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Narrador.

— Se importa se eu for pegar algumas flores e te deixar um instante sozinha? - Carol questionou já de pé, limpando sua calça.

— Não. Eu espero aqui mesmo, sem problema. - Ao contrário de Carol, Dayane ainda estava de pé desde a hora que tinham chegado.

— Não vou demorar. Já volto.

— Tudo bem. - Day viu Carol se afastar rapidamente e logo sumir entre as grandes portas de vidro. De todos os lugares que Dayane já tinha ido com Lauren e Camila, nenhum tinha sido o cemitério. Era um lugar bonito para as pessoas que já foram vivas descansarem. E um lugar triste para quem ia visitar. - Senhora... Roseli. É um prazer conhecer a senhora, apesar da circunstância que nos separa. Não pense que sou uma pessoa rude ou que estou bêbada, mas é bom está no mesmo lugar que uma mãe de verdade. Carol me disse algumas coisas sobre a senhora, pouca coisa, mas o suficiente para concordar com o que está escrito aqui: "Esposa e Mãe amada. Exemplo de mulher. Exemplo de pessoa. Sua presença será eternizada em nossos corações". Eu não sei se pode me ouvir, mas eu queria contar. - Day se perdeu em seus próprios pensamentos se estava falando por querer falar ou se estava ficando temporariamente louca. Ela queria contar para alguém sobre a sua doença, mas ninguém como suas duas melhores amigas e Carol que tinha acabado de conhecer. - Eu acho que já sabe que logo vou me juntar a você. Não quero que pense que estou zombando disso, nunca. Mas vocês todos já sabem disso. - Dayane pensou em parar de falar sozinha por um tempo ou ter outro tipo de conversa. Então ela pensou em Carol. - Sua filha parece ser uma grande mulher, um pouco frágil, mas diferente das pessoas que conheço. Acharia estranho se eu falar que senti uma vontade enorme de cuidar dela assim que vi ela chorando? Não sei o que me deu ou o que aconteceu comigo, mas eu senti que precisava trazê-la aqui. - E mais uma vez Day se calou por poucos minutos, suspirou e continuou. - Posso cuidar da sua filha? Cuidar de verdade. Enquanto eu continuar viva. Me permite viver o suficiente para cuidar da Carol? O suficiente para fazer dela uma mulher forte para esse mundo perdido?

Dayane se abaixou para limpar algumas folhas secas de cima do túmulo. Tirou alguns respingos de água também secos, aproveitou para olhar a foto de Roseli e murmurar um "que bonita".

— Falando sozinha, Dayane? - Carol colocou uma de suas mãos sobre o ombro direito de Day, que acabou caindo no chão com o susto. - Meu Deus, Dayane. Eu não queria te assustar desse jeito. Me desculpa.

— Eu acho que meu coração saiu pela minha boca e voltou no mesmo instante. - Dayane tinha seus olhos arregalados e as pernas bambas. Com mais um susto daquele e ela já ia ficar por ali mesmo.

— Vem cá. - Carol colocou as flores no chão para ajudar Day a se levantar. Com certa dificuldade de manter suas pernas firmes, Carol pensou antes de soltar o braço de Dayane, que já tinha sua atenção nas flores no chão. - Eu comprei duas. Uma sua e uma minha.

— Você... Você vai me deixar colocar flores para sua mãe? - Day tinha um pequeno sorriso singelo no rosto. Carol estava deixando ela fazer uma coisa que ela sabia que era muito importante. Ela tinha gostado daquilo.

— Claro. Você me trouxe até aqui. Minha mãe ia gostar de te conhecer e saber que não estou sozinha... Não estou sozinha aqui hoje.

— Você acha que ela ou eles todos podem nos ouvir? - O receio estava presente no tom de voz de Dayane, e não tinha passado por despercebido por Carol.

— Sempre que vinha aqui, o que era muito porque eu fugia da escola e me escondia aqui, eu sentia minha mãe presente. Não pense que sou louca, mas sentia minha mãe comigo. - Dayane abriu a boca várias vezes tentando formular frases. Carol sorriu. - Sinto ela dentro de mim, mas nos ouvir, eu tenho certeza que ela nos ouve de qualquer lugar que esteja agora. Converso com ela todos os dias, eu sei que ela não vai me responder do jeito que eu queria, mas sempre sonho com ela, então acho que é a minha forma de receber minha resposta.

Let Me Love You Until The End?Onde histórias criam vida. Descubra agora