Dayane.
Sabe quando alguém fala que viu sua vida passar diante dos seus olhos na hora que tem tudo para dar errado e de repente tudo fica escuro? Não foi bem assim que eu vi.
No mesmo instante que viu o carro e a Carol no meio da rua, o meu coração falhou, seu nome saiu dos meus lábios alto e de bom som, no mesmo instante eu corri para o meio da rua atrás dela.
Tudo parecia estar em câmera lenta.
O jeito que ela se virou para mim e se deu conta que um carro estava vindo em uma total velocidade, ela não se mexeu em nada. Quando tudo voltou a se mexer normalmente, estávamos deitadas no chão e o corpo da Carol por cima do meu.
Seu braço estava no meu pescoço, talvez fosse uma maneira de não me deixar bater o pescoço ou a cabeça em qualquer lugar. Seu coração estava acelerado e o meu não estava diferente. Seus olhos estavam fechados, mas não foram o suficiente para impedir as lágrimas de caírem com brutalidade.
— Por favor... Não faça isso outra vez. - Sussurrei apertando mais ainda o seu corpo no meu. - O meu coração quase saiu do lugar e você não.
— Me desculpa... - Carol escondeu seu rosto na curva do meu pescoço e ali ela chorou mais ainda. - Eu... Poderia ter sido atropelada e você também. Eu sinto muito. - Falou em um só fôlego e quase nem existia fôlego por causa do seu choro.
— Ei! Não fique assim. Não se culpe por causa daquele louco. O importante é o agora e o agora você está aqui no chão comigo. Eu preciso ver se está inteira.
— Sinto todas as partes do meu corpo. - Ouvi quando Carol riu contra meu pescoço, me fazendo arrepiar toda.
— Você fica melhor quando está rindo. Lágrimas não combinam com você. E eu posso contar uma coisa? - "Uhum" foi a única coisa que ouvi dela. - Eu me jogaria na frente de um carro por você! Acho que não pode imaginar o tamanho do medo que senti quando o carro foi chegando mais perto e você não se móvel um centímetro se quer.
— Não sei o que me deu. Eu fiquei com medo. Sei lá - Carol se levantou meio desajeitada, estendeu a mão para mim e puxou de volta antes mesmo da sua mão encostar na minha. - Da-Day... - Carol me olhava com seus os olhos arregalados, eu não sabia o que ela estava olhando. Me sentei e olhei em meu corpo, aparentemente eu estava inteira, mas o rosto de Carol não me dizia o mesmo.
— O que está quebrado em mim?
— Sua testa... Está sangrando. - Fiz o que todo mundo parecia gostar de fazer. - Pode ir parando por aí, não coloque a mão suja nesse corte. - Não fiz, tentei.
— Estou toda ralada, mas ainda estou inteira. O corte na testa não é nada.
— Vamos passar em um médico. Eu não sei falar se está fundo ou não. Vem. - E lá estava sua mão outra vez. A peguei com rapidez antes dela retirar de novo. - Eu acho que foi fundo. Vamos ir ao médico agora. E já aproveitamos e vemos seus joelhos e seus braços.
Não disse nada, apenas concordei com ela. Carol começou a procurar a chave do carro pela rua, corri meus olhos ali por perto e quando tentei me abaixar, senti pontadas em meu peito.
Minhas pernas fraquejaram, Carol estava de costas para mim e não viu quando cai de joelhos no chão. Tenho certeza que fez um barulho estranho, já que Carol se virou na mesma hora. Eu já não sabia o que estava doendo mais, se era meu peito ou os meus joelhos agora mais machucados.
— Day? O que foi? O que você está sentindo? - Eu precisava só de alguns segundos e tudo estaria bem - Dayane, você está me assustando.
— Fica calma. - Respirei fundo, tratando de colocar um sorriso no rosto para disfarçar. - Estou bem, só foi uma tontura e a chave está na roda do carro.
Senti Carol me puxar para cima, não era a hora de morrer ou ficar sem ar. Era difícil, mas acabei aprendendo a me controlar naquelas horas que mais precisava.
O caminho todo Carol foi igual a um raio que cortava o céu, a chuva estava chegando, eu deveria ter contado que a testa dela também estava sangrando e eu não sabia se era meu sangue ou ela também tinha se cortado.
Suturas? Feitas. Joelhos e braços com os curativos? Feito. Nós duas fora daquele hospital? Feito. Havíamos batido talvez na rua ou cabeça com cabeça, o corte de Carol tinha sido maior que o meu e ela nem se quer havia sentido dor.
Eu me encontrava com um grande problema de concentração. Ela estava toda em Carol. Não conseguia olhá-la e não me lembrar do acontecido. Por um instante eu pensei que o pior aconteceria com ela.
O carro em alta velocidade, Carol no meio da rua e o medo de perde-la foi grande. Quando joguei meu corpo contra o seu, eu não havia pensado nas consequências. Eu só não a deixaria ser atropelada bruscamente. O meu peito nunca havia queimado tanto e tão rápido. O pior era não saber como lidar com os pensamentos sobre tudo o que eu estava sentindo por Carol. Eu nem sabia o que era tudo aquilo em mim, era sentimentos novos. Diferentes de tudo o que eu já tinha sentido.
— Eu pago dois reais para saber o que tanto pensa e me olha. - Acabei sorrindo ao ouvir a voz dela, só assim me tocando que estávamos parada.
— Só dois reais? - Olhei para o lado e o carro estava parado na frente de uma casa velha, muito velha. - Eu fecho um acordo se você me pagar três reais.
— Acordo fechado, Maganal. Mas eu só vou pagar depois que você ver o que eu quero te mostrar.
— Então eu acho que vou aumentar o meu valor. - Desci do carro enquanto Carol mexia no celular. A casa parecia estar abandonada ou só era por falta de cuidado. Era a única casa naquela rua que estava daquele jeito.
— Não sabia que ela estava assim. - Me assustei com a chegada silenciosa de Carol ao meu lado. - Da última vez que a vi, ela estava linda. Agora não passa de uma casa velha.
— Olhando por fora, eu diria que ela foi abandonada. Esse mato todo que está quase caindo para fora dos muros diz muita coisa. Mas também pode ser só por fora, só falta de cuidados.
— Você acha que consigo entrar? Eu só queria ver como ela está por dentro. Se está inteira. - O que tinha de especial naquela casa? Deveria ser muito importante ao ponto de Carol querer invadir. - Eu acho que consigo entrar...
— Com esse tamanho de parede e esse portão, eu posso te dizer que vai ser impossível entrar aí. - Carol suspirou pesado. Eu não estava entendendo o que ela queria com aquela casa velha. - Eu posso perguntar o que tem nessa casa?
— Essa casa velha tem toda a minha infância. Tem muitas lembranças com a minha mãe. Esses anos todos eu pensei que o antigo dono estava cuidando dela. Ele me prometeu que faria isso por mim. - Carol passou sua mão rapidamente por seu rosto, eu não havia me dado conta que ela estava chorando. Não até agora.
— Talvez ele só esteja viajando por um tempo. Quando ele chegar, ele volta a cuidar dela como prometido. Vai ver. - Puxei Carol para os meus braços, deixando ela fazer minha roupa de lenço para seus olhos. - Se quiser pode chorar e não precisa ter vergonha disso. E quando você quiser ir embora, nós vamos.
- Eu quero ficar mais um pouco. Quero olhar pela última vez. - Eu me sentia destruída pela segunda vez naquele dia. Ter Carol chorando era a minha mais nova fraqueza.
— Não precisa ser a última vez que você vê ela. - Como eu queria ter força suficiente para tirar todas as dores dela. - Você pode voltar outro dia aqui e com mais sorte, você consegue entrar para olhar por dentro.
— Acha que essa sorte pode ser um dos dias que a Alice estiver comigo? Sempre contei dessa casa para ela. - Senti falta de seus braços quando ela se afastou de mim. Droga. - Alice já tinha um quarto aqui. E mesmo assim meu pai nunca deixou ela chegar perto da casa.
— Se a sorte não estiver com vocês nesse dia, eu mesma visto uma fantasia de trevo. Eu pulo primeiro e puxo vocês comigo. Quero ver a gente não entrar aí.
— Eu vou colocar isso na minha lista de coisas que devo te agradecer para o resto da minha vida.
— Depois eu quero ver essa lista. - Bati meu dedo na ponta de seu nariz, ganhando aquele sorriso divino.
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Let Me Love You Until The End?
FanfictionE se você soubesse que vai morrer? Um dia todo mundo vai. Mas e se soubesse que é antes do previsto? O quanto isso mudaria sua vida? Ou o restante dela. O que gostaria de fazer em seus últimos dias de vida? ATENÇÃO!!! ESSA FIC É UMA ADAPTAÇÃO ENTÃO...