Capítulo Vinte e Nove

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“Eu sou do meu amado e meu amado é meu.”
— Cânticos 6 (Bíblia Sagrada)

”— Cânticos 6 (Bíblia Sagrada)

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Um ano depois

A Europa é fria, dizem que o tempo no Brasil é estranho mas na Europa... Deus me livre!

— Melissa, entra antes que o Gabriel te veja daí! - eu fecho a porta da sacada antes que Suiane estoure meus tímpanos e reviro meus olhos

— Deixa de ser exagerada, Suiane. É o jantar de noivado e não o dia do meu casamento. - sim, eu vou me casar!

Ok, deixa eu explicar do início: desde a nossa conversa lá no primeiro dia do ano, eu e o Gabriel lutamos para que tudo desse certo. Não foi fácil manter um relacionamento a distância, mesmo que a gente se falasse todos os dias e nos víssemos uma vez ao mês, não foi fácil. Mas nós sobrevivemos.

Sobrevivemos a distância, a oposição, as fofocas, a saudade e tudo que tentaram nós separar. Sobrevivemos e ficamos mais fortes. Juntos.

Gabriel se mostrou bem mais do que o homem dos meus sonhos. Gabriel me fez ver que os sonhos foram bons mas a realidade era bem melhor. Ele é tudo aquilo que eu não imaginava querer ou merecer. Ele é a sorte grande e, bom, eu fui a sortuda de achar ele.

Valeu, Deus!

As coisas a nossa volta também nos ajudaram a ter a certeza se um futuro a dois era o que queríamos. Porque as dificuldades vieram mas permanecemos juntos. Esse era o ponto.

Me formei a alguns dias, tive tudo que sempre quis ter e Gabriel estava ao meu lado. Ele também acabou de assinar um mega contrato com a editora e foi reconhecido como um dos empresários mais promissores do mundo. Juntos conquistamos o mundo. Um apoiando o outro.

Não estou dizendo que só conquistamos nesse ano. Perdemos também. Docinho morreu em fevereiro, seu Kürr nos deixou um mês depois. A dor quase nos parou, mas fomos fortes. Lógico, com a ajuda da dona Aura.

Aquela mulher sim é um sinônimo de força e eu só quero ser como ela quando crescer. Depois que perdeu o amor da sua vida, ela se manteve firme pela família e pela empresa. Dona Aura é uma fortaleza, mas vejo o que ela tenta tanto esconder. Se fosse eu a perder o amor da minha vida talvez eu nunca conseguiria sobreviver. Dona Aura sente a falta do seu Kürr, todos nós sentimos.

Eu o conheci poucos dias antes dele falecer. Ele era engraçado, otimista mas via como a doença era horrível para ele. As vezes ele se esquecia de algo relacionado a família e isso matava ele. Era visível em seus olhos.

Ele se foi dormindo, depois de um jantar romântico com dona Aura, comemorando seus mais de cinquenta anos de casamento. Isso foi de repente, mas fortaleceu os Kürr.

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