Vamos colocar a música indie no fundo, apagar as luzes e aproveitar o pouco tempo de silêncio que eu tenho para conversar comigo mesma. Escrever é terapêutico, é por ordem na tempestade ou provocar uma em um dia de mar calmo. Acho que minha vida é como um aeroporto, tem tanta gente chegando e saindo, trocando de voo, trocando de lado e de valor, assumindo novos destinos na minha vida, ou, simplesmente, partindo de vez ( se é que existe um de vez...).
Eu nunca me sinto vazia, ou incompleta, mas também acho que nunca vou sentir do todo. As pessoas andando e andando, as palavras no papel, o abraço apertado e o silêncio. Cada história, cada toque, tão único e simples no mar de momentos singulares. Algum dia vou conhecer alguém? Conhecer o todo, das coisas mais incríveis as mais bobas? Estou conhecendo um garoto.
Ele toma picolé mas nunca morde o palito, ele abraça o mundo em mim, nunca come salada, no máximo três tomates, ele não bebe café nem sabe cantar alto, ele me chama de cabeça de melão e sorri, mesmo cansado, quando me vê. Ele adora carinho e tem a pele macia. Ele nunca pisa na grama, sempre anda na calçada. Ele recicla o lixo e põe noz moscada em tudo, ele não acredita em nada que não possa ver, e mesmo assim, ainda diz que me ama.
Mas ele já amou tantas outras... talvez eu também o ame, o ame como quero ver o Sol nascer, como gosto de deixar meus cabelos ao vento e como quando danço sozinha. Talvez eu o ame, e tenha medo de amar. Por que se amar, ele pode ir embora, e se ele for, leva um pedaço meu. E eu fico só. Não tenho medo de ficar só, eu já me acostumei. Mas tenho medo de perder tudo o que não vamos ter, e de deixar ir embora uma parte tão bonita minha.
Que segurança existe no homem? Que segurança eu tenho que não seja em Deus? Ando conversando muito com o Pai... ele sempre me chama de amada, ele não me acha errada ou falha, ele me aquece e me dá forças para amar, a coragem que tiraram de mim e a força para me abrir. Eu tinha medo que ele me conhecesse, tinha medo que não achasse beleza no que é meu melhor, que não se perdesse no meu jardim. Ainda tenho um pouco, mas me conforta saber que sempre será uma jornada a dois.
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Mariposas por todos os lados
PoesiaO sentir de ser tudo e ainda não aguentar suportar o nada.