Era transparente o meu nervosismo, aquilo era uma chance que eu não poderia perder. Assim que umas das juradas fez sinal que podia soltar a música, comecei a dançar e demonstrei tudo o que eu sabia, confesso que errei algumas vezes, mas era normal! Não!? Estava nervosa, os jurados me encaravam sem nenhuma expressão, apenas me olhavam. A mesma jurada que fez o sinal anteriormente para começar a música, fez o mesmo gesto para que parasse.
- Obrigada... - Disse ela, consultando uma folha em sua mesa... - Leila, entraremos em contato com você, por favor, pegue seu formulário na recepção! - Concluiu a jurada, me dispensando.
Eu fiquei ali parada, então era isso?! Era só isso? Nada de palmas, nada de parabéns, nada de "Você esta dentro garota, agora brilhe para o mundo!". Peguei minha mochila, e sai pela porta, assim que cheguei à recepção dei um sorriso para a recepcionista que me encarava assustada, ela me entregou uma folha de papel sem tirar os olhos de mim.
- Obrigado querida! Tenha um bom dia! - Disse eu saindo pela porta.
Assim que entrei no carro, segurei o volante com o carro ainda desligado e apoiei a testa. "Vamos Leila, tenha fé!" Eu não entendia aquele vazio, eu estava a um passo de realizar meu sonho, mas aquele buraco em meu peito ainda me corroía. Meu celular tocou e me desprendeu daquele transe.
- Alô?! - Levantei a cabeça do volante, e agora olhava fixo para a rua.
- E ai gata, como foi seu teste?! - Aquela voz era do meu namorado Denis.
- Bem eu acho, irão me ligar para dizer se passei ou não! - Eu respondi, com o maior entusiasmo que conseguia demonstrar no momento.
- Quer vir aqui em casa comemorar? - Quando ele terminou essa frase, percebi que a palavra "comemorar" significava sexo.
- Desculpa Denis, não passei ainda para "comemorar" nada. Vou para casa, meu irmão vai acordar e sei que vai precisar de mim lá. Beijinhos! - Ouvi ele falando ainda do outro lado da linha, mas desliguei o telefone assim mesmo. Não estava com ânimo nenhum de ir ao encontro dele.
Liguei meu carro e comecei a dirigir. Lembrei de Estela, a senhora que tinha ajudado mais cedo a chegar à feira. Ela já teria ido para casa, assim que eu chegasse iria ver se ela estava bem em seu apartamento. Passei em frente ao Café House, senti meu estômago gritar por socorro, então fiz o retorno e parei. Já tinha passado por alí antes, mas acho que a fome me fez notar ainda mais aquele lugar. Parecia, por fora pelo menos, um lugar bom para se sentar e relaxar, tomar um café, bater um papo fiado, essas coisas... Estacionei, e saí do carro. Assim que eu entrei, pude ouvir aquele sininho que fica nas portas desse tipo de estabelecimentos, que realmente servem apenas paras todas as cabeças do lugar virarem para ver você chegar, assim que cruza a porta. Entrei e sentei em uma mesinha perto da janela, iria tomar um café e em seguida saíria dalí para ver como Pedro estava, logo depois que ele acordasse com ressaca.
- Pois não? O que você vai querer?! - Não levantei a cabeça para a garçonete que veio me atender, passava o olho pelo cardápio.
- Por enquanto, apenas um café com leite, por favor. - Fiquei ali parada lendo o cardápio, mas a garçonete não se moveu do lugar! Levantei o olhar e tive aquela supressa!
- Olha se não é a Cinderela! - A garota que eu tinha quase atropelado estava me encarando, e sorrindo com um caderninho e um lápis na mão. Veio em minha cabeça a voz da Estela com a sua frase "Deus vai iluminar seu caminho". Então pensei comigo mesmo que não tinha visto luz nenhuma até aquele momento.
- Não precisa trazer meu café, garota. Eu vou embora. - Respondi rispidamente. Fiz menção de pegar minha mochila, mas ela a segurou primeiro.
- Não vá embora! - Levantei meu olhar fumegante para ela. - Esse café é por conta da casa! Fui rude com você ontem à noite e o destino fez o favor de te trazer aqui para eu me desculpar!
Ela largou a minha mochila e me encarou sorrindo. Mantive o olhar fixo, ainda séria, e então larguei a mochila também. Ela foi até a cozinha e em alguns minutos me trouxe um café.
- Está aqui! Espero que goste, por que vai sair do meu bolso! - Ela largou o café sorrindo na mesa e parou me encarando. - Me chamo Camila! Ela estendeu a mão, e eu ainda séria, a apertei.
- Me chamo Leila! - Disse eu, com má vontade.
- Desculpe por ontem à noite, Cinderela. Eu não estava nos meus melhores dias. Meu gato fugiu, eu estava de pijama atrás dele, dai você apareceu do nada quase me matando, fiquei nervosa, fui grossa! - Ela falava e gesticulava, eu fui achando aquilo engraçado.
- Seu namorado deve ter ficado uma fera comigo, se bem que ele parecia bêbado... - Terminou ela olhando para cima, como se estivesse tentando recordar o que aconteceu.
- Ele é meu irmão, não meu namorado! - Respondi para ela, agora levando a xicara até a boca.
- Ah! Pensei que fosse seu namorado! - Disse ela. Então um homem corpulento colocou a cabeça para fora da cozinha e gritou com ela:
- Camila!! Pare de encher os clientes, você tem serviço para fazer! - Disse o homen, em um tom de repressão. Ela sorriu e fez o gesto com a mão de quem dá um tiro na cabeça!
- Tenho que ir, meu tio gordo e tarado está me chamando. - Ela sorriu e gritou um "Já vou" para ele. Acompanhei ela com o olhar até sumir na porta da cozinha, tomei mais um gole do café e fiz uma careta, realmente estava horrível!
Sai do Café House, já que não precisava pagar pelo café. Na verdade, mesmo que tivesse, não pagaria. Estava muito ruim! Não me despedi da garota que tinha quase atropelado, mas já não estava tão brava com ela, apesar de tudo, ela me pareceu uma garota legal. Peguei meu celular e tinha duas mensagens, uma de Denis e outra do meu irmão Pedro.
"Preciso de outro café quente e mais uns comprimidos, Boa sorte mana"
Sorri imagindo como ele teria escrito aquela mensagem de texto sozinho, mas meu sorriso sumiu assim que passei para a proxima mensagem.
"Voce desligou o telefone na minha cara!!! Depois, quando vier correndo me procurar, vai ser tarde demais Princesinha"
Dei um suspiro ligando o carro. Joguei o telefone no porta-luvas e falei em voz alta para mim mesma.
- Homens, Como entendê-los!?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Folhas de Outono. (Um romance lesbico)
RomanceAquela garota me irritava, e como eu gostava disso! Me chamo Leila e essa é minha historia. Tenho apenas 4 estações para te amar! Até a ultima folha do outono cair! (Um seguimento do romance Enfim Sós) #2 ### PROIBIDO A CÓPIA OU ADAPTAÇÃO ####