Amor e Chamas

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Boa leitura.

Espero que gostem

Narrador Neron

Já havia acordado mas me recusava a abrir os olhos, estava tão quentinho embaixo das cobertas, tão em paz, tinha medo que se abrisse meus olhos tudo isso desmoronasse como um castelo de cartas, ainda assim não podia passar a manhã inteira ali, algo me dizia que para um dia de semana já era bem tarde para acordarmos.

Assim que abri os olhos vi Jonathan me encarando com um sorriso nos lábios.

―Ei não fique me encarando assim enquanto durmo. ―Disse me despreguiçando, torcendo para que dessa vez não estivesse babando.

―Pode apostar que estava mestre. ―Respondeu Karasu, sentado na beira da cama apenas de cueca. Jonathan apenas o ignorou, acho que já tinha se acostumado com Karasu e suas tentativas de deixa-lo enciumado.

―Bom dia Karasu, e obrigado pela noite de sono. ―Sabia que a sensação de paz e noite bem dormida tinham sido obra dele, assim como eu tinha pedido na noite anterior.

―Fico feliz em ajudá-lo mestre.

―Do que estão falando? ―Perguntou Jonathan desconfiado, excluído da narrativa até aquele momento.

―Costumava ter muitos pesadelos durante a noite, Karasu está ajudando a mudar isso, ainda mais depois do feitiço de ontem, minha cabeça teria passado a noite fervilhando. Mas é claro que ele não foi o único responsável por ter me proporcionado uma boa noite de sono. ―Disse puxando Jonathan para um abraço forte. Seu corpo estava tão quentinho e macio quanto o de Cérbero quando o abraçava.

―Ei não é justo que apenas ele ganhe os prémios, se eu fiz a maior parte do trabalho. ―Rebateu Karasu com uma voz chorosa, se lançando sobre nós em meio a outro abraço.

No entanto sequer sentíamos ele sobre nós, se esfregando no meu rosto, já que não passava de uma forma astral do pequeno fragmento do seu espírito que ainda habitava dentro de mim; pelo menos todas aquelas torturas em Arcanjos e tentativas de Morgana fortalecer Escarmom havia servido para algo. Mesmo sabendo de tudo isso sentia um pequeno calorzinho na região em que a minha bochecha e a de Karasu se encostavam, não era a primeira vez que senti algo parecido.

Jonathan tentando devolver as provocações de Karasu, beijou os meus lábios com uma pequena mordiscada enquanto encarava Karasu que considerou aquilo uma grande ofensa, se esfregando ainda mais em mim; me sentia em um sanduiche em que eu era o recheio.

Quando enfim nos levantamos e saímos do quarto, não havia como não perceber as inúmeras pétalas de rosas saindo da porta do quarto da minha mãe e que iam seguindo pelo corredor até a escada. Tive que esfregar um pouco os olhos para ter certeza que aquilo estava mesmo ali e não era apenas um delírio causado pelo sono, mas pelo visto não era. Imagino como deve ter sido a noite das duas para que tantas rosas despedaçadas se espalhassem pela casa, tiveram sorte que estávamos muito cansados e não ouvimos nada. Bem, agora eu já começo a me arrepender de ter imaginado uma coisa assim.

―O que a minha mãe está aprontando? ―Perguntei para mim mesmo encarando aquele corredor de rosas.

Jonathan pegou uma das pétalas em sua mão, respondendo a minha pergunta.

―Acho que não foi a sua mãe mas sim a minha.

Só então percebi que as pelas de rosas que formavam um caminho até a escada eram artificiais, não havia nada que Serafim achasse mais abominável do que flores artificiais, por mais realistas que fossem. Costumava dizer que nenhuma flor artificial poderia substituir uma flor real.

O Corvo e o Lobo 3 - Revolução MágicaOnde histórias criam vida. Descubra agora