•8 meses depois•
-Bom dia, Katherine.- falou a sra. Mayer, minha chefe, uma velha endemoniada de 67 anos que trabalha com pintura e arte, e na frente dos outros é supostamente calma... MAS NÃO É!
-Bom dia.- respondo sorrindo falso.
-Sua raiz está desbotada..- revirou os olhos. Sim, eu tinha largado o cu doce e pintei meu cabelo de preto. Descolori antes então essa diaba acha que sou loira e não ruiva.- Não sei como uma jovem loira como você poderia ousar em pintar o cabelo de preto.
-Agradeço a opinião, Sra. Mayer, mas guarde-a para si.- sou grossa mas com estilo, esse ser procura motivo pra me demitir da galeria até quando respiro.
-Katy!- gritou Valerie ao entrar. Lógico, naquela cidade eu era a única que sabia seu nome verdadeiro, para todos ela era Mary.
-Ma!- exclamei de volta.
Desde que fugimos juntas, ficamos muito próximas. Ficamos em diversas cidades pequenas até pararmos nessa, uma cidadezinha no interior do estado da Califórnia. Descobri os motivos de Val para fugir e ela descobriu os meus. Faz 1 ano em que estamos juntas torcendo para que ninguém nos encontre. Porém deixe-me voltar um pouco para contar certinho.
Flashback: 20/11/2019
-Achei babaquice você fugir justo no final de ano.- falou Valerie olhando para a janela do ônibus.- Seus pais vão sentir sua falta no Natal.
-É um preço a se pagar.- respondo do ríspida.- E os seus? Não vão sentir saudades?
-Não. Talvez meu pai sinta falta de um saco de pancada em casa, mas ele pode viver com isso.
-Eu sinto muito...- disse ressentida.
-Não sinta, todos temos uma história triste na vida. Não conheço meus pais biológicos, só sei que tenho um irmão mais velho, mas nunca tive coragem de ir atrás. Moro com um casal péssimo, o pai é um louco, machista, que acha que se eu tenho uma opinião própria isso é motivo para apanhar.- ela finalmente olhou para mim. Surpreendeu-me ver que não tinha dor ou tristeza em seus olhos, apenas raiva.- Ele jurou que me mataria caso fugisse novamente. Não tenho medo dele, mas não posso falhar agora.
-Eu to sendo perseguida por um maníaco, fugitivo de hospício... acho que isso já diz muito sobre mim.- falei rindo tristemente.
-Agora isso é uma história a qual quero saber mais.- soltou um sorriso. Essa menina fica feliz com minha desgraça?
-Eu tinha um namorado, que tinha um irmão gêmeo. Ele é esquizofrênico e estava internado no hospício. Meu namorado morreu em um acidente de carro e o irmão dele aparentemente escapou, vindo atrás de mim jurando um suposto amor. Além disso meu pai biológico não é quem eu pensava que era, eu sou resultado de um adultério. O garoto pelo qual eu estava me apaixonando mentiu para mim sobre ser meu vizinho, ele era e nunca me contou.
-Okay, mas essa última parte é um péssimo motivo para fugir.- disse agora virada completamente para mim. Admito que fiquei feliz, aquela garota devia ter 15 anos e já estava passando por tudo isso, eu queria muito que ela se abrisse mais para mim, já que agora estamos juntas nessa.
-Eu sei, mas com tudo que estava acontecendo eu surtei. Ele é o loiro que apareceu lá no restaurante.
-Aquele idiota? Fez bem fugindo dele.- ela riu.
-Ei! Você foi meio dura também. Custava deixar aberto por mais 5 minutos?- falei rindo junto.
-Deixa eu pensar...- botou a mão no queixo.- custava. Hahaha!
Foi assim que nossa amizade, nossa jornada começou. Passamos o natal juntas, naquela noite nos comemos um belo hambúrguer do McDonalds que ainda estava aberto. Logo na manhã seguinte, saímos daquela cidade.
O ano novo foi um tanto... peculiar. Resolvemos que ao invés de acender fogos a meia noite, nos iríamos apagar uma vela e fazer um pedido. E assim aconteceu.
Os últimos meses tem sido divertidos e dolorosos. Diversas noites acordo com o barulho do choro de Val, e outras ela acorda com o meu. Sinto falta de Jace, de minha mãe, meu irmão, Simon. Meu aniversário de 18 anos estava chegando em breve e eu não teria eles para celebrar comigo.
Flashback off: 22/08/2020
-Sra. Mayer, desculpe mas vou roubar a Katherine pelo resto do dia.- falou Val me puxando para fora da oficina.- Okay, amanhã é sábado e seu aniversário de 18 anos, ou seja, nós vamos celebrar juntas!
-Como se tivesse outra pessoa pra celebrar com.- dei risada até sentir um tapa no meu braço. Doeu porra!- AÍ!
-Trouxa.- falou.- A gente pode ir lá para o nosso apartamento minúsculo e imundo, OU caso prefira eu tenho uma ideia ótima.
-Começou.- revirei os olhos.
-Essa cidade cu de mundo fica a 1:30 de nada mais nada menos: Las Vegas!
-Eu vou fazer 18, não você, garotinha de 16 anos.-falei. Essa menina é louca ou o que?
-Eu tenho identidade falsa com o nome Mary Jordan, nascida em 2002, ou seja, tem 18 aninhos.
-Sem chance.- ela revirou os olhos e bufou.- Sabe algo que me traria muito mais diversão?- pergunto.- Explorar essa cidade minúscula. Conhecer as pessoas, sem ser a demônia Mayer.
-Você não acha arriscado se envolver com as pessoas?- ela pareceu preocupada.- Eu sei que tem muita gente que fugiu de casa, é só ver a idade das pessoas do nosso prédio!
-Eu acho, mas estou cansada dessa coisa de tomar cuidado. Ninguém vai nos procurar em lugar nenhum.- joguei os braços para o ar e percebi a expressão de Valerie ficar tensa.
-Você sabe o que está em jogo.- disse.- Se é isso que você quer, eu ficarei do seu lado.
-É isso que eu quero.- afirmei.
O dia passou bem rápido. Eu e Val fomos para a pequena praia de lá, era calma e prazeirosa. Olhei para Valerie, que estava de olhos fechados sentindo o sol bater em seu rosto, ela tinha traços familiares, por alguns momentos eu sempre a acho parecida com Jace... talvez seja a maldita saudade.
-É feio encarar.- falou ela ainda de olhos fechados.
-Não to encarando.- menti.
-Eu sinto seu olhar sobre mim, minha querida.- disse ironicamente, abrindo os olhos e virando seu rosto para mim. - O que estava pensando?
-Você me lembra uma pessoa... mas acho que seja só a saudade me fazendo perceber coisa aonde não tem.- digo virando meu olhar para o mar.- E você? O que estava pensando.
-Como eu queria que tudo fosse diferente.- ela também virou o olhar para a água. O sol se punha no horizonte, pintando o céu de laranja enquanto conversávamos.- Eu não gosto de estar aqui, mas é melhor do que voltar. Não faz sentido viver isso se eu nem sei o que estou vivendo. Queria ter tido a oportunidade de conhecer meus pais biológicos e meu irmão, queria que eles tivessem me acolhido. Agora é tarde demais para qualquer mudança na vida de Valerie... eu sou Mary e a partir de agora sempre serei Mary.
Fiquei tocada com suas palavras e sem saber o que dizer. Encostei minha cabeça em seu ombro e ficamos olhando o sol se pôr, sentadas na areia da praia, pensando e lembrando de nossas vidas, sem poder mexer em mais nada, apenas viver.
•••
Postei capítulo hj soh pq eh Natal ✌🏻Bjos da mlr Herondale 🖤
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Guy Next Door
FanfictionClary sempre teve uma certa paixão pela música. Seu vizinho, o qual não conhecia, tocava guitarra todas as tardes, despertando cada vez mais interesse em Clarissa para se abrir musicalmente.