"Algumas coisas não precisam fazer sentido, basta valer a pena."
— Renato Russo.O despertador grita ao meu lado me dando agonia. Odeio segundas feiras. Odeio terças, quartas, quintas e domingos. Os únicos dias que são suportáveis são sextas e sábados. E não tem nada haver com serem os únicos dias em que não vou pra faculdade ou para o trabalho.
Tudo bem que eu sou uma exagerada nata, nasci assim e, como dizia minha vó Beatriz, tenho síndrome da Gabriela. "Eu nasci assim, eu cresci assim, Gabriela."
Claro que vovó só queria implicar comigo com seu jeito leve e engraçado, mas eu assumo minha leve tendência a ser como essa tal Gabriela.
Eu levanto da cama quando o despertador toca pela terceira vez. Cinco e quarenta e cinco da manhã. Já tô atrasada! Daqui a pouco papai me grita pela casa como se o mundo estivesse acabando.
Não que meu pai seja de gritar, na verdade nem parece que tem um homem em casa. Meu pai mal fala e, quando ele fala, é baixo, calmo, parece um eremita daqueles filmes estranhos que ele ama ver. Ele só grita se tiver vendo esporte na tevê, o que não acontece muito já que ele mal tem tempo pra nada dentro de casa.
Eu me recuso a tomar banho tão cedo, só faço um xixi e lavo minha cara. Coloco meu jeans, uma camiseta preta e meu velho moletom cinza. Meu cabelo é um caos de manhã, principalmente na frente e em cima. Tia Janaína fala que são os primos da África e eu sempre reviro meus olhos com isso.
Meus cabelos são lisos, diferente de todos da minha família. Corto sempre do mesmo jeito, um long bob abaixo dos ombros e vejo o quão sortuda sou por não precisar ter muita preocupação com ele. Faço um coque com a franja e deixo assim mesmo. Suiane, minha prima, diz que tá na moda.
Não que eu me importe com isso, pff, não mesmo! Olha bem pra mim e me diga se eu pareço me importar com moda? Sério, eu uso sempre o mesmo All Star preto velho, um jeans velho, um moletom velho e minha cara amassada. Tudo que uso é velho. Não porque não tenho dinheiro pra comprar novo ou mesmo tenho roupa nova, é mais porque gosto de coisa velha.
Nem pareço uma garota de dezessete anos mas nem ligo. Não sou como aquelas coisas da faculdade ou pior, aquelas garotas que querem porque querem chamar a atenção masculina. Não quero mesmo! Não estou a procura de um namorado. Tenho um futuro marido e é o que me importa.
Sim, nem namoro e já tenho um futuro marido. Culpa minha se nasci com o defeito de me iludir até com um olhar? É o erro que mais cometo. Mas dessa vez é sério, não é como das últimas vezes. Prometo.
O fato é que vou me casar com o Jônatas, lá da faculdade. Ele é um nerd lindo, do jeito que sempre sonhei. Calmo, com a aparência séria. Ele é daquele tipo de caras que não se misturam com a turma da bagunça, sabe? Ele é o mais inteligente da turma, prestes a se formar em economia e vai ser o mais bem sucedido do universo.
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Amor dos Sonhos
Teen FictionSempre me chamaram de sonhadora. Sempre me acusaram de não ter os pés no chão, de viver mais na minha própria imaginação do que na realidade. Mas o fato é que esse sempre foi meu caminho de fuga e nunca neguei a minha preferência por ele, porém meus...