capítulo 14

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   Fecho meus olhos já cheios de lágrimas e saio correndo em direção oposta a da cena que eu acabei de presenciar. Todas as pessoas em que eu esbarrava me xingavam ou reviravam os olhos, mas quando eu esbarrei nele, não houve xingamentos. Foi diferente. Houve conforto.

- Millie? O que aconteceu? - nada sai da minha boca, pelo contrário, sinto a falta das palavras e do ar. - Millie??

   O menino de cabelos negros me  tira da multidão de pessoas e começa a falar, mas por algum motivo não ouço nada que sai de sua boca. Começo a procurar a bombinha para asma na minha bolsa, mas perco as esperanças quando não encontro. Calma Millie, respira, fica calma. Apoio minhas mãos nos ombros de Finn e abaixo a cabeça, puxando e soltando o ar.

- Millie, respira, vai ficar tudo bem. O que houve? O que aconteceu?- olhei para o menino em minha frente, que falava e falava mas por algum motivo eu ouvia apenas algumas palavras. Me sinto tonta. Acho que vou morrer. Sinto dó de Ava por ter que aguentar Jade sem mim a partir de agora. Olho para ele e faço um sinal de negativo com a cabeça. Ele segura minhas bochechas e cola nossos lábios. Um beijo simples. Sem malícia. Sem segundas intenções. Apenas um beijo. Prendo a respiração.

- e-eu.... - sinto a respiração voltando ao normal e um alívio repentino percorre o meu corpo.

- e-eu li uma vez q-que quando uma pessoa está tendo uma crise de asma ou ansiedade, v-voce tem que a fazer prender a respiração para que a mesma volte ao normal. Uma dessas formas era o beijo inesperado. Desculpa. Não quis me aproveitar. - demoro um pouco para responder e para entender o que acabou de acontecer.

- o-obrigada, de verdade. - digo com a mão no peito.

- não foi nada - ele sorri de um jeito nada inocente. Por acaso está querendo me causar outro ataque? - mas me conta, o que aconteceu pra você ficar assim do nada.

- nada - murmuro firme mas logo sinto as lágrimas vindo. Não era simplesmente nada. - preciso ir pra casa. Cacete.

- você é muito boca suja, sabia?

    Me sentei no chão do Campus e comecei a pensar. Pensar que agora está tudo dando mais errado do que já estava. Tudo é uma grande merda.

- espera aí - ele ainda tem coragem de me deixar sozinha em uma situação dessas. Ele se afasta um pouco e faz umas ligações.

    Puta

    Merda.

    Eu não posso voltar pra casa. Jade. Era por isso que ela estava daquele jeito. Ela sabia que ele estava na cidade. E ainda por cima nem me contou. Mentirosa descarada! E se ele voltar pra casa?  Merda merda merda merda.

- e ele volta quando? Okay. Perfeito. - ele desliga o aparelho e guarda o mesmo no bolso, vindo em minha direção, sorrindo. Porque ele não sorri mais vezes?

- vem pra minha casa.

- você é louco.

- não, é sério. Você não quer ir pra sua casa, certo? - ele consegue ler mentes agora?

- tá legal, você é estranho. Como sabe disso?

- eu sei de muita coisa Brown. Mas é sério. Vem pra minha casa, meus pais não vão estar. Apenas eu, você e a Nice.

- Nice?

- sim, ela é legal. Você vai adorar.

- não Finn. Eu tenho a minha casa. Você tem a sua. Eu vou ficar bem. Só preciso dar um jeito. - tampo o rosto com as mãos, abafando o suspiro pesado.

- além do mais, temos que fazer o trabalho em dupla. Se esqueceu?

- merda Finn. Não fode. - um sorriso automaticamente brota em meu rosto. Como ele conseguia fazer isso comigo? - não quero atrapalhar você e a tal Nice.

- vem logo. - com a ajuda de seus braços eu me levanto e ele me puxa, me levando em direção a um carro do cacete. Era o carro mais lindo que eu já vi na vida.

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ᴛʜᴇ ᴅᴀʀᴋ sɪᴅᴇ ᴏғ ʀᴇᴅ - ғɪʟʟɪᴇ Onde histórias criam vida. Descubra agora