- Mana, ainda nem são cinco da manhã! - Rodriguez reclama, ensonado.
- Eu não consigo estar na cama mais tempo
- Mas, a esta hora, não vais fazer nada no hospital, Eli.
- Eu... - As lágrimas começam a traçar caminho pelo seu rosto. - Preciso desabafar contigo, Rodriguez.
- Anda cá. - Rodriguez senta-se na cama e Eli senta-se ao seu lado. - Sou todo ouvidos. - E passa o braço pelos ombros de Eli, aproximando-a de si.
- Eu já não sou o que era. Sou uma fraude.
- O quê?! Mas que merda de conversa é essa?
- O Zach está assim por minha culpa.
- Eli, continuo sem entender patavina. Explica-te, por favor.
- O meu instinto dizia-me que algo iria correr mal, mas baixei a guarda. Sou a negligência em pessoa. Eu baixei a porra da guarda, foda-se!
- Supostamente, o tribunal é um local de segurança apertada.
- Isso não invalida o meu sentimento de impotência, nem a frustração por ter falhado na proteção de Zach!
- Eli, ou protegias a tua filha, ou protegias Zach. Naquele momento, tu não serias ágil o suficiente para conseguir proteger os dois. Mete isso na tua cabeça, de uma vez por todas!
- Se eu tivesse...
- Eliana, pensa comigo. Assim que percebeste que aquela doida iria atirar, colocaste o teu corpo na frente da Lilly, certo? - Eli afirma, com um aceno de cabeça. - Na posição onde estavas, conseguirias proteger o Zach?
Eli revê o acontecido na sua mente. Rodriguez tinha razão.
A aflição deturpou-lhe o raciocínio de tal modo, que nem percebera que só conseguiria evitar o sucedido de uma maneira.
- Só se eu tivesse uma arma comigo... Eu só iria salvar Zach e Lilly se atirasse antes.
- Ora aí tens, Eli. Eu sei que estás uma pilha de nervos e que achas que perdeste as tuas capacidades como militar e guarda-costas treinada, mas enganas-te, Eli. Tu és a mesma mulher que sempre foste até aqui. Provavelmente, os sentimentos que nutres por eles até podem ter feito tu amoleceres, mas, de maneira alguma, deixaste os teus instintos de lado. E, naquele momento, quem deveria ter evitado aquela merda eram os bófias. Eles é que deveriam ter desarmado a Jessica. Não te podes esquecer que não podemos entrar com as nossas armas no tribunal, apenas as autoridades policiais o podem fazer.
- Foi tudo muito rápido. Nada me faria crer que ela sacasse a arma do agente. Assim que ela jogou a mão ao coldre, eu coloquei a Lilly atrás de mim. Quando fecho os olhos, ainda ouço o tiro e vejo o corpo de Zach colocar-se à minha frente. - Eli fala com a voz embargada. - Eu podia ter...
- Não daria tempo, querida. Foi rápido de mais. - Rodriguez beija a sua têmpora. - Nem pensaste na probabilidade de perderes o bebé, mana.
- Sim, pensei. Estou tão alterada, que os pensamentos são turbilhão na minha cabeça. - Eli suspira. - Amar é tão bom, mas, ao mesmo tempo, e em situações limite, está a alterar a minha metodologia de reação.
- E lá vamos nós, outra vez...
- É verdade, Rodriguez!
- Não é! Eu sei que desenvolveste uma capacidade enorme de sentires a presença de alguém, muito antes de veres a pessoa, de te sentires observada e a pressentir o perigo. Também sei que desenvolveste capacidades extraordinárias de destreza, de raciocínio e agir com frieza, depois de fazeres uma leitura de todos os possíveis cenários, com uma rapidez sobre-humana. Isso não te abandonou. O problema, aqui, é pensares que falhaste. Esse é o teu único problema. - Ele volta-se para Eli e segura o seu rosto entre as mãos. - Vou ser duro e frontal contigo, mana. Estás tão habituada a ser bem-sucedida, que não consegues aceitar que podes ter falhado, pela primeira vez.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Segura de si
RomanceQuem disse que a tropa não é para mulheres, está bem enganado. Eliana de Sá foi Sargento no Exército, sendo militar durante sete anos, e saiu apenas para trabalhar numa empresa conceituada de segurança privada, onde já exerce a sua atual profissão h...