Capítulo 11

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Observei o documento Word novamente. Beleza. Só preciso começar e o resto vai fluir tranquilamente, mas para isso eu preciso de um enredo. Pensei por quase 30 minutos e só pelo fato de eu pensar que tinha que ser um romance nada fluía. Estava quase sendo dominada pelo desespero quando minha campainha tocou. Me levantei da cama rapidamente e corri até a porta. Como assim alguém conseguiu entrar sem ao menos se anunciar? Quando olhei pelo olho mágico meu coração quase parou.

-Por que ele está aqui? - sussurrei fazendo uma careta e me abaixando como se ele pudesse me ver através do olho mágico. A campainha tocou novamente e eu me assustei e bati com a mão na porta. Droga. Agora nem será possível fingir que eu não estava. Abri a porta tranquilamente o olhando nos olhos. Marco me olhou sério. Percebi que ele não era mais aquele adolescente de 16 anos que eu conhecia e sim um homem de 24 anos. Um homem bem alto e forte que poderia, se quisesse, me fazer mal ali mesmo. Eu não cresci como ele cresceu.

-Como você conseguiu entrar? - perguntei de maneira ríspida - e por que está aqui?

-Que bons modos você tem depois de rever um amigo – ele falou ironicamente me irritando profundamente.

Respirei fundo e já ia dar meia volta quando ele segurou a porta para que eu não a fechasse em sua cara.

-Eu vim vê-la.- ele falou olhando-me em meus olhos. Durante todos esses anos eu conhecia bem aquele olhar.

-Marco... eu não tenho mais 16 anos. - disse coçando a cabeça.- você veio atrás do concerto do carro?- perguntei e ele pareceu envergonhado – mesmo a culpa tendo sido sua?

-Você ... - ele dominou seu modo agressivo, mordeu o lábio inferior e desviou o olhar – o carro não é meu. - disse colocando ambas as mãos no bolso.

-Então por que fizeste aquilo? - perguntei cruzando os braços e o olhando fixamente.

-por que quando eu vi que era você eu...

-Você achou que eu esperaria calmamente e ainda te daria uma balinha por me fazer esperar no frio?

Ele me olhou como se aquela minha suposição fosse um absurdo.

-Eu fiquei irritado. - Ele disse por fim e parecia muito mais desconfortável que eu por estarmos tendo aquela conversa. Me senti no controle daquela situação e me senti bem com aquilo.

-De quem é o carro? - perguntei.

-Do Scott. - Ele falou coçando a nuca. - O meu está no concerto...

-Você age imprudentemente com o carro do seu irmão ?!- briguei - você é muito inconveniente!- me controlei para não brigar um pouco mais com ele – por que não paga com o seu dinheiro?

-Eu usei todo meu dinheiro no conserto do meu carro e em outras coisas...- ele parecia ainda mais constrangido. Observei que ele estava tenso e percebi que ele teve que engoli seu orgulho para aparecer na minha porta pedindo dinheiro.

Respirei fundo.

-Marco...você tem quantos anos mesmo? - resmunguei entrando dentro de casa. Não estava fim de brigar com ele. Marco ficou parado e eu me virei para ele. Vi que não precisava temer sua presença. - Entre...- disse e ele hesitou um pouco antes de entrar e observar meu apartamento. - Vou me trocar...- disse entrando em meu quarto e indo em direção ao meu guarda roupa. Um jato de ansiedade pareceu correr em minhas veias ao passar que eu poderia ver o Scott. Ri ao pensar que o garoto que eu havia me apaixonado durante mais da metade da minha vida estava na minha sala. Que ironia.

Vesti uma calça jeans azul desbotada, uma camisa preta e coloquei um tênis preto. Sai do quarto e o observei vendo os quadros em minha parede. Peguei minha bolsa e fui em direção a porta,

ERA UMA VEZ PRIMEIRO AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora