04 | você e eu não vamos ser amigos.

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Você não vai encontrar em mim o tipo de pessoa que abre mão do controle

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Você não vai encontrar em mim o tipo de pessoa que abre mão do controle.

Sou adepta ao preto no branco. Simples. De complicada já basta eu.

Manter os pés no chão é essencial. Não gosto de ficar confusa em relação à linguagem corporal de outra pessoa. Relações são estabelecidas na primeira interação, mesmo que às vezes a gente nem repare. Porém, excluí o item "criar laços" da minha lista há certo tempo, onde finalmente encontrei em mim a coragem de me priorizar e cuidar de mim mesma.

Laços deixam o ser humano vulnerável. Para cacete. Vulnerabilidade vem de brinde quando você entrega o pobre coitado do seu coração a alguém. E eu não falo somente de relações românticas, não. Você entrega pedacinhos de si ao amigo de infância, ao namoradinho do fundamental, a tia que fica de babá quando seus pais saem, ao gatinho que pede carinho na rua, até mesmo para a joaninha que escala sua mão com uma lentidão encantadora.

Mas é um beco sem saída na maioria das vezes. E lá no fim, após percorrer o trajeto que vai lhe garantir boas histórias, estará seu coração partido. O problema, que por sinal é uma merda, é que isso é como água: não dá para viver sem.

E tentar é intrigante, desafiador e... Às vezes solitário.

Contudo, não sou idiota. Eu sou muito sensitiva e considero bastante as minhas intuições. E pelo modo que Leon St. John caminha e observa tudo com olhos de um felino selvagem, eu simplesmente vejo o aviso piscando como um letreiro neon na frente dos meus olhos: Território proibido.

Se você está disposto a tentar evitar se desgastar e pausar por um tempo o lance de criar laços, precisa saber jogar. Precisa ser atento, precisa conhecer a si mesmo e saber os riscos. Precisa ser arisco. 

Tem que entender que, por mais inexplicável que seja, às vezes seu coração vai acelerar sem o menor incentivo e você vai se sentir gelado até o estômago. Sua epiderme vai arrepiar quase como se reconhecesse a energia e o que você fará com isso é escolha sua.

Mas o aviso está dado: Cuidado.

Fora o conjunto de detalhes na paisagem conturbada que o cercava que disparou o aviso por minha corrente sanguínea: O jeito que as garotas paravam o que estavam fazendo para vê-lo passar, como os garotos o respeitavam como se o cara fosse a porra de um Deus com aquele corpo forte e alto se destacando entre os corpos dispostos. Hesitei quando seu olhar me encontrou outra vez, mesmo que eu estivesse fingindo não o ver enquanto observava Caden galantear uma morena bonita no pé da escada. 

Eu não tinha bebido muito. Mas me sentia alcoolizada a cada passo que o deixava mais próximo de mim, quase como se eu não conseguisse respirar corretamente.

Como isso é possível? Como, de todas as pessoas e lugares, ele tinha que estar lá naquela noite? Qual é a porra do problema do universo comigo?

Amnésia (vol.1)Onde histórias criam vida. Descubra agora