14/ O saber das coisas (Part.2)

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[...]Perdida
Perdida no calor disso tudo
Garota, você sabe, você está perdida...

(Frank Ocean — Lost)

      𝐃 𝐘 𝐋 𝐀 𝐍

JÁ QUE ESTOU DEIXANDO AS EMOÇÕES me comandar, claro, posso estar sendo meio dramático, mas este é o sentimento. Esta droga  de um trem de emoções esquisitas me levando para um lugar e indo entrar em conflito com o meu sistema nervoso. Estou me sentindo um garotinho ansioso quase arrancando os meus cabelos. Aperto a jaqueta em volta do corpo. Ainda é difícil acreditar que meu futuro vai ser diferente do que planejei — já que, por sua vez, não planejava estar aqui-. Faltam quinze minutos para Becky sair por aquela sala. Penso em dar meia volta e desistir de falar com ela. Coloco os fones de ouvido e coloco para tocar o disco Channel Orange. A voz de Frank Ocean sobe e eu deixo que ela carregue para longe parte das minhas preocupações.

Um pouco adiante em um dos corredores vejo Nathan e uma Megan, mas eles não me veem. Fico parado olhando os dois por um tempo. Ela está com a cara de choro, e sem dúvida, ele está tentando dizer que não a traiu pela décima vez e, além disso, é um babaca de zero a esquerda. Tenho a sensação de que ele vai ter sucesso. Ele parece ser um cara bem convincente e ela parece estar sendo fácil de ser convencida. Nós nos sentávamos perto um do outro na aula de filosofia no ensino médio. Eu só a notei porque ela me pediu ajuda em um trabalho. Sou excelente nessa matéria. Ela me chamou para ir a casa dela, e eu fui. Depois nos tornamos um casal, gostava de encontra-la todo dia no refeitório.

Gostei de ser considerado parte de um 'casal popular' e do jeito liberal de como ela tratava sobre sexo. Por mais que odeie admitir agora, eu gostava dela. E aí ela me traiu. Ainda me lembro de ter me sentido magoado, enganado e, estranhamente, envergonhado. Mas o que nunca pude entender foi o porquê dela mentir. Afinal de contas, foi com Megan que perdi a minha virgindade. Por que não terminar comigo e ter um caso com o novato? Mesmo assim, não demorei muito a superar. Então penso: ''Ela foi tão inteligente em me enganar, mas por que ela é tão burra quando se trata de Nathan?'' As pessoas passam a vida inteira procurando o par perfeito. Procura juntar às duas peças e se tornar um casal, mas nem sempre elas são contempladas com alguém de valor, assim como existem muitos Nathans, infelizmente, também existem muitas Megans. Fico tão distraído com a música e o ''casal'', que, na verdade, havia me esquecido do meu único proposito. Já havia tocado e os alunos estão saindo apressados da sala, por sua vez, não consigo achar Becky. Então, quando estico o meu corpo mais uma vez, vejo a sua silhueta indo em direção à saída da universidade. Respiro fundo. Chego do lado de fora, por fim, e uma brisa fraca sopra, brincando com o meu cabelo. O tempo está surpreendentemente bom para uma terça-feira. De repente torço para que o inverno não seja gelado demais, e então me dou conta de que, por mais que tenha corrido um bocado, eu me desencontrei com Becky. Olho em volta. Nada. É como se ela tivesse evaporado pelo campo da universidade.

— Você viu a Becky? Becky Hunter?-, pergunto

— ''Quem?-, responde

— '' É a garota afrodescendente que é da sua mesma sala. '', ele pensa

— ''Ah, claro, a Becky... É eu vi sim, ela foi por ali. '', agradeço.

Becky parou num cruzamento à minha frente. Juro que não estou parecendo um maníaco perseguidor. Ela segura a ponta da sua saia jeans, quando uma rajada de vento forte a atinge. Não posso ver seu rosto, mas suponho que esteja iluminado pelo sol. Não penso que tenha reparado em Becky como estou agora. A luz do sol se infiltra pelo cabelo dela, formando uma espécie de iluminação graciosa. Se ela se virasse acharia, sem dúvida, que perseguir. O semáforo ainda não estava vermelho, mas ela sai do meio-fio e percebei que não tem nenhum carro. ''O que ela esta fazendo?'' Não está prestando atenção suficiente para perceber que um cara num Toyota cinza vai acertar ela em cheio. Mas estou perto, então eu a puxo pelo cotovelo. Eu só lembro-me de Becky cair por cima de mim e eu reclamar um pouco de dor, mas, felizmente, estamos vivos. Algumas pessoas perguntam se estamos bem, mas algumas apenas passam direto. Becky se levanta e me ajuda a se levantar.

— O que acabou de acontecer?! — diz ela.

— Você se machucou?

– Aquele cara quase me atropelou.

Levanto os olhos e vejo que ela tirar o cabelo do rosto. Tenho vontade de gritar com ela, mas não faço isso.

— Você está bem? — pergunto de novo.

— Estou.

— Sabe que não pode atravessar no sinal verde, Becky.

— Droga. — Ela reclama. De algum modo, a tela do seu celular esta toda rachada devido à queda. Ela parece prestes a chorar.

— Posso tentar ajeitar se quiser.

Estou desesperado para impedir suas lágrimas, mas não porque eu seja um garoto nobre, mas não suporto ver mulheres chorarem. Sou do tipo que se contagia. Então não quero chorar agora, principalmente na frente de Becky.

— Você salvou minha vida, Dylan. Obrigada.

— Você não teria morrido. Ficaria meio aleijada, talvez.

Estou tentando fazer com que ela ria, mas de nada adianta. Seus olhos se enchem de lágrimas. Jesus Cristo! A única vontade que tenho é de abraça-la.

— Estou tendo um dia ruim — conta. Desvio os olhos para que ela não veja que estou prestes a chorar também.

*     *      *

Capitulo não revisado! 😘😍🙋🏾‍♀️

Continua... 

xo!!

Talvez Em Um Verão (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora