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Narrador.

Dezesseis anos atrás.

— Caroline, coloca essa roupa de uma vez por todas. Eu não vou mais te pedir isso. - Carol, como gostava de ser chamada, corria de um lado para o outro, deixando sua mãe Roseli a beira de fingir um estresse cabuloso. - Caroline...

— Não, mamãe. - A menina parecia não cansar de correr só de calcinha pela sala, queria porque queria voar e achou que correndo conseguiria.

— Caroline Biazin, se você não colocar esse macacão agora, você vai perder a sua festa. Vamos, menina. - Roseli gostava de admirar a imaginação fértil de sua filha, mas já estavam atrasadas. - Ei?

— Não, mamãe. - A pequena não viu quando sua mãe levantou e a segurou pela cintura, lendo um susto quando seus pés saíram do chão. - Assim eu não avuu, mamãe.

— Eu deixo você tentar voar mais tarde e lá em casa. Agora por favor, Caca. A mamãe está te pedindo para colocar logo esse macacão e sair desse quarto para aproveitar sua festinha.

— Agora eu vou colocar. Você sempre esquece, mamãe. - Roseli colocou a filha no chão tendo a certeza que ela não ia mais correr. - Tem que me chamar de Caca. Caroline é nome de gente grande.

— As vezes esqueço que foi eu que te ensinei a fazer isso, nem parece que só tem seis anos.

— Já sou super grande, né mamãe? - Perguntou entrando finalmente em seu macacão, deixando sua mãe orgulhosa pelo pequeno ato.

— Você ainda é minha bebê. - Roseli sabia que viria um protesto a seguir, era sempre assim.

— Não, mamãe. Eu sou grande, não sou bebê. - Cruzou seus braços fazendo bico, ficando mais adorável que já era.

— Gente grande não precisa de bolo de dragão. Eu vou devolver o bolo e vou acabar com a sua festa. - Os olhos da menina quase pularam para fora, junto com a boca aberta.

— Não pode, mamãe. É o meu último aniversário de dragãos.

— Dragões, querida. Já que você não está mais querendo aniversário de dragões, vai querer qual?

— Nenhum, mamãe. Eu não quero mais aniversário, igual a Dani. Ela fez sete anos e não quer mais aniversário. Ela disse que já é grande e eu também sou. - Se sentou no chão para deixar Roseli amarrar seus tênis, assim finalizando toda aquela arrumação. - Gente grande não faz festa.

— Ta bom gente grande. Agora vamos sair porque você enrolou demais e eu tenho certeza que seus convidados já estão todos aí. E mais uma coisa. Cuidado na hora que estiver correndo com a Dani.

— Mamãe? - Carol a chamou antes de abrir a porta. Ela tinha uma dúvida desde o dia que tinha escolhido seu bolo. - Posso fazer perguntas?

— Sim, querida. Quantas quiser.

— O Dreicon disse que dragões são para meninos e que é errado eu gostar de dragões. É muito errado, mamãe?

— Não, Carol. Ninguém pode falar que meninas só podem gostar de fadas e meninos de dragões. Não tem nada de errado gostar de dragões, meu bem.

— Então eu posso gostar de dragões? - Questionou com a expectativa nas alturas.

— Pode sim, Caca. Você pode gostar e brincar com o que você quiser. Quando alguém falar que não pode, você fala que a sua mamãe deixa tudo. Até mesmo gostar de dragões.

Carol vestia um macacão branco, e apesar de Roseli saber que ficaria encardido, ela deixou a filha escolher sua própria roupa. O dia era dela e a escolha de roupa confortável também entrava no pacote.

Let Me Love You Until The End?Onde histórias criam vida. Descubra agora