Capítulo 11

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Ficara deveras magoada por Zach lhe esconder algo tão sério. Principalmente aquilo.

E, agora, a complexidade do envolvimento sentimental na missão estava a dar o ar da sua glória, mostrando e fazendo sentir na sua pele, algumas consequências.
Se não se tivesse envolvido com Zach, aquele segredo não lhe estaria a doer tanto.

Sinceramente, estava muito consternada.

Sabia perfeitamente que seria mantida na ignorância se acontecesse algo semelhante em outras situações. Mesmo que sentisse a enorme afinidade pela menina, tal como sente, se fosse ferida no decorrer do seu trabalho, seria afastada durante a convalescença e não ficaria ao corrente do ponto de situação, até que retomasse as suas funções.

Mas não podia mudar o rumo da sua vida.

Não podia mudar o facto de amar tanto a pequena Lilly.

E muito menos, podia negar o amor que sente por Zach.

Mais uma vez questionava-se porque é que aquilo lhe tinha acontecido.
Logo a ela! Gabava-se, no bom sentido, de ter sido um excelente militar e, agora, uma exímia segurança pessoal.
Nunca falhara.
Nunca se envolvera sentimentalmente com um protegido.
As suas missões tinham sido sempre bem-sucedidas.

Estava a ser acometida pela frustração porque sentia que perdera o seu foco no trabalho.

Contraditório? Oh, sim, mesmo.
Ao mesmo tempo que sentia algo como Revolta pelo desenrolar do rumo da missão, sentia-se plena por ver o amor que sentia pelos dois ser retribuído.

E era por isso, também, que se sentia confusa, na mesma proporção.

Ai que grande confusão! O seu cérebro parecia um novelo de lã emaranhado.

- Eliana? Mais devagar! Você pode magoar-se.

O terapeuta chama a atenção de Eli.

Eli saiu disparada do escritório de Zach, com a vista embaçada pelas lágrimas, depois de saber.

Furiosa por ele ter ocultado o regresso das ameaças, foi para o ginásio, deparando-se com o terapeuta já à sua espera.

Voltou a si depois do homem lhe tocar no braço. Naquele momento, estava na bicicleta elíptica.
Diminui a velocidade até parar.

- Eliana, tem de ir com calma.

- Estou um pouco distraída.

- Já tinha notado. Chamei-a três vezes e não obtive qualquer resposta.

- Meu Deus! - Eli abana a cabeça. - Podemos ficar por aqui? Já corri de manhã e...

- O quê? Eliana, você tem de ir mais devagar! Pode ser que se sinta confortável, mas poderá sentir dor novamente. Não deve abusar.

- Também lutei com o Zach.

- A sério?! Desculpe, mas, você é doida?

- Eu sei, deveria ser progressivo. Só me esforcei mais porque não senti dor enquanto fazia exercício, nem depois. Só fadiga após, mas é perfeitamente normal.

- Prometa-me que não vai fazer mais exercício, por hoje.

- Prometo.

- OK, vou confiar. Como se sente? Tem dor?

- Não, não tenho. Sinto apenas a fadiga muscular que mencionei, mas dor, não.

- Muito bem. Até amanhã, Eliana.

- Até amanhã.

Que mentirosa.

Assim que o terapeuta voltou costas, Eli coloca as luvas de proteção.
Pega nos fones e coloca "The devil in I", dos Slipknot, a tocar com um volume bem alto.

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