O Corvo e o Lobo 3 - Revolução Mágica

Intimação

Tive que dividir esse capitulo porque se não ficaria com cinco mil palavras ai acho muita coisa para um capitulo só.

Narrador Neron

Três dias se passaram muito devagar, em meio a um clima fúnebre em qual todos estavam mergulhados. Estávamos todos sobre o mesmo teto mas ao mesmo tempo estávamos muito sozinhos, o que acabou ofuscando o pedido de casamento de Charlotte para Serafim, o clima de amor antes foi facilmente substituído. Quando perguntei a elas quando marcariam a data para o casamento, apenas disseram que viriam isso mais tarde, mas provavelmente no ano que vem, quando esperavam que o mundo já estivesse bem familiarizado com os filhos da magia, porém tinha minhas dúvidas se isso iria mesmo acontecer e se acontecesse acho que levaria bem mais do que apenas um ano. Grandes revoluções levam tempo e vidas.

Por mais que Jonathan dissesse que estava se sentindo bem e que eu não deviria me preocupar estava na cara que não estava. Ele e os outros meninos pareciam que tinham perdido suas almas, apenas comiam, dormiam e permaneciam cada um no seu canto. Alex passava a maior parte do tempo na varanda observando o tempo, mas na verdade procurava qualquer pessoa que parecesse suspeita rondando a casa, o que realmente ocorreu algumas vezes, três homens passaram mais de cinco vezes na frente de casa encarando a procura de algo, devido a isso Serafim decidiu não abrir mais a floricultura por algum tempo.

Me sentia preso dentro de casa e isso porque não sou um lobisomem que passou a vida criado em meio a uma floresta, livres para serem quem realmente são, tudo isso colaborava para que se sentissem tão mal, entediados e tristes, não podia culpa-los. Nem ao menos podíamos sair de casa para nada, já que podia ser perigoso, as revoltas e manifestações se intensificavam cada vez mais deixando as ruas mais perigosas e violentas, filhos da magia vinham sofrendo todos os tipos de ataques de humanos, porém revidavam na mesma forma, afinal era isso ou perderiam suas vidas.

Serafim precisava abrir um portal para ir em outra cidade em que ninguém a conhecia para fazer compras para repor o que precisávamos em casa, e ainda assim Charlotte ia junto com medo que algo ocorresse. Sendo que toda vez que voltavam diziam o medo que todos sentiam em olhar nos olhos um dos outros, ontem mesmo tiveram a impressão de estarem sendo seguidas mas conseguiram logo abrir um portal e virem embora.

Parecia que em apenas três dias o mundo havia começado a girar para trás voltando no tempo, um dia estávamos em pleno 2019 com a tecnologia evoluindo a passos largos e a diversidade ganhando seu espaço em TV'S e séries, onde casais gays, lésbicas e não binários se tornavam personagens principais, para voltarmos a 1400, logo no início da caça às bruxas. Pelo visto de nada serviam as aulas de história nas escolas, isso porque algumas até haviam fechado suas portas por tempo indeterminado depois de alguns "incidentes"; pelo menos eram assim que diziam na TV.

Jonathan dormia ao meu lado todas as noites, ainda assim sentia que ele nem sequer estava ali, me abraçava como sempre mas seu corpo estava frio, quase que sem vida. Não importava o quanto eu insistisse em continuar perguntando o que ele estava sentindo, o que poderia fazer para ajudar, ele continuava sempre respondendo as mesmas coisas, que estava normal e que eu não devia me preocupar. O pior era que eu sabia que não podia fazer nada, não podia trazer Kaleb de volta e também não podia voltar no tempo e impedir que a casa deles fosse incendiada, até pensei em tentar fazer esse tipo de coisa, mas seria perigoso demais, até mesmo para os meus padrões.

Os gêmeos Léo e Lowe se acomodaram bem no quarto de hóspedes, tão bem que quase não saiam e lá o dia todo, apenas quando eram chamados para almoçar ou comer alguma coisa, sendo que nesses momentos não paravam e agradecer Charlotte e Serafim por tudo, pela comida, pelas roupas novas que elas compraram para eles, era algo tão persistente que minha mãe já estava começando a ficar incomodada com tantos agradecimentos, deixando-a sempre constrangida. Acho que eles se sentiam como intrusos, como se fossem um peso de alguma forma, afinal estavam sozinhos agora, o futuro nunca tinha sido tão incerto assim.