• Capitulo 34 •

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Foi tudo tão rápido. Sabe quando você está deitada por muito tempo, e aí levanta depressa? A visão fica preta, você se sente estranha, e até vai no chão se não apoiar em algum cômodo. Foi exatamente assim que eu me senti ao receber a ligação do hospital. Eu caí de joelhos no chão, enquanto a chuva molhava meus cabelos e roupa. Não conseguia chorar, estava desesperada demais. Achei que fosse desmaiar por um segundo, até ouvir a voz dele. Minha visão ficou borrada e comecei a escutar um barulho fino, então dificultou decifrar o que estava acontecendo. Mas me lembro de vê-lo correr até mim.

- Millie! Você tá bem? O que foi? - me chacoalhou duas vezes. Mas eu não tive forças o suficiente para responder. Finn então pegou meu celular e viu da onde o número vinha. Eu acho. Ele me pegou no colo e me levou até seu carro, indo em direção ao hospital. - Millie eu preciso que você se acalme está bem?! - colocou a mão na minha perna.

- minha mãe. - falava entre suspiros.

- se acalma, vai dar tudo certo.

- n-não Finn. Não deu tudo certo. - sabe quando você fica muito ansiosa ou nervosa, e aí não sente mais o corpo, por conta da adrenalina? Então, eu estava assim.

Ele então acelera mais o carro e por sorte chegamos ao hospital sem trânsito. Adentrei no mesmo e corri até a recepção.

- Wiwona Bobby Brown. E-eu sou filha dela.

- senhora eu a peço que espere na fila como os outros.

- escuta aqui, sua - estava pronta para reclamar, quando sinto uma mão em meu ombro.

- estaremos aguardando. Obrigada. - era Jade. Estava com olhos vermelhos e inchados.

- cadê ela?

- Millie, estão tentando ressuscitação há 25 minutos. - ela olha para os pés e deixa uma lágrima cair. Logo eu também já estava as contendo. Não era possível. - vem. - minha irmã me leva até a sala de espera e nos sentamos. Vejo Finn entrando pela porta e vindo até mim.

- podemos conversar?

- não. Não temos mais nada para conversar. - e pensando em tudo que aconteceu em menos de uma hora atrás eu desmorono no choro.

- eu sei que está brava comigo, e tem todo o direito. Mas eu só quero te esclarecer as coisas. Sei que não é o momento, mas, depois?

- vai embora Finn. Não quero mais te ver. - não mantinha contato visual com ele. Meu coração havia sido estraçalhado.

E então ele foi embora. Saiu pela porta e eu não sei quando vou ver ele de novo ou se vou ver ele de novo. Tentei esquecer do até então meu ex namorado e pensar positivo. E foi aí que fiquei mais preocupada.

- onde está Ava? - arregalei os olhos.

- com o papai.

- O QUE? Você endoidou?

- se acalma, eu expliquei a situação pra ele. Ela não sabe de nada, e é só por essa noite.

- puta merda.

- ele não vai mais lutar pela sua guarda, nem de Ava. De nada. - um alívio a menos.

- família de Wiwona Bobby Brown? - levantei em um pulo quando vi o médico vir até nós. Jade segurou a minha mão, me passando segurança. - vocês são as filhas? - ele perguntou e nós fizemos que sim com a cabeça. - nós fizemos tudo o que pudemos. Eu sinto muito. - ele tirou o óculos e abaixou a cabeça. Jade começou a chorar, mas eu estava congelada. Não sabia reagir.

- do que... qual foi a causa da morte?

- Millie, vamos. - Jade tentou me puxar mas eu permaneci ali. Ela já sabia? Porque todos estão tentando esconder tudo da minha pessoa?

- sua mãe morreu de overdose, alta taxa de consumo de drogas e bebidas. Mais uma vez, eu sinto muito. Depois preciso que passe novamente na recepção para assinar alguns documentos.




Para onde minha irmã me puxasse eu iria, não conseguia acreditar que aquilo podia ter acontecido. Então eu peguei meu celular e liguei para Noah e Sadie, as lágrimas caiam sob o celular, eu estava trêmula. Enquanto eu fiquei esperando-os na recepção, Jade assinava a papelada. Bom, agora ela é a responsável por Ava. Então depois de uns minutos meus melhores amigos chegaram e foi aí que a ficha caiu real. As lágrimas desciam ardendo em meu rosto, minha garganta começou a fechar. Eles me consolavam, me abraçavam, falando que ia ficar tudo bem mas não ia.

....no outro dia....

Ver minha mãe em um caixão tão cedo não foi o que eu esperava para esse ano. Digo, esperava muitas desgraças, mas tal como essa nem se passou pela minha cabeça. Eu, junto aos todos os outros convidados ao funeral estavam de preto. Depois de duas horas de pé ao seu lado, a observando, decidi me sentar. Na verdade, Noah insistiu para que eu descansasse um pouco, e depois de negar várias vezes, eu cedi.

E depois de um longo período chorando, fui a única que sobrou naquela sala de funeral. Jade tinha ido tomar banho e comprar algo para eu comer, e depois pegar Ava. Insisti para que meus amigos fossem pra casa também, e como eu, eles são teimosos, mas uma hora fizeram o que disse. Contar para minha irmã menor sobre mamãe não iria ser uma tarefa fácil. Estava temendo sua reação. Eu tinha ao todo mais uma hora e meia até o caixão estar a sete palmos do chão. Meus olhos estavam ardendo, e minhas mãos trêmulas. Até que senti a presença de alguém se sentando no meu lado. Pelo perfume eu já sabia quem era, porque eu nunca iria esquecer esse cheiro.

    Finn não disse nada, apenas ficou lá do meu lado. Eu também não disse nada, porque mesmo que quisesse, não teria forças. Estava destruída demais para isso. E foi aí que eu percebi, que ele foi a minha força todos esses meses. Foi ele que me apresentou a luz, a felicidade. Então eu não poderia deixar passar, certo? Olhei para o moreno ao meu lado e ele me olhou de volta, mas dessa vez com um olhar cheio de sentimentos. Um olhar que trazia perdão, tristeza e amor.

    Deitei minha cabeça em seu ombro e Wolfhard juntou nossas mãos. Meu coração não estava batendo tão forte como antes, a ansiedade tinha passado. Mas ainda lembro do que ele fez. Do que ele faz, e por mais que eu confie nele, quando diz que não está envolvido diretamente à drogas, parte de mim quer que ele fique. E a outra não quer ver ele nunca mais. Eu estava em uma situação complicada.

   Mas agora eu sabia que Finn não estava ali para se desculpar. Sei que estava ali par me dar apoio, porque era tudo o que eu precisava.

- há quanto tempo você não dorme?

- três dias. - minha voz não era quase audível. Mas minha dor era palpável. Ele não disse nada, mas eu sabia o que estava pensando. Iria mandar eu dormir, ou me comprar um achocolatado.

- toma, comprei um lanche natural e um suco. - Jade havia chego, me entregando uma sacola. - Finn. - acenou com a cabeça.

- Jade. - Wolfhard fez o mesmo.

- E Ava? - me preocupei.

- não tive coragem. Você tem que vir comigo Millie.

   E então começou tudo de novo. Deixei que o choro caísse agora sobre o moletom do menino aí meu lado, que apoiou sua mão em minha cabeça, me passando carinho.

- eu sinto muito, muito mesmo. - sabia que ele não estava só falando da minha mãe.

- Millie, temos que ir. - Jade disse.

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Demorei mas voltei!
E aí, o que estão achando?

ᴛʜᴇ ᴅᴀʀᴋ sɪᴅᴇ ᴏғ ʀᴇᴅ - ғɪʟʟɪᴇ Onde histórias criam vida. Descubra agora