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Narrador.

Quais são as chances de um estranho querer ajudar outro estranho? Dayane não tinha a mínima ideia, ela era boa com os números de sua empresa, planejar casas e não com a bondade de outras pessoas. Ela poderia jurar que a dela estava sendo testada naquele momento, naquele lugar e com aquela pessoa.

— Tem algumas pessoas nos olhando. Não prefere ir para outro lugar? - Dayane esperou por uma resposta, mas Carol não respondeu. Já tinha um tempo que ela não falava nada. - Digo. Só para continuar a nossa conversa com mais tranquilidade. Tudo bem se não quiser ir para outro lugar.

— Não conheço muitos lugares por aqui, na verdade eu nem sei como cheguei aqui no bar. Acho que o choro me desligou totalmente do caminho.

— Eu também não conheço nada por aqui e também não sei como cheguei. Eu pensei que estava só alguns minutos de São Paulo, mas estou horas de distância.

Carol parecia pensar enquanto saía dos braços de Dayane, ela parecia não precisar mais daquele abraço que lhe acolhia até segundos atrás, mesmo com algumas lágrimas teimosas. Ao contrário de Carol, Day não queria soltá-la. Ela não sabia o que Carol estava sentindo além da dor daquele dia e mesmo assim Dayane queria mantê-la a salvo de tudo e de todas as suas dores, se fosse possível.

— Eu poderia te levar lá em casa, mas eu não sei se você é uma psicopata disfarçada, sabe. Apesar de tudo, eu tenho amor na minha vida.

— Eu deveria levar isso como um insulto? - Carol sorriu quando encontrou o rosto de Dayane. Ela tinha o semblante meio duvidoso sobre as palavras que tinha acabado de escutar.

— Não deveria. - Day tinha suas sobrancelhas arqueadas, fazendo o choro de Carol parar por completo naquele instante. - Mas saiba que tenho o número da polícia como chamada de emergência, você não teria muito tempo para correr.

— Minha chamada de emergência tem o nome da Camila. - Dayane sorriu ao lembrar da amiga. Camila corria de qualquer lugar quando Dayane chamava. Era uma coisa que Camila não deixava para depois, um dos motivos de morar junto com ela e Lauren na mesma casa.

— Camila? - O sorriso de Day se desfez ao ouvir o nome da amiga novamente e de quantas ligações perdidas deveriam ter desde a hora que tinha saído para pegar o resultado dos exames. Carol não entendeu o motivo de um sorriso tão bonito se desfazer tão rápido, então achou melhor não insistir em uma resposta. Se colocou de pé sendo seguida por Dayane. - Eu vou pagar a água que comprei.

— É... Não vai ser preciso... - Dayane estava sem graça de falar que já tinha pago a simples água que Carol tinha tomado e nem sabia o porque.

— Como não? - Carol parou de puxar sua carteira para fora da mochila e esperou Dayane responder.

— O cara do balcão me disse que era por conta da casa quando sai de lá. - Carol tinha seus olhos cerrados e uma nova duvida. Day estava falando dela antes de chegar em sua mesa?

Day se sentiu envergonhada por ter mentido, mas ela não queria que Carol soubesse que ela tinha pago a simples água que tinha tomado enquanto chorava. Que tinha alguém olhando ela chorar e poderia achar que ela era só mais uma pessoa curiosa naquele bar. A pequena mentira pareceu não tão importante naquele momento, então Dayane preferiu que fosse daquele jeito.

Caminharam juntas até o lado de fora do bar, sem deixar de olhar uma última vez para o homem atrás do balcão. O dia parecia ótimo para andar de bicicleta com a família ou com amigos, se não fosse algumas nuvens escuras se aproximando. Dayane sempre olhava como as famílias e amigos tinham a oportunidade de estarem juntos. Ela sempre quis ter a oportunidade de fazer o mesmo, mas seus pais, como sempre, nunca tinham tempo para "besteiras". Camila e Lauren até tentaram levá-la, mas ela sempre dizia que não estava com vontade quando na verdade ela não sabia andar, ninguém havia lhe ensinado como deveria ficar sobre a bicicleta ou como ter equilíbrio.

Let Me Love You Until The End?Onde histórias criam vida. Descubra agora