"Diga a ela que a ama"

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        Peguei o ônibus para casa, logo depois de me despedir de Camila, sentei em um banco mais no meio do veiculo e escorei a minha cabeça no vidro, com os meus pensamentos a mil. Eu nunca tinha sentido tal emoção, parecia que meu coração estava correndo por todo o meu peito, era uma sensação prazerosa, era algo que fazia eu sorrir sem nem ao menos saber por que! Eu estava apaixonada.

        Um casal de meia idade se sentou logo no banco em minha frente, e começaram a trocar carinhos. Eu estava me metendo em um mundo que sabia que iria sofrer. Lembro que com Denis eu podia andar de mãos dadas, nos beijár em publico como esse casal em minha frente, trocar caricias sem chamar muita a atenção. Podia fazer tudo isso com a Camila também, mas sempre teria alguém, como os caras do carro que iriam de alguma forma tentar nos atingir. Balancei a cabeça afastando esses pensamentos da minha mente, e voltei a olhar para fora acompanhando as casas e arvores que passavam rapidamente. Nada iria impedir o que meu coração queria. Nada!

        Assim que cheguei no meu prédio, o porteiro não estava então fui até a mesa dele para ver se encontrava alguma carta ou recado, mas a única coisa que vi foi uma plaquinha de papel, com uma letra horrível que dizia: BANHEIRO! 

        Fiz uma careta, tentando não imaginar a cena, e subi para o décimo primeiro andar. Entrei em casa, e ouvi Pedro no banho. fui até a porta e colei meu rosto nela.

        -Pedro, cheguei! 

        - Já estou saindo mana! - gritou Pedro de dentro do banheiro, em meio ao seu banho.

        Fui para o meu quarto, e troquei de roupa, colocando algo mais confortável, o frio era intenso.

        Pedro saiu enrolado em uma toalha, bateu na porta do meu quarto depois que disse para ele entrar, ele colocou a cabeça para dentro.

        - Oi mana, quer jantar oque? - perguntou ele, com os cabelos molhados.

        - Ah, ainda bem que você perguntou, uma amiga minha vai vir jantar aqui em casa, você pode fazer algo bem gostoso para nos? - perguntei animada.

        - Uma amiga? Nossa você não trás amigas em casa desde a quinta série! Eu conheço ela? - disse Pedro sorridente.

        - Ah, não conhece ainda! Mas ela é um amor de pessoa. Ela que ficou com o gato da Sra. Estela, não conhecia pessoa melhor pra poder cuidar dele.

        - Ah sim, você me comentou, ela é bonita? É solteira? - Perguntou Pedro fazendo uma cara de safado.

        Um calor me subiu pelo pescoço, como iria dizer isso pro meu irmão, que a minha "amiga" na verdade estava mais interessada em mim do que poderia ficar nele? 

        Pedro era muito lindo, não pensem que digo isso por que ele é meu irmão, não mesmo. Ele era muito lindo, realmente! Ele tinha os olhos da nossa mãe e o sorriso também e no resto, para raiva dele, ele era a estampa do nosso pai. Acho que conheci uma ou duas namoradas dele, que sempre terminavam com ele por dar mais atenção para mim e para a casa do que para elas. As mulheres sabiam depois de uma semana, que não podiam disputar contra o dever de Pedro cuidar de mim constantemente. Ele era muito compenetrado em seus deveres. Cuidar de mim, dar um bom lar e um bom futuro, colocando relação pessoal sempre em terceiro ou quarto plano.

        - Ah ela é linda, mas tem namorado! - disse fazendo uma cara de sinal vermelho pra ele.

        - Ah que pena! Mas não se preocupe, vou caprichar na minha lasanha! - Disse ele sorridente - Vai que ela troque ele por um cara que cozinha bem, não é mesmo?

Folhas de Outono. (Um romance lesbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora