Você fica até tarde, com seus olhos cansados, encarando meu rosto. Sua pálpebra baixa devagar, você insiste em passar a mão nas minhas pernas, como uma forma de não dormir. Passa a mão entre meus cabelos, tenta beijar meus lábios, esfrega o rosto. E pela primeira vez eu percebo que talvez você não possa ficar.
Minhas palavras voam como pássaros selvagens na sua mente, quanto mais tenta agarrá-los, mais eles te machucam, bicam seus olhos, arranham sua pele, o sangue escorre. Enquanto se orgulha de ter pego um, centenas já voaram e se perderam no horizonte. E eu, em minha ignorância, continuo cantando versos em línguas mortas. Minha mente devaga, meu corpo sente e nada nunca será o bastante.
Pensei ter encontrado em ti o que não existe, o que não posso procurar, o que não pode ser encontrado. Pensei que poderia ler todos os cantos da minha mente como completa minhas frases, mas não adivinha minha melancolia como adivinha meu sabor preferido de chocolate. E a culpa é minha. Por exigir de você a compreensão que nem eu tenho, por te levar à exaustão em minha adorável psicose. Não é tua culpa, não é. Sou eu a dona do sonho. Sou eu quem te oferece chá sabendo que você não gosta, e eu que te labirinto nos devaneios. Me perdoe, ainda não aprendi a ser algo fora de mim, mas não quero mais te machucar, lembre-se que esses mesmos lábios que te confundem também professam o "eu te amo".
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Mariposas por todos os lados
PoesíaO sentir de ser tudo e ainda não aguentar suportar o nada.