Capítulo 3

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Naquele dia eu quase morri. Havia chegado em casa mais cedo, meus pais estavam trabalhando. Entrei e fui direto para meu quarto. Estava tudo tão quente que resolvi ao banheiro. Naquela semana havia tido um incêndio na reserva florestal próxima a nosso bairro. Foi apagado rápido, mas uma boa parte da floresta foi queimada.

Falaram que foi proposital e eu não duvidava, no mundo estão cheios de pessoas sem juízo. Olhei pela minha janela se Marco estava em casa. A luz do seu quarto estava acesa. Entrei no banheiro e tirei minhas roupas entrando debaixo do chuveiro.

Saí do banho e enxuguei meu corpo rapidamente, mas senti uma picada forte nas costas. Tentei olhar o que era no espelho, mas não pude ver. Tirei a toalha de mim e observei-a. Uma aranha média estava nela. Gritei e joguei a toalha par adentro do box.

-Droga! - disse procurando minhas roupas intimas. - Talvez não seja venenosa...- Quase perdi o equilíbrio ao colocar a calcinha, mas quando tentei olhar novamente a picada no espelho minha visão começou a ficar turva...

Sai do banheiro o mais rápido que pude, mas cai sem forças nas pernas, como se ambas tivesse paralisadas. Comecei a chorar. Não queria morrer. Uma sensação estranha começou a surgir meu corpo e ele estava muito pesado e dormente. Minha voz não saia. Eu apaguei sem ao menos perceber.

Quando acordei estava no hospital. Olhei para um dos meus braços, ele estava todo furado e dolorido. Fiquei feliz por que podia senti-lo. Tinha soro sendo injetado em mim.

-Violet! - minha mãe se aproximou de mim e seus olhos estavam inchados de tanto chorar. - Meu Deus! Que susto! - ela falou colocando a mão no peito e chorou como uma criança. Meus olhos começaram a ficar marejados. Eu estava aliviada.

Sentado no canto do quarto estava Marco. Ele lia uma revista. Scott apareceu logo em seguida segurando uma lata de Coca-Cola. Assim que eles me olharam acordar ambos abriram um sorriso.

-Nossa que susto Violet! - Marco falou largando a revista e se levantando.

-Como você consegue ser picada por uma aranha venenosa dentro de casa? - Scott disse rindo ao se aproximar. Pensei em responder algo grosseiro, mas eu vi seu sorriso se desfazer e seu olhar se tornou terno e preocupado. - Você quase me matou do coração... -disse de maneira muito sincera. O encarei por alguns segundos. Ele nunca tinha falado daquela forma comigo. - quer dizer, quem eu iria provocar caso você morresse?- ele falou abrindo um lindo sorriso - então, que bom que você está bem! Né? - Scott tomou um grande gole da sua coca e se afastou coçando a nuca. Ele saiu do quarto, parecia incomodado.

Marco segurou uma de minhas mãos.

-Parece que você tem essa mania de se machucar- disse rindo - não quero pensar que vou perder alguém como você assim.

Sorri ao sentir o toque quente de suas mãos. Como eu poderia amar tanto alguém assim? Se ele quisesse eu poderia fazer textos e mais textos sobre ele. Poderia ser a garota dos seus sonhos se ele me permitisse pelo ou menos alcançar seu coração.

Fiz uma oração em minha mente. Se pudesse ter Marco como meu melhor amigo acho que seria o suficiente, eu só queria estar perto dele. Desde aquele dia minha casa tornou-se bem movimentada. Marco as vezes  conversava com papai sobre psicologia humana enquanto ambos lanchavam em frente a tv. Eles se entendiam muito bem. Já Scott parecia ter sumido.

Era estranho por que ele sempre encontrava uma forma de me irritar, mas ele começou a me evitar, e isso estava funcionando muito mais do que suas brincadeiras irritantes. Comecei a perguntar se algo de errado havia acontecido.

-Ei, Marco. -perguntei antes que ele saísse de nossa casa- Você sabe por que Scott está me evitando? - perguntei na lata.

Ele pensou por alguns instantes.

ERA UMA VEZ PRIMEIRO AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora