ERA UMA VEZ PRIMEIRO AMOR

Capítulo 7

Ele sempre fazia isso. Primeiro em magoava e depois me tratava super bem. Minha cabeça se encheu de coisas nocivas e destrutivas somente a mim. Eu sabia que ele jamais iria gostar de mim, não importa o que eu fizesse, ele nunca me olharia como eu queria. Ele me machucava toda vez que se aproximava. Na realidade, se eu não gostasse dele, aquelas suas frases apenas renderiam uma boa gargalhada e talvez uma pisada no seu pé. Tudo o que ele me fez sentir, doeu.

Quem me feria, era eu mesma, por que o sentimento não era e nunca foi reciproco. Pensei sobre a minha ida embora. Pensei sobre nunca mais vê-lo. Meu coração apertou e um choro se formou em minha garganta. O que eu tinha a perder?

-Marco...- o olhei nos olhos e ele me olhou fixamente. Antes que eu pudesse falar lagrimas se formaram em meus olhos e escorreram pela minha bochecha, solucei tentando falar. Ele parecia preocupado.

-O que foi? - Marco segurou meus ombros – está doendo?

-Eu...- solucei me sentindo envergonhada por todos ali em minha volta estarem nos observando. Mas se eu não falasse agora, eu nunca teria outra oportunidade, minha perna começou a ficar bamba de nervosismo. Tremia. - Eu estou apaixonada por você...- disse fixando meu olhar nos dele.

Marco arqueou as duas sobrancelhas, respirou fundo e se afastou ainda me olhando. Ele abriu a boca e a fechou novamente ... Aquele silencio estava doendo. Eu sabia o que ele iria responder. Eu sempre soube, mas tinha medo de ser rejeitada. De ficar com vergonha. Mas se eu não falasse eu guardaria aquilo por minha vida inteira. Pensei o encarando. Como eu o achava lindo. Eu devia odiá-lo.

Lorena se aproximou dele colocando a mão em seu ombro. Ela me olhou nos olhos e parecia bem séria. Logo em seguida respirou fundo.

-Pare com isso Violet- disse. - Você sempre está com essa cara de coitada e coloca as pessoas em uma situação difícil! - Lorena passou o peso para o outro pé - Será que você não percebe que sempre está trazendo problemas para as pessoas? Olhe para você? A festa mal começou e você conseguiu arruinar a si mesma e agora está tentando forçar Marco a dizer que gosta de você?

-Pare, Lorena- Marco falou olhando para mim. àquela altura eu já estava muito machucada para dizer qualquer coisa. Lorena não se satisfez com tudo o que disse. Ela respirou fundo, abriu os braços e falou bem alto.

-Ah! - gritou- eu estou cansada dessa coitada! Desista disso! - ela falou me olhando nos olhos – Desista de querer chamar atenção das pessoas dessa forma! Você me dá ânsia! - saiu batendo os pés.

Marcos se aproximou de mim segurando meus ombros.

-Às vezes ela é grosseira demais, mas é uma boa pessoa- disse sorrindo - você está bem? - perguntou.

Percebi que ele ignorou completamente a minha confissão Vi que a opção que ele tomou, de todas, foi a pior resposta. Respirei fundo e fingi um sorriso.

-Tudo bem, Marco. - disse me afastando – eu entendi... - balancei a cabeça em modo positivo, mas na verdade eu não estava pensando em nada, apenas queria um tempo para refrescar a mente. Dei meia volta e saí andando rapidamente, ao abrir a grande porta de madeira daquela casa vi que estava chovendo forte.

-Violet, pare de ser infantil- Marco falou- e espere até eu chamar um taxi ou um Uber para vo...

-Não preciso da sua pena – falei o interrompendo. Antes que ele respondesse qualquer coisa que me magoasse eu sai andando. A chuva estava fria e me fazia arrepiar. Não estava fazendo isso para que as pessoas olhassem para mim, estava fazendo isso para apenas desaparecer.

Andei descalça pelo asfalto molhado sentindo os pingos grossos caírem sobre minha cabeça. Passei a mão na testa e vi que ainda sangrava, mas não como antes. Que ótima forma de ter meus últimos dias naquela cidade. Observei a rua vazia e molhada. Sorri para aquela situação. Olhei para o céu e parei de andar fechando meus olhos. Os pingos caiam em meus lábios. O que diria aos meus pais ao chegar daquela forma. Pelo ou menos eu estava viva, não é mesmo?