Capítulo 22

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Parece que foi uma inflamação e uma infecção. Eu tive que ficar em observação no hospital por algumas semanas tomando antibiótico e soro por causa da perda de sangue e para hidratar-me. Parece que minha imunidade estava muito baixa. Quando melhorei eles me tiraram do quarto e me colocaram em um lugar enorme onde tinham outras pessoas com todo tipo de enfermidade.

As observei por um longo tempo, cada uma delas tinha um motivo para se lamentar e um motivo para sorrir, não importa o problema que elas enfrentavam. Foi nesse meio que eu tive uma inspiração para minha história. Pedi a Scott que ele pegasse meu computador no meu apartamento e lhe dei a chave do condomínio. Ele foi lá para mim.

Bia veio me visitar enquanto Scott estava fora. Marco estava no quarto lendo um livro a respeito de piscologia. Bia pegou em minha mão.

-você sabe que o livro pode ficar para depois – ela falou – como estas?

-eu estou bem, e eu vou entregar o livro no prazo.- lhe avisei. - você não precisa se preocupar. Bia suspirou. Olhando para Marco.

-quem é?- perguntou bem baixinho para mim. Sorri.

-ele se chama Marco.

-mal educado ele, hein?- ela fez uma careta. Scott chegou com o notebook e colocou sobre mim aberto.

-você vai escrever aqui?- Bia perguntou.

-por que não?- me ajeitei na cama e abri o word. Estalei os dedos e comecei a escrever. O nome da história seria '' Alcance meu coração '' Seria uma história de fantasia misturada com Romance. Tudo começaria quando eles eram crianças. Naquela época a tecnologia estava bem avançada e haviam criado equipamentos capazes de fazer uma consciência entrar na mente de outra pessoa. Era usado pelos psicólogos e psiquiatras para entender a mente das pessoas.

Ele se chamava e Levi e ela Sophie. Eles cresceram juntos e faziam tudo juntos, mas o destino os fez se separar, e quando finalmente Eles se reencontraram Levi descobriu que Sophia tinha sofrido um grave acidente estava em coma. Então ele surgere poder usar o equipamento para entrar em sua mente, mas isso nunca havia sido testado em alguém em coma.

Ele alertado que isso poderia trazer a ele a morte também, por que requereria que ele também fosse colocado em coma. A história se passa dentro da cabeça de Sophie onde é como um mundo magico repleto de imaginação misturada com lembranças, é tão real que se ele realmente acreditar que se machucou isso pode atingir seu corpo fisico. Seu objetivo é encontra-la e trazer de volta a vida, mas ele terá que ajuda-la a superar seus medos e reensina-la encontrar um motivo para viver.

Comecei a desenvolver a história, com pausas mesmo contra minha vontade, mas acabei cedendo. Gostava de ver eles se preocupando comigo, como era bom ver que eu era importante.

Me deram alta depois de 3 semanas . Eu já não aguentava mais. Vi meu livro sendo publicado por Kaike. Ele realmente teve a coragem de roubar a minha história. Vi que o nome de Alice nem sequer foi mencionado no livro. Liguei novamente para ela e a garota não me atendeu.

-tem certeza que você quer ir lá?

-claro.- disse. Marco dirigiu até a casa dela.

Quando chegamos lá fomos informados que ela havia se mudado, estava com problemas financeiros sérios. Mas que ela estava morando em um quartinho na rua de baixo. Pedimos ao ele que nos levasse até e o homem nos ajudou depois que afirmamos ser da sua família.

Chegamos no local e Marco foi o primeiro a sair. Era fim de tarde e a luz do sol estava dando lugar a escuridão, percebemos que a porta dela estava meio amassada como se tivesse sido arrombada, mas graças a uma gambiarra com madeira e pedaços de ferro ela ainda estava de pé. Batemos na porta e Marco a chamou pelo nome. Ela abriu a porta desconfiada e saiu assim que o olhou, mas se assustou quando me viu.

Me aproximei dela, Alice deu meia volta para entrar em sua casa, mas eu a puxei pelo cabelo e lhe dei um tapa no rosto a fazendo cair sentada. Alice começou a chorar. Me agachei na sua frente e observei em seus olhos.

-você deveria confiar em mim!- briguei.

-eu sou uma pessoa horrível!- ela se encolheu – eu sou uma pessoa horrível... Mas eu precisava de dinheiro... eu estou desesperada...- observei que seu rosto estava horrível, ela estava magra e pálida. Seus cabelos estavam ressecados e quebradiços, o Stress dela estava no limite.

Eu segurei sua mão a fazendo me olhar. Pensei que nunca mais diria isso então fiquei nervosa um pouco com o que falei.

-é por essas coisas que amigos existem, né?- falei sorrindo. Seus olhos pareciam cachoeiras. Ela continuou a chorar dizendo que era uma pessoa horrível. Pedia desculpas em meio a soluços e começou a tossir. -pare com isso!- briguei a assustando – oque esta acontecendo? Por que você precisa de dinheiro?

Alice se controlou e abraçou os próprios joelhos.

-se eu não pagar eles, minha família inteira vai morrer. Meu irmão se envolveu com traficantes, e eles ameaçaram minha família, se eu não pagar a divida eles vão matar todo mundo...eu não posso envolver a policia nisso. Infelizmente você sabe como funciona...

-e só você trabalha?- perguntei.

-da ultima vez eles bateram tanto no meu irmão que ele esta hospitalizado faz um mês, meu pai se acidentou no trabalho e tem que ficar de repouso e minha mãe tem que cuidar do meu irmão mais novo. Somente eu podia ajudar, mas eu só faço besteira...- ela tampou o rosto e estava prestes a chorar. Fiquei a encarando em silencio. Alice me olhou franzindo a testa e fechando os olhos, ela parecia estar realmente sofrendo com isso. - aposto que vocês estão achando que eu estou mentindo...- ela se levantou – mas eu não estou...

Não consegui evitar duvidar de sua história. Me senti culpada por isso, mas é tão difícil confiar nas pessoas, principalmente depois que elas demonstram não merecer nossa confiança.

-quanto dinheiro você esta devendo?- perguntei.

-agora, uns 5 mil reais.- ela disse deixando com que as lágrimas escorressem. - eu não posso fazer empréstimos, eu não posso ir a policia. Eu...

-eu vou ajudar você.- falei a encarando. Ela sorriu.

-por que?- perguntou – por que você faria isso? Você sabe... eu deveria esta na cadeia por ter roubado sua história e entregado aquele homem.- eu não mereço sua ajuda.

-eu não perguntei se você merece- falei.- e isso não vai sair de graça;- coloquei a mão no bolso - é um empréstimo e você vai me pagar aos poucos. - Alice arregalou os olhos e piscou varias vezes . Sorriu.- eu quero um pouco de agua. - falei desviando o olhar.

-eu vou pegar para você...-ela falou entrando em casa, mas eu a segui - não precisa!- ela reclamou, mas ainda sim eu continuei subindo. Alice abaixou a cabeça e ficou envergonhada. Quando cheguei no pequeno quarto eu percebi que ele estava completamente revirado. Soube nesse momento que ela estava falando a verdade.

-eles acharam onde eu estava morando.- disse – me mudei para cá, mas não mudou muita coisa. Senti um pouco de temor.

-vou te ajudar.- falei segurando sua mão -primeiro vamos sair daqui.

-não! Eles podem te fazer mal! Eu não quero isso...- Alice se afastou – eu já errei o bastante.

Marco observou o apartamento e cerrou os lábios. Ele nos observou calado durante toda a nossa conversa, parecia pensativo e bem calmo, diferente do que geralmente é. Me perguntava se ele estava triste com algo. Ao mesmo tempo que ele parecia bem, ele parecia estranho.

ERA UMA VEZ PRIMEIRO AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora