33 | a vida em seus olhos é o que há além da dor.

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A paciência te leva a um certo ponto
O sangue vai te levar ainda mais
A dor só vai endurecer seu coração
Clima atirado e furioso
A inocência é linda de se ver
Você não vai encaixotar isso para mim?
Para mim

É só mais um temporal, não deixe tirar o melhor de você
É só a partir do chão, ilumine tudo dentro de você
Eu não quero deixar você ir, eu não quero deixar você ir
Não queime, não queime comigo
Eu não quero deixar você ir, eu não quero deixar você ir
Não queime, não queime comigo

BURN OUT — IMAGINE DRAGONS

Minha mente é uma série de fragmentos sendo jogados em todas as direções, latejando as paredes do meu crânio enquanto tento, me esforço para encontrar uma forma de desviá-lo deste caminho, expulsá-lo do mesmo recinto, da mesma existência trágica q...

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Minha mente é uma série de fragmentos sendo jogados em todas as direções, latejando as paredes do meu crânio enquanto tento, me esforço para encontrar uma forma de desviá-lo deste caminho, expulsá-lo do mesmo recinto, da mesma existência trágica que St. John, mas o medo e o desespero de não saber o que fazer, de me sentir inútil estão me privando da racionalidade, de qualquer coisa exceto nossos passos.

— Por favor, — ele diz assim que paramos em frente às portas do escritório, uma mão tocando a base das minhas costas e a outra se estendendo em uma concha — primeiro as damas.

O embrulho em meu estômago é tão forte que preciso engolir em seco para não vomitar. Olhar para ele me revira em gelo, petrificando meus músculos. O sorriso que torce seus lábios não é nada mais que realização doentia quando levo minha mão, trêmula, até a maçaneta. Rezava para qualquer Deus que pudesse me ouvir agora, mesmo não sendo religiosa, para que ele tivesse ido. Simplesmente ido para casa. Que estivesse seguro entre suas paredes, em seu lugar, sua casa que me acolhe sem que eu sequer pense nas vezes que isso acontecera com tanta naturalidade.

Eu estou sussurrando baixo, meus lábios mal se movendo quando abro a porta e forço meu pescoço a mover, levantar o rosto apesar das luzes acesas que indicam, merda, indicam que ele ainda está aqui.

Nervosamente meus olhos vasculham a sala até o ponto em que ele está com o ombro encostado na parede atrás de sua mesa, as pernas cruzadas na altura do tornozelo e em suas mãos seu livro favorito, em seu rosto uma expressão tão suave que me faz soltar o fôlego que estava segurando. Seus óculos de grau com a armação preta apenas destacam sua beleza em cada detalhe do semblante compenetrado e eu me sinto estranha, tão estranha e tão impotente por não conseguir fazer algo sobre isso.

Os segundos despencam uns sobre os outros quando ele levanta o rosto e olha para mim. Demora apenas um instante para que sua expressão passe de concentrada a surpresa e feliz e então... completamente em alerta. Eu posso sentir daqui o transtorno que inunda seu corpo quando as íris douradas tão suaves, tão únicas mudam para um ponto atrás de mim e seus braços caem ao lado do corpo como se suas forças tivessem acabado, o livro alcançando o chão e se tornando o único som audível apesar da festa que acontece a poucos metros.

Amnésia (vol.1)Onde histórias criam vida. Descubra agora