Capítulo 4

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Quando eu acordei eu estava em minha cama, minha cabeça doeu assim que abri os olhos e vi a luz do sol. Dormi muito tarde. Lembrei da festa e meu coração doeu. Marco havia me deixado apenas para ficar com Lorena. Mas era compreensível não era? Se eu tivesse feito a festa em outro dia talvez fosse melhor...

Abri os presentes que recebi e eram bem fofos. A senhora Botelho tinha bom gosto. O presente do Marco era uma pulseira bem fofa! Fiquei muito feliz ao coloca-la no braço.

Abri o presente do Scott, Era uma caixinha de música que tocava a minha melodia favorita! Arregalei meus olhos ao ouvi-la. Eu amava aquela melodia. Era uma composição de um maestro famoso chamado Joe Hisaishi. Aquela exclusivamente mexia comigo.

Dentro da caixa havia uma carta. A peguei e antes que pudesse abri-la minha mãe me chamou. Peguei a carta e a caixinha de música e as coloquei dentro do meu baú.

Desci as escadas correndo. Meu Pai e minha mãe já haviam limpado toda a casa. Era 2 horas da tarde. Sorri ao vê-los.

Ambos me abraçaram e me entregaram uma caixa bem grande.

-Feliz aniversário. - falaram. Sorri, mas meu sorriso foi morrendo assim que vi que eles queriam me falar mais alguma coisa.

-O que foi? - perguntei preocupada.

-Queríamos não te contar logo, mas não queríamos que você descobrisse sozinha. - Meu pai me levou até a cozinha e me carregou colocando em cima da ilha de mármore que ficava no centro dela. - Minha filha, faz uns 5 meses que eu estou desempregado. - Papai começou a falar.

Eu não sabia disso! Por que eles não haviam me contado? E eles gastaram tanto com aquela festa! Haviam comprado bastante comida e claro que estragou! Os olhei nos olhos. Eles pareciam preocupados com a maneira que eu iria reagir.

-Então eu recebi uma proposta de emprego em uma outra cidade. Um amigo meu me convidou. Está abrindo uma filial de sua empresa nesta cidade e me indicou para gerencia-la. Fui e passei na entrevista de emprego. Agora é apenas esperar que a loja seja enfim instalada. - disse.- Eu aceitei.- Ele falou me olhando nos olhos. Vi o desejo que ele tinha de que eu apenas compreendesse. Sorri. Eu entendi no mesmo momento. Sinceramente, não queria me mudar. Mas ver meu Pai e minha mãe em uma situação daquela e não os apoiar seria egoísmo meu.

-Tudo bem papai- disse – pode falar.

-Nós vendemos a casa e compramos uma na nova cidade. Na verdade, a trocamos e ficamos com a diferença- ele falou se afastando.

Pensei por alguns segundos.

-Quando vamos embora? - Perguntei

-Daqui a 2 meses. - Papai me respondeu colocando ambas as mãos no bolso. -É o tempo para que você termine o semestre- disse coçando a cabeça.

Balancei a cabeça em modo positivo.

-Tudo bem, Papai. - disse saindo da ilha – nós vamos levar os moveis?

Ele balançou a cabeça em modo negativo.

-Apenas as coisas pessoais . Comece pensando no que vai gostar de levar desde já.- disse sorrindo e eu senti que aquilo também era doloroso para ele. Minha mãe apenas escutou tudo com os braços cruzados.

-Vai ser bom, minha querida. Vai ser ótimo. - Ela disse.

Eu desconfiei disso. Não tinha certeza. Quando sai de casa na segunda feira eu observava tudo a minha volta na intenção de gravar o caminho da escola. Aquela sensação no meu coração não se desfazia. Eu não sabia dizer se estava triste.

Marco me cumprimentou assim que me viu. Pensei que fosse ficar feliz ao vê-lo. Mas eu apenas senti dor. Sorri de volta e entrei na escola. Umas poucas pessoas vieram se explicar para mim o por que não foram a minha festa. Agradeci por elas terem se explicado.

Naquele dia encontrei, enquanto ajudava alguns alunos a arrumarem a sala, meu convite debaixo de uma das cadeiras, completamente amassado. O abri e o olhei por alguns segundos.

Me impressionei com a minha capacidade de não me impressionar.

O amacei novamente e coloquei no lixo. Sai da sala dando passos largos. Decidida a chegar em casa o mais rápido que podia. Olhei Marco no fim do corredor. Ele ria com seus amigos. Desejei que ele me olhasse e me chamasse para junto dele. Desejei que ao menos ele me cumprimentasse. Marco realmente me olhou, mas ignorou-me como geralmente fazia. Faz sentido, ele estava rodeado de seus amigos.

Cheguei em casa e decidi não chorar. Fechei os olhos com força sentando em minha cama. Mais tarde naquele mesmo dia ouvi barulho de risadas vindo da casa dos Botelho. Olhei pela janela novamente e Marco estava rindo com alguns de seus amigos em seu quarto. E claro que Lorena estava lá. Ele me olhou pela sua janela e sorriu acenando.

Eu não sorri. Não consegui sorri. Apenas puxei a cortina e me joguei na cama. Não chorei naquele dia. Apenas dormi. Minha cabeça estava cheia de coisas.

São muitas vozes

Vozes boas

Vozes cruéis

Vozes pessimistas

Vozes otimistas

E o pior de tudo

É que são minhas

Uhuuu! O que estão achando dessa historinha hein?! Animados??? Espero que estejam gostando!
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ERA UMA VEZ PRIMEIRO AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora