachecol, mas não posso imagina uma pessoa sequer ao meu lado. E não sei se isso me preocupa. Me preocupa mais o tipo de café, espero que não seja descafeinado.
Meu feminismo está se tornando empírico. Todos os outros, não deu certo. Nunca dá certo. Não acho que um dia dê. Não é culpa minha. Não passaram de uma onda na minha maré. Um dia talvez dê certo. Um dia talvez venha um rosto enquanto canto Anavitória. Um dia talvez seu suor tenha mais validade que uma ereção ou um verso do Nando.
Tudo é mais simples. Eu acho que é sim. Uma garota. E sua vagina. Um garoto, um pênis. Encaixa, surge um Enzo. Mas, não parece medíocre? Pequeno... Eu quero correr, sabe? Eu quero sorrir, deitar no chão, dormir em uma tribo indígena e passar meses em Moçambique. Eu quero caminhar em terra Tailandesa, quero abraçar uma árvore em extinção e protestar contra o massacre dos pinguins na Argentina. Quero chorar lendo livros, quero dançar sozinha na chuva, uma vez colhi uvas na chuva. E foi bom. Talvez eu ame muito o mundo. Talvez eu ame muito as pessoas. Talvez eu as ame tanto, que não tenha espaço ainda para caber uma só.
E, se tiver, talvez eu já ocupe esse lugar.
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Mariposas por todos os lados
PoesiaO sentir de ser tudo e ainda não aguentar suportar o nada.