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Narrador.

Carol não sabia como agir diante de tudo o que estava acontecendo. Dayane tinha uma mãe, mas do jeito que ela havia falado, era como se não tivesse. Carol queria ter sua mãe ao seu lado outra vez, mas não sabia o que iria fazer se fosse como a mãe da Dayane. Como Dayane falou que era.

Carol deu um meio sorriso e digitou um endereço no GPS. Day tinha entendido o que aquele ato queria dizer, mas errou na hora de colocar a chave na ignição do carro. Carol semicerrou os olhos para ver Dayane tentado novamente, obtendo sucesso.

— Você bebeu muito?

— Alguns copos. - Carol arqueou as sobrancelhas olhando em seus olhos. -A metade da garrafa.

— Troca de lugar comigo, Dayane. Você bebeu além da conta para dirigir. Eu vou te levar para comer e talvez te manter segura de um provável acidente.

— Não precisa se não quiser, Carol. Eu posso comer qualquer coisa no bar ou ir atrás de um mercado.

— Só troca de lugar comigo.

Com uma sobrancelha levantada, Dayane encarou Carol, que cruzou seus braços na altura de seus seios. Day sentiu vontade de gargalhar, mas se contentou em arquear uma de suas sobrancelhas, igual Carol tinha feito.

Dayane não era o tipo de pessoa que se dava tão bem com alguém logo de primeira, Camila e Lauren não foram diferente. Levou dias até a primeira troca de palavras. Mas com Carol estava sendo diferente, ela era sua primeira exceção e ela não se sentia arrependida um minuto se quer.

Carol segurou o braço de Dayane quando ela abriu a porta, pronta para trocar de lugar. Como ela ainda não tinha trocado a camisa, ela pulou para fora do carro, fazendo Day saltar para o banco do carona o mais rápido possível.

Quando Carol fechou a porta, encontrou a mão de Dayane em sua direção, segurando a camisa que tinha dado para ela minutos atrás. Carol negou por um instante, o que fez Dayane empurrar a camisa ainda mais para ela. Carol já sabia que ela não iria desistir até ela trocar sua camisa, então deslizou a mesma pelos braços e cabeça sem ligar se Dayane estava olhando. Já Day não sabia se deveria olhar, mas queria ver a tal cicatriz que ela tinha falado.

Depois de pegar e colocar a camiseta que Dayane tanto insistiu, ela digitou um outro endereço no GPS, puxou o cinto de segurança e pediu para Dayane fazer o mesmo, deu a partida e saiu com o carro.

Day olhava atenta as ruas que provavelmente passou sem ao menos perceber o que estava fazendo. Enquanto Carol seguia as coordenadas do GPS, Day se permitiu pensar se fosse ao contrário. Se sua mãe tivesse lhe dado amor e tivesse a perdido. Ela tentou imaginar como seria a dor que Carol sentia, ela parecia uma menina frágil e ao mesmo tempo uma mulher madura.

— Minha fome pode esperar. - Dayane disparou tão rápido que Carol não entendeu.

— Como? - Carol tinha sua atenção nas ruas, mas Dayane ficou em silêncio, obrigando Carol olhá-la por um instante.

— Você tem alguma coisa para fazer nessas próximas horas?

— Não. Nesse ano meu quarto é a única opção. Esse ano meu pai decidiu sair com a Alice e a Valentina. Então vou ficar sozinha quando voltar para casa.

— Você tem outra irmã?

— Não! - O tom de voz de Carol saiu rígido, fazendo com que Dayane não perguntasse sobre a tal Valentina. - Se você não quer ir comer, quer ir para qual lugar?

— O GPS vai te levar até lá. - Dayane se soltou de seu cinto para trocar as coordenadas do GPS. Carol deu os ombros e continuou seguindo e virando como o GPS mandava.

O efeito dos vários copos de whisky que Day tinha tomado estava fazendo efeito, ela até tentou deixar seus olhos abertos, mas as várias gotas de álcool em seu sangue falou mais alto. Day tinha pegado no sono antes mesmo do que poderia imaginar.

Carol não falou nada, só continuou com o caminho em silêncio absoluto. Se deixou pensar o que estava fazendo. Era loucura entrar no carro de uma estranha e ainda pegar estrada com ela dormindo. Ela nem sabia qual era o lugar que o GPS tanto apitava.

Enquanto Dayane dormia, Carol parou duas vezes, pensou em deixá-la sozinha e voltar para casa, mas ela não poderia deixar Dayane daquele jeito. Então voltou para o carro e continuou a viagem até o GPS apitar que ela tinha chegado no seu destino horas depois. Aquele destino Carol conhecia muito bem, era a cidade que ela havia nascido, a cidade que sua mãe havia nascido, crescido e morrido. Era ali que Carol queria estar o dia todo e naquele momento ela estava lá.

— Dayane? - Carol tentou a primeira vez, mas Day nem se movimentou. - Dayane? Já chegamos, acorda por favor. - Ela tentou pela segunda vez, cutucando Dayane, que abriu os olhos sem saber ao certo onde estava. - Seu destino era São Paulo? Era ter um motorista particular? Pois bem, aqui estamos.

— Me desculpa por isso, eu não queria ter dormido, sinto muito. - Day sentiu uma leva dor no pescoço e a velha dor nas costelas. Evitou expressar qualquer tipo de dor, não deixando nada visível. - Você deve está pensando que sou uma pessoa folgada que te fiz dirigir até aqui enquanto eu dormia, não é?

— Mais ou menos. Eu parei duas vezes para comer e você nem acordou ou se mexeu.

— Tenho meus momentos de fraqueza quando bebo e não como nada, me desculpa de verdade, Carol.

— Eu não sabia e nem imaginava do que você gostaria de comer. Peguei bolacha, pão de queijo, suco e água.

— Você comeu? - Ela assentiu. - Vou te levar para jantar mais tarde como um pedido de desculpa por ter dormido enquanto você dirigia até aqui e não ter tido um almoço decente. - Carol não respondeu, nem ao menos negou nada. - Antes vamos passar em outro lugar. Você queria estar em um lugar aqui hoje e você vai está.

Não precisou de mais nenhuma palavra para Carol cair no choro outra vez. Day não sabia se tinha feito a coisa certa, ela só queria tentar melhorar o dia de Carol, mesmo que aquele dia fosse impossível de ser melhorado.

Carol estava confusa, mas não um confusa ruim. Ela queria está ali mais que nunca, mas do jeito que as coisas iam na sua casa, ela pensou que esse ano ela iria passar o dia longe da mãe. Ela chorou mais ainda. Era um choro de dor pelo dia de hoje e um choro de gratidão por Dayane ter entendido como aquele dia era importante para ela está lá. Carol segurou na mão da Dayane que estava em sua coxa com força. Day fez o mesmo com sua mão livre, logo olhando para o GPS. Carol entendeu o que aquele olhar quis dizer e digitou o endereço para onde ela tanto queria correr.

O caminho não era tão longe, Carol dividia sua mão entre o câmbio e a mão de Dayane, que ficava esperando quando Carol tinha que solta-la para mudar de marcha.

Quando o carro parou, Carol segurou firme na mão de Dayane, entrelaçando seus dedos. Carol parecia precisar de apoio ou quem sabe só estava tomando tempo para descer do carro e correr para dentro.

— Pode ficar o tempo que quiser, eu espero. - Dayane devolveu o aperto na mão de Carol, lhe passando tranquilidade.

— O que? Não vai descer comigo?

— É um momento seu com a sua mãe. Eu não me importo de esperar.

— Eu quero que venha comigo, Dayane. A última coisa que quero é entrar sem você.

— Sério? - Carol assentiu. - Não quer privacidade?

— Eu quero que venha comigo. Quero que esteja comigo quando eu descer do carro e caminhar até o túmulo

— Tudo bem. Eu vou estar com você o tempo todo, mas se algum momento quiser ficar sozinha, é só me pedir.

Let Me Love You Until The End?Onde histórias criam vida. Descubra agora