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Narrador.

— Eu não acho certo, Day. - Carol andava de um lado para o outro do lado da cama de Dayane. A mesma sorria enquanto a pequena ruga de preocupação de Carol aparecia.

— Eu não quero parecer rude, longe de mim... - Day se levantou da cama quando Carol caminhava de volta para aquela parte do quarto e a segurou pelos braços, fazendo elas ficarem frente a frente. - Mas o lado bom de ser dona, é que você entra e sai quando quiser. Eu posso deixar tudo nas mãos da Lauren e da Camila. E quer saber o que acho? - Carol assentiu. - Eu acho que você já se cansou de mim e não me quer mais por perto. - Disse ao soltar os braços de Carol, que a encarou desacreditada.

— Claro que não. Que mentira. Eu passei esses três dias com você e grudei no seu pé. Como ainda acha que não te quero por perto? - Carol fingia uma falsa chateação, causando riso em Dayane.

— Você não quer me deixar te levar em casa, não quer conhecer a cidade que você mora comigo e... E eu não sei mais o que falei ontem sobre o que fazer na sua cidade.

— Okay. Okay. Eu vou te deixar me levar em casa, vou aceitar a oferta de conhecer a cidade que moro, de fazer um almoço pra você e de quebra, eu vou te apresentar a Alice.

— Mas agora é mais um motivo de querer te levar em casa. Eu quero conhecer a sua irmã. - Day parecia animada com a ideia de conhecer mais uma pessoa da família da Carol, talvez até mais que uma.

— Eu te apresento... - Carol sorriu, mas Day não gostou de ver que era um sorriso triste. - Mas a Alice é diferente das outras crianças.

— Diferente como?

— Ela não fala com quem ela não conhece. Na verdade ela corre quando vê alguém diferente na frente dela. - Day não sabia decifrar o sorriso de Carol, parecia triste ou talvez preocupado. Ela não sabia.

— Então ela não é diferente. Ela é tímida. Assim como eu. - Dayane brincou para fazer Carol sorrir de verdade, ganhando um sorriso que ela poderia colocar no top cinco daquele dia.

— Quase isso. E você não é tímida coisa nenhuma. A Ali cresceu no meio de brigas. Quando eu sabia que alguma conversa ia acabar em briga, eu mandava ela correr até o quarto e só sair quando eu estivesse lá. Tentei levar ela em vários psicólogos, não só pelas brigas, mas para saber o que acontecia quando ela corria de alguém. Um amigo do meu pai ia lá e a Ali se trancava no quarto, só saía quando alguém ia até ela para falar que ele já tinha ido embora.

— Esse amigo do seu pai, ele era muito amigo? De ir sempre na casa de vocês?

— Não muito. Mas tinha vezes que ele aparecia sem mais nem menos, meu pai não achava ruim e para falar a verdade, eu nunca fui com a cara dele. Eu achei que ele tinha feito alguma coisa com ela...

— Tipo o que? - O tom de voz da Day estava diferente, ela temia o pior naquela conversa. - Ele ficou sozinho com ela alguma vez? Antes dela começar a sair correndo das pessoas.

— Não sei. Talvez ele tivesse dado uma bronca nela, um tapa, eu não sei. Mas ela passou a correr de todo mundo que ia lá em casa. Isso tudo era aqui em São Paulo, ele chegou a ir lá em casa uma vez, era na antiga casa e nunca mais vi ele. Fui atrás de vários psicólogos lá em Ribeirão, nenhum conseguiu ajudar ela. Eu ainda estava tentando ajudar a minha irmã, mas não deu para continuar pagando e ficou por isso mesmo. - Carol deu os ombros. - As brigas lá em casa não dão uma trégua e a culpa é minha. Alice não pode ouvir alguém falando alto que ela corre com as mãos nos ouvidos, então se ela correr, o que ela vai fazer, tenta não ligar.

— Espera. Me deixa ver se entendi tudo direito. Sua irmã cresceu ouvindo brigas de quem exatamente?

— As minhas com o meu pai e a Valentina. Não são poucas as nossas brigas.

Let Me Love You Until The End?Onde histórias criam vida. Descubra agora