Ele vai dar um jeito

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Oi amadas! Espero que esteja tudo bem por . Queria pedir perdão pelo atraso em atualizar a fanfic, sei que parece falta de consideração com quem está acompanhando, mas juro que não é. Passei por uns problemas pessoais nos últimos dias e acabou que se tornou meio inviável entrar aqui no aplicativo. No mais, queria agradecer E MUITO a todas que estão acompanhando e comentando, nem sempre consigo responder, mas leio cada comentário com o coração aquecido.
O negócio é o seguinte, o capítulo 11 ficou meio grande e como eu não queria que ficasse muito cansativo ou maçante de ler, eu dividi em duas partes. Estou terminando de editar a segunda e postarei logo mais. Espero que gostem 💛

Sofia POV

Sentia até um certo orgulho da cartada que eu tinha usado daquela vez; onde eu poderia imaginar que entrevistas antigas seriam fortes aliadas para usar contra ele?

Na verdade pelo teor daquelas respostas começava a achar que tinha até pegado leve. Aquela mulher merecia ser muitíssimo mais pisada. Quem ela achava que era? Nunca tinha sequer colocado os pés no nosso apartamento, mal me conhecia e logo de cara já deixava subentendido que pretendia voltar! Era demais pra mim.

Sabia que as consequências daquela minha atitude viriam mais cedo ou mais tarde, mas no fim das contas valeria a pena de uma forma ou de outra. A maneira como ela desviava os nossos olhares só evidenciava ainda mais o quanto ela se sentia constrangida, duvido que teria coragem de seguir com meu pai depois de ouvir aquilo.

- Ai!

Senti a mão dele me segurando firme pelo braço e nem tive tempo para protestar o quanto gostaria. Meu pai me tirou daquela sala praticamente me arrastando e da forma mais bruta que eu já tinha presenciado em toda a vida.

Marisa POV

Eu sabia que tudo estava perfeito demais. Maldita a hora que cedi a pressão para vir até aqui; talvez o fato de eu estar relutante era um sinal de que algo daria errado. Não que o que aquela pirralha tenha dito fosse o suficiente para me desestabilizar, por dois motivos apenas: eu sabia que Miguel gostava de fazer gracinhas em entrevistas e pelo fato de eu me orgulhar por não ser uma dita "mulher elegante" como ela bem disse. O que me preocupava agora, era saber que ela me via como inimiga. Era saber que eu era a razão pela qual os dois se desentenderiam mais uma vez; saber que diante de tudo isso, era teoricamente impossível continuar insistindo para que aqueles momentos entre nós dois fossem algo além de meras transas casuais.

- Oh Marisa, não liga pra isso não - Maria fez com que eu me desligasse daqueles pensamentos quando chamou por mim. Segurou minhas mãos me fazendo a encarar e prosseguiu - A Sofia só agiu assim porque ainda não te conheceu direito.

Inconscientemente eu dizia a ela que eu nem fazia questão que conhecesse, mas ela me encarava com uma pureza e ternura tão grandes, que eu não conseguiria me opor. Ela estava visivelmente sem jeito, parecia nem saber o que dizer, mas era fofa a forma como estava tentando.

- Não, tudo bem - lancei um sorriso em agradecimento - Ela teve os motivos dela. Os dois são muito ligados né?

Ela assentiu e ficou em silêncio durante um tempo. Sabia que ela queria corrigir a atitude de Sofia, mas achava quase impossível que fizesse alguma reclamação. O amor que ela sentia pela menina era quase fraterno e isso era visível.

- Ela é muito dependente dele, Marisa. Você precisa ver como ela fica sentida quando ele começa a trazer as namoradas pra cá...

- Maria - a interrompi desprendendo nossas mãos e balançando a cabeça em negação - Que fique bem claro que eu vim até aqui hoje na condição de amiga do Miguel. Espero que ela não tenha misturado as coisas.

Fui me levantando em seguida e parei de frente para ela, ainda tinha algumas coisas para resolver na rua e não queria correr o risco de me atrasar de novo.

- Você me acompanha até a porta?

Ela pareceu chateada ao deduzir que eu pretendia ir embora.

- Você não precisa ir agora. Ele vai conversar com ela e não demora muito. - ela fez uma pausa e sorriu - Eu tenho certeza que ele vai ter muito o que te falar depois e...

- Eu acho melhor não - sorri tentando parecer natural mas no fundo sentia uma confusão interna - Se ele quiser, depois nós conversamos.

Falei sendo um pouco mais firme e Maria acabou cedendo. Ela foi caminhando a frente e eu logo atrás até chegarmos na sala de estar, peguei minha bolsa sobre o sofá e quando já estava indo abrir a porta ela chamou por mim mais uma vez.

- Marisa - me virei para ela - Vê se volta mais vezes. Esse pouco tempo que passou aqui com a gente já foi tão bom.

Eu não pretendia voltar e acho que no fundo ela sabia disso, mas ela tinha uma simplicidade tão grande e um carinho tão explícito, que me sentia quase tentada a voltar atrás. De tudo que eu tinha vivenciado naquele apartamento algumas horas antes, poder conhecê-la um pouco mais a fundo era o mais gratificante. A puxei para um abraço e soube que tudo que eu estava sentindo era recíproco quando ela retribuiu aquele gesto.

- Obrigada por tudo hoje - me soltei dela e amparei minhas mãos em seus ombros - Eu não prometo voltar, mas você promete que vai conhecer a minha casa? Assim, quando seu patrão der uma folga, claro. - disse em forma de brincadeira -.

Ela se permitiu rir alto com aquele comentário e concordou que não seria má ideia. Fiquei receosa de que Miguel acabasse voltando para dar início a um longo pedido de desculpas e acabei me despedindo dela assim meio na pressa mesmo, pelo menos tinha a desculpa de que precisava agilizar o processo da troca de bateria do carro. Fato era que eu não sabia o que pretendia dizer a ele logo mais quando nos encontrássemos de novo, mas com muito pesar no coração, eu precisava dar um fim naquilo que talvez nem devesse ter começado.

Miguel POV

Nem eu sabia direito o que estava fazendo, mas eu sabia que para evitar de dar na cara dela com testemunhas, eu precisava sair dali o mais rápido possível. Longe de mim tentar usar de violência para resolver qualquer coisa na vida, mas eu estava profundamente magoado com tudo aquilo. Sentia vergonha. Só me questionava em que momento eu teria errado tanto assim...

As súplicas para que eu a soltasse entraram por um ouvido e saíram pelo outro. Só a liberei quando já estávamos no quarto dela. A soltei de qualquer jeito sobre a cama e bati a porta com bastante força em seguida.

- Que palhaçada foi essa que você acabou de fazer? - tentava me policiar ao máximo. Não queria que Marisa ouvisse aqueles gritos -

Ela apenas me encarava assustada e parecia incapaz de responder qualquer coisa agora. Eu não poderia em hipótese alguma ceder àquele rostinho que praticamente implorava para que eu pegasse leve.

- Responde, garota! O que ela tem a ver com seus conflitos internos? - bati minha mão direita com toda a força sobre a porta do closet. Não era o mais certo a se fazer, mas eu precisava externar minha raiva - Tá insatisfeita com a sua vida? Beleza. Mas pelo menos tenta não destruir a minha! Vai lá e conta pra sua psicóloga que eu pago todo mês!

Sofia era quase uma rebelde sem causa, como uma boa nativa do signo de aquário que ela era. Não dava o braço a torcer nunca, então quando a vi com os olhos inundados de lágrimas eu começava a me arrepender por ser tão duro. Ela continuava quieta e eu já estava tão aflito que começava a dar voltas pelo quarto tentando decidir o que faria com ela.

- Você sempre falando em dinheiro né, pai... - parei de frente para a cama dela a encarando; pude sentir a frieza em sua voz enquanto ela evitava a todo custo fazer contato visual. Estava sentada sobre a cama amparando os braços sobre os joelhos - Quando vai entender que dinheiro nenhum paga a única coisa que eu queria de você? - ela parou por um instante quando finalmente me encarou com o semblante entristecido - Será que não percebeu até hoje que a única coisa que eu quero é ser prioridade?

Ela era chantagista. Sempre foi. E em todas as vezes que eu a tratava com pulso firme, ela vinha com o mesmo discurso. Já estava esgotado. Passei a mão pelo rosto e ri de forma irônica. Ou talvez estivesse rindo de nervoso mesmo. Não compreendia em que época da vida dela eu a fiz pensar o contrário disso.

- Você tá careca de saber que eu vivo por sua causa. Tudo que eu faço é pensando no seu bem estar antes do meu. Jura que é tão difícil assim retribuir tudo isso? - tentei ser um pouco racional e me sentei na cama ao lado dela enquanto ela permanecia encarando um vazio qualquer - Eu só pedi para que fosse gentil, minha filha.

Sentia como se ela fosse desabar a qualquer momento. Nós éramos unidos; adorava sair com ela quando podia e fazer todas as vontades. Mas quando se tratava de sentimentos, ela ainda tinha muita dificuldade em se abrir. Maria e minha irmã sempre foram as maiores confidentes.

- Eu não gostei dela. Não seria gentil com quem não me agrada. - ela bufou um pouco e disse aquilo como se fosse bastante aceitável aquela atitude - Você mesmo me ensinou a ser assim, lembra?

Ela me encarou e eu respirei fundo enquanto a olhava de volta.

- Eu também não gosto daquele seu amigo lotado de tatuagem e nem por isso eu o trato mal quando ele vem aqui.

Ela se permitiu rir um pouco depois daquilo, parecia estar menos tensa agora.

- Mas a diferença é que o Hugo é só meu amigo. Eu nunca tive nenhum lance com ele. - Já era de praxe que mais cedo ou mais tarde ela jogaria isso contra mim. Teria que me precaver para não cair na pilha dela -

- Independente disso. O que eu tive ou venha a ter com a Marisa ainda não anula o fato de que ela vem se tornando uma amiga muito querida. - fiz uma pausa esperando que ela dissesse algo, mais do que qualquer coisa eu queria que ela reconhecesse que estava errada dessa vez - Eu sei que você só quer me proteger, mas acredite - ela me fitou intrigada - Eu sei o que tô fazendo... Dessa vez eu sei - bati as mãos sobre os joelhos e me levantei indo em direção a porta - E a propósito, você pode escolher entre ir até lá se desculpar, ou se acostumar com a ideia de não viajar com a sua turma mês que vem. - buscar ser compreensivo não estava surtindo efeito, então eu precisava mexer onde doía. -

Não fiquei tempo o bastante para saber se ela mudaria ou não de ideia, acho que no fundo eu sabia que aquele não era o melhor dos argumentos para convencê-la. Bati a porta com força e voltei apressado para a sala, tentaria me desculpar com Marisa e talvez com sorte poderia até convidá-la para conhecer o meu quarto.

Tudo estava silencioso demais. Nem parecia que a minutos atrás as duas conversavam de forma tão a vontade uma com a outra, era horrível pensar que aquilo só acontecera pela falta de limites que eu dava a minha filha. Quando cheguei a sala de jantar, só consegui presenciar Maria retirando os pratos e com aquela cara de poucos amigos. Mesmo se dando conta da minha presença, ela continuou fazendo aquela tarefa normalmente.

- Falou com ela? - ela perguntou sem sequer me olhar -

- Cadê a Marisa? - aquilo era o que mais me interessava agora. Não queria cogitar que ela tinha indo embora porque ficara magoada -

Ela permaneceu em silêncio. Foi até a cozinha e quando voltou para recolher as taças, se virou para mim de forma quase severa.

- Enquanto você não resolver a sua situação com a Sofia, não vai ter Marisa e mais ninguém.

- O que quer dizer? - a encarei visivelmente surpreso. Eu sabia exatamente o que ela insinuava, mas ainda precisava confirmar por via das dúvidas -

Maria amparou as mãos sobre a mesa e deu continuidade

- Miguel, quantas vezes você namorou nos últimos dezesseis anos?

Fiz um breve exame de consciência antes de dar um parecer.

- Algumas, por que?

- Sim e até quando sua filha vai ser a razão dos seus relacionamentos não irem pra frente?

Sofia POV

Acho que dessa vez eu teria mais trabalho do que o previsto. Digamos que eu já tive atitudes bem piores com as namoradas. - como daquela vez em que peguei um dos cartões dele para fazer compras em nome de uma tal fulana -. Nem quando ele descobriu que eu tinha armado aquilo tudo ficou tão bravo como no dia de hoje.

My Fair LadiesOnde histórias criam vida. Descubra agora