A Tough War [Concluída]

I. Um Passeio e Um Segredo

Mal passava do meio-dia e Athena já tinha passado numa série de lojas com Ilithia na capital. Era costume que a morena fosse visitá-la na capital do reino, mas como ela se recusava a entrar no castelo na maioria das vezes, as duas costumavam sair pela cidade passando por lojas e feiras, claro, Athena com uma roupa de serva e acompanhada apenas de uma criada mais confiável. Ilithia gostava principalmente de passar em oficinas de ferragem para levar mais materiais para a oficina, e naquele dia em particular, ela estava gastando tempo demais nelas, enquanto podiam estar vendo sapatos e vestidos para a princesa.

– Illy! Eu já tô cansada de ficar olhando essas coisas! Já tem ferro o suficiente aí pra abastecer o reino inteiro com armas, quer parar com isso?! Vamos ver outros lugares!

– Deixe de ser chata, eu preciso me distrair.

– Distrair de que? Você tá é me distraindo das minhas compras! Não precisa desse monte de coisa pra oficina, o tio sempre compra dos ferreiros que passam na cidade!

– Ele não compra mais. – disse Ilithia, ainda distraída olhando ao redor.

– Por que não? – Athena perguntou, confusa. Estavam começando a se afastar do centro da cidade àquela altura.

– Porque ele faleceu. – o tom da morena vacilou completamente ao pronunciar aquela frase, e não teve coragem de encarar Athena, ou sabia que voltaria a chorar a perda do guardião.

– Ele... ele o quê?! – Athena imediatamente segurou o braço de Ilithia. – Como assim, Illy?! Ele faleceu?! Quando?! Por que não me contou nada?!

– Já faz uma semana. – respondeu Ilithia, passando a mão pelos cabelos que agora já alcançavam seu pescoço. Depois de três longos anos após a aventura dela e da amiga, era uma mulher de novo, embora uma ferreira ainda mais bem treinada. – Eu pensei em mandar uma carta... mas eu não sabia o que escrever. Preferi vir pessoalmente...

– Ah, Illy... eu sinto muito. – a ruiva envolveu o braço dela com os seus, os olhos enchendo de lágrimas ao imaginar que a amiga estivera sozinha aquele tempo todo e que não tinha ninguém para lhe ajudar. – Eu devia estar lá com você...

– Claro que não... você é uma princesa agora, tem seus deveres. – disse a morena, forçando um sorriso para a amiga. – Eu estou bem. Estou cuidando das coisas como posso.

– Você não pode ficar sozinha lá, Illy! Venha pra capital, você pode ficar comigo no castelo! – Athena propôs, quando elas finalmente saíram do centro da cidade e seguiram por uma trilha rodeada de árvores que levava até uma das entradas de servos do castelo.

– Claro, até parece que vou morar no castelo, Athena. – Ilithia rodou os olhos

– Por que não?! Você não pode ficar sozinha, Illy! É errado uma mulher ficar sozinha numa casa, sabe disso! As pessoas vão te ver com maus olhos! Estou preocupada com você, está sozinha lá, não quero que fique sozinha!

– Eu não estou sozinha, tampinha. – ela passou a mão no topo da cabeça de Athena. – Todos no vilarejo me conhecem e estão me ajudando. Só quando pessoas de fora passam na oficina que ficam um pouco receosas, mas até elas estão começando a aceitar que eu tome conta da oficina. Bom, foi pra isso que fui treinada a minha vida toda praticamente. Estou trabalhando nela há quase quinze anos agora.

– Não importa, Illy! Não pode ficar sozinha naquela vila! Vão te fazer mal! Venha ficar comigo no castelo, pode ficar como minha dama de companhia! – a ruiva insistiu. – Não custa nada se mudar pra cá, não tem nada te prendendo no vilarejo! E lembra que o rei também te fez uma proposta para ser a ferreira dele?! É uma ótima ideia! Tenho certeza que se falar com ele, ele vai lembrar isso... mesmo que eu tenha medo de pedir alguma coisa a ele...