Inverno

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        Camila nos colocou para dentro de casa, ela morava em pensão aconchegante, nos levou para dentro do seu quarto, parecia que não havia ninguém em casa, apenas nos.

        - Durma aqui hoje Cind... Leila! Vou fazer um chá pra você, pode largar o Sr. Ruffles, agora aqui vai ser o lar dele! - disse ela sorrindo para mim com ternura.

        - Não precisa se incomodar Camila, muito obrigada por acolher o Sr. Ruffles, eu não saberia lidar com isso agora, mas eu tenho que ir. Meu irmão vai chegar em casa e eu não estou, e o porteiro vai contar pra ele o que aconteceu a nossa vizinha, e ele vai ficar muito preocupado... - Quando eu terminei de falar, camila veio até meu lado e sentou na cama. - Olha, liga pra ele, você não esta em condições de dirigir. Além do mais, você precisa desabafar... o destino quis que fossemos amigas, do modo mais louco mas quis. Então não vamos contraria-lo! - Terminou ele me encarando. Eu estava perto o suficiente, para ver seu cílios compridos e muito bem curvados, Camila tinha os dentes muito brancos e retos, parecia aquelas capas de consultório dentário!

        Ela foi até a cozinha e me chamou, a cozinha estava com um cheiro gostoso de camomila! Sentei na mesa que era grande e tinha umas seis poltronas. 

        - Quem mais mora aqui com você? - perguntei enquanto assistia ela colocar o chá em duas xícaras.

        - Aqui é uma pensão de garotas, a dona da casa vem um vez por semana, no mais sou eu e mais algumas garotas. Mas elas então em uma festa, eu não fui pois estava cansada do Café House, meu tio anda me tirando o couro no trabalho. - Fiquei assistindo ela falar do jeito dela, e senti algo passando em minhas pernas, era o Sr. Rouffles, ele deu um pequeno salto e estava no colo de Camila.

        - Ele parece gostar de você! - disse olhando pra ela que acariciava o lombo do bichano.

        - Eu amo gatos, o meu fugiu e voltou pra malandragem, mas ele um dia volta! Eles sempre voltam! Mas que bom que o Sr. Rouffles veio para me alegrar! Como dizia Jean-Louis Hue: "Uma casa sem gato e como um aquário sem peixe."

        Camila tinha algo que me confortava, perto dela eu tinha uma segurança, ela conseguia fechar o buraco negro dentro de mim. Depois de sair do hospital automaticamente liguei para ela, não sei explicar! Como ela mesma disse: O destino resolveu nos unir! 

        Já estava bem aquecida com aquele chá, então resolvi ir para casa, precisava ir antes que Pedro chegasse e precisava dormir. Meu dia vou revirado de cabeça para baixo! Eu precisava de um banho e me deitar.

        - Muito Obrigado Camila, por tudo! Mas eu preciso ir! - Ela correu na minha frente, e parou na porta, bloqueando minha passagem. - Você não pode ir! Hoje é o primeiro dia do Inverno, você vai congelar! Fica, eu te empresto um pijáma, pode tomar um banho aqui! E amanha cedo você pode ir embora! Além do mais o Sr. Rouffles precisa de você aqui! Não é mesmo Sr. Rouffles? - Ela olhava pro gato e depois para mim com uma cara do tipo "Viu eu tenho razão!" 

        - Okay, eu vou ligar para o Pedro e avisar ele! - Camila deu um gritinho de "UHUUL" e eu fui até o quarto buscar meu celular que estava em minha bolsa! Disquei o numero de Pedro, torcendo para que ele não estivesse bravo ainda e não quisesse atender a minha ligação, mas parecia que ele ainda estava. Mandei uma mensagem explicando que dormiria fora, e que logo cedo estaria em casa.

        Parecia que a primeira madrugada do Inverno estava vindo com tudo! Estava realmente muito frio, com ventos que pareciam adagas na pele. 

        - Deixei toalha limpa no banheiro, e um pijáma, tenho certeza que cabe direitinho em você! E depois podemos assistir um filme, se não ficar muito tarde! O que você acha? - Camila parecia um brinquedo com pilhas novas, sempre sorridente e muito alerta! As vezes era difícil pra mim, que sou tão calada, acompanhar toda aquela adrenalina que corria por aquela garota!

        - Claro, vou para o banho então! - Ela deu mais uns pulinhos, e me guiou até o banheiro!

        Tomei um banho longo e quente, aquele que faz com que o banheiro inteiro vire uma nuvem de vapor! Quando eu sai, a casa estava escura, e sentada no sofá estava Camila, Sr. Rouffles, um balde de pipocas e um grande cobertor rosa.

        - Vai começar, corre! - Eu sorri, não acreditando naquilo que via. Soltei meus cabelos que tinha preso em um coque para não molhar e segui para me juntar a eles! Não parecia que eu tinha chegado ali chorando, e com uma tristeza sem fim. Camila me fez esquecer a briga com Pedro, a cena da Sr. Estela no chão, a carta do meu pai que me preocupava tanto, aquela garota tinha a cura para a tristeza que corroía minha alma!

        Assim que eu sentei, ela me tapou correndo com o cobertor, me ofereceu pipoca e o filme começou. O Sofá era grande e confortável, o filme era alguma coisa de comedia romântica, algo que fazia Camila rir muito, e ao mesmo tempo ficar com cara de boba apaixonada.

        O filme foi seguindo, e senti a mão dela segurar a minha por baixo das cobertas, estava quente e suada, mas confesso que eram as mão mais macias que já senti. Meu coração foi acelerando, mas porquê? Não sabia o que estava acontecendo, ou eu sabia... apenas estava deixando acontecer. Camila se virou para me encarar, e sua expressão não eram mais sorridentes como de costume, ela me encarava serio, minha respiração começou a ficar ofegante, e aquela madrugada de inverno se tornou brasas naquele momento. Eu encarei ela também, e quando eu vi, ela estava me beijando!

        Nos beijamos com força, como se eu nunca tivesse beijado alguém antes, era diferente do beijo de Denis, a boca dela era macia, sua mão pequena segurou  minha cabeça e eu cai deitada no sofá, Camila pulou para cima de mim, me beijando. Instintivamente eu tirei a blusa dela, eu sentia o cheiro do perfume do cabelo dela, ela foi beijando meu pescoço, tirou a minha blusa, beijou o colo dos meus seios, e sem saber explicar eu já estava sem sutiã. Ela beijou meus seios, e eu senti sua mão entre minhas pernas. 

        O Frio foi quebrado com o calor que nos duas liberávamos, era intenso e ao mesmo tempo doce. Eu nunca tinha se quer imaginado que um dia eu iria fazer aquilo. Eu sempre gostei de homens, mas nenhum homem me fez sentir tanto prazer como eu senti naquela noite, Camila ao mesmo tempo que era feroz, era a menina meiga que me acolheu naquela noite.

        Passamos horas nos beijando e nos sentindo em meio ao grande cobertor. Estávamos nuas e suando, ela deitou em meu peito ofegante.

        - Isso foi incrível! - Eu ainda respirava ofegante, e alisava o cabelo dela.

        - Isso foi assustador, mas foi a melhor coisa assustadora que já fiz! - Nos rimos, então apagamos ali, deitadas  abraçadas uma na outra!

        Eu estava caminhando em uma rua, não sabia qual rua era aquela, mas não era uma rua conhecida, eu via a Sra. Estela colhendo algumas flores em um gramado próximo, e ao fundo eu via Denis me encarando! Ele gritava comigo... "-Oque é isso? Que poca vergonha de vocês! - ele gargalhava - Quem é essa dai?" Então acordei! Eu estava sonhando, mas quando eu abri os olhos, havia três moças paradas na sala, eu prontamente me cobri com a coberta e Camila estava Parada com os olhos arregalados para as moças paradas na sala.

        - Quem é essa dai? Anda trazendo mulher pra dentro de casa Camila?! A garota que falava parecia ser um pouco mais velha que eu. ela tinha cabelos cacheados e uma aparecia arrogante e um pouco perversa.

        - Eu já estou de saída! - me levantei e corri até o quarto, em segundos eu estava vestida. Sentia a vergonha corroer meus ossos! Assim que apareci na sala, Camila já estava vestida.

        - Leila não precisa ir embora, Andréa não é a dona da pensão nem manda em mim!

        Baixei minha cabeça, e sai pela porta que a tal Andréa já me esperava com ela aberta...

Folhas de Outono. (Um romance lesbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora