02 | Jessica Taylor.

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A cada movimento da sola do meu tênis contra a grama verde e recém-cortada que cobre toda a área em torno na universidade, eu me pegava mais ansiosa

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A cada movimento da sola do meu tênis contra a grama verde e recém-cortada que cobre toda a área em torno na universidade, eu me pegava mais ansiosa. A fina camada de suor que parecia deslizar pela minha espinha a cada som tão familiar e ao mesmo tempo desconhecido, fazia os pelos da minha nuca se eriçarem e as palmas da minha mão pareciam ligeiramente mais úmidas.

É ridículo, pensei comigo mesma no mesmo instante em que um grupo sentado abaixo da macieira transferiu os olhos curiosos na minha direção, me inspecionando da cabeça aos pés. Embora não seja mais o pico do verão, a manhã já começou com um ar quente, como se viesse de uma estufa que larga ondas de brisa quente contra meu rosto, ondulando através da minha blusa e tocando pontos específicos da minha pele. Arrumei a alça da mochila azul clara no meu ombro pela terceira vez desde que atravessei a rua e adentrei as portas duplas pretas, com vidros em formatos retangulares preenchendo a parte superior das mesmas. A estrutura do prédio é extremamente elegante, variando nas cores pela designação dos departamentos. 

O piso lustroso de cerâmica caqui claro fez um barulho irritante quando comecei a andar, elegantemente atrasada até o último fio de cabelo. Conseguia até mesmo ver uma versão distorcida de mim no piso limpo, mas com arranhões e marcas que perpetuam as milhares solas de sapato que já cruzaram por aqui. O corredor é longo e se divide em várias direções, mas pelo tour que fiz outro dia, sei que devo ir até as portas de vidros e cruzar por este prédio até a pequena área de lazer que há em todas as divisões entre os prédios. Se eu correr, consigo chegar a tempo de entrar junto com a maioria para a cadeira de Filosofia.

Talvez eu tenha me atrasado um pouco flertando com o garçom da lanchonete lá perto de casa para chegar no horário, mas essas coisas acontecem. Ethan não pode nem sonhar que eu mal coloquei os pés dentro da universidade e já estou vacilando. Prometi a ele, antes de vê-lo sumir pela rua levando Calum pela mão, que tomaria juízo. Não sou de todo ruim, mas também não sou inocente e tenho consciência disso, apenas me parece mais atraente dançar próxima do limite do que me afastar dele.

São apenas formas de me manter ativa; de me sentir viva. Aquela sensação de ter o sangue borbulhando, o coração disparado e um entusiasmo inigualável sobre cada nova manhã. 

A melodia dos passarinhos preenche o lugar enquanto lanço uma perna atrás da outra pela passarela de madeira sob um teto de vidro. Quando estou prestes a dobrar para a esquerda, o som de saltos contra a madeira me faz olhar brevemente por cima dos ombros.

— Alyssa? Alyssa Young?

Cravo meus pés no solo, ponderando sobre virar e sorrir ou somente continuar andando. Mas agora que já parei, a segunda opção soa um tanto rude. Devagar, eu giro nos calcanhares e me deparo com uma morena sorridente, com seus cachos balançando ao redor da cabeça graças às pequenas bolsas de vento. Sutilmente, eu puxo um bocado de ar para meus pulmões e sorrio amigavelmente, me demorando na aliança prata em seu dedo direito, que por algum motivo está gesticulando na minha frente.

Amnésia (vol.1)Onde histórias criam vida. Descubra agora