Recomeços - pt. 2

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Marisa

Eu ainda precisava ter a certeza de que tudo era mesmo real. Aquele sim era o Miguel pelo qual eu havia me apaixonado, era o homem que mesmo correndo um sério risco, eu apostei todas as minhas fichas para construir uma história ao lado.

Ele era como uma caixinha de surpresas e tudo que eu ouvira naquela noite, pôde enfim reviver algo adormecido dentro de mim.

Acho que outra em meu lugar não confiaria em uma mudança tão repentina em questão de poucas horas, mas ele nunca foi bom em mentir. O fascínio externado em seus olhos não permitiria que eu pensasse o contrário, era como se eu fosse algo precioso ao qual ele precisava zelar.

Meus pés só tocaram o chão quando adentramos pela sala do apartamento; os meses sem vir aqui não eram um inconveniente, de forma que não foi preciso convite para que eu praticamente desabasse naquele sofá enorme. Dali eu assistia a um ritual que eu já sabia de cor; Miguel jogou as chaves sobre a mesa de vidro e pouco a pouco desabotoava os botões da camisa até tirá-la por completo.

- Cadê a Maria?

- De folga esse fim de semana. Segunda ela tá de volta. — ele disse sem interromper o ato —

- Pega água pra mim? — o fitei com feições de menina sendo correspondida por um sorriso contido; fiz o pedido e enquanto ele se afastava me levantei para ir até a sacada. O ventinho agradável que chegava até ali era sempre acolhedor —

A familiaridade com cada cantinho daquele apartamento me confirmava exatamente o que eu já sabia, a sensação de pertencimento àquele lugar era única e eu estava exatamente onde deveria estar.

Ouvi o som de passos se aproximando e ali me virei para encontrá-lo. Era uma visão escultural eu diria; braços devidamente torneados e um peitoral definido faziam com que eu pensasse mil coisas. O cinto já desabotoado aguçava ainda mais a minha imaginação, mas ia além de desejo apenas, eu o amava. Essa era a única verdade. E estava pronta para tê-lo de volta.

Ele estendeu o copo até mim já pronto para sair dali, porém repeli sua ação o colocando sobre a mesa ao nosso lado. Um Miguel ainda hesitante me analisava quase desorientado, algo que se intensificou mais ainda quando tomei suas mãos aproximando nossos corpos. Ambos tentávamos dizer algo, quebrar de vez aquele silêncio, mas não se fazia necessário, deixaria que meus atos falassem por nós dois. Subi minhas mãos rentes a pele de seu rosto deixando um carinho em sua bochecha. Nós dois nos encarávamos de forma a me perder em meus próprios desejos, como ele era lindo. Como era lindo o pai do meu filho.

Passei a mão por trás da sua nuca e enfim o trouxe para mim. Era incrível como nossas bocas ainda se conheciam tão bem, se moldavam uma a outra. Ele correspondeu depressa ao beijo inclinando seu corpo consideravelmente para facilitar ainda mais o acesso; agora nossas línguas dançavam em uma mesma sintonia e eu não queria soltá-lo nunca mais.

Suas mãos deslizavam pelo meu corpo até alcançarem os meus quadris, mesmo a volúpia que pairava entre nós dois não cessava o romantismo. Era um beijo lento. A excitação ia além do carnal apenas, era saudade.

Quando nos desprendemos, eu tive a certeza de que tudo que eu procurei durante uma vida inteira estava ali, bem na minha frente. Me contemplando apaixonado.

- Namora comigo? — ele segurou o meu rosto dando início a mais um longo beijo —

A procura desesperada por ar fez com que ele se soltasse e ainda ofegante, complementou o pedido.

My Fair LadiesOnde histórias criam vida. Descubra agora