Olívia desceu do ônibus dois pontos antes do que deveria descer. Tinha tempo para chegar à entrevista de emprego e queria caminhar o percurso pensando em perguntas que fariam e respostas que ela daria.
Quatro semanas antes, ela acabara seu curso de formação profissionalizante e precisava arrumar rapidamente um emprego melhor. Desde que sua mãe havia casado novamente e mudado para o interior com seu padrasto, Olívia tornou-se independente e responsável por suas despesas. Claro que ela sempre poderia contar com a mãe, contudo, e mais do que tudo, ela queria provar que era capaz de se virar sozinha. Ela quis permanecer na cidade estudando e trabalhando para isto. Aos dezoito anos, seu primeiro trabalho foi numa creche com crianças pequenas e logo nos primeiros meses de trabalho ela demonstrou talento com crianças que apresentavam problemas de socialização. Ela compreendia tão bem aquelas crianças, e isto chamou a atenção de seus superiores. Já havia passado dois anos neste trabalho, porém agora, com o diploma nas mãos, ela poderia almejar cargos mais específicos e um pouco mais bem remunerados.
Na escola de formação indicaram uma agência de empregos que sempre buscava professores iniciantes. Olívia preencheu toda a papelada pela internet e foi chamada diretamente por uma escola para a entrevista. Eles não foram muito específicos no cargo, mas tratava-se de uma organização não governamental que procurava professores para trabalhar com jovens que precisavam se adaptar em outro lugar, outra cultura – com possibilidades de viagens para outros países. Olívia sabia que um dos principais problemas enfrentados pelos adolescentes era justamente ter que aceitar mudanças, principalmente mudanças de vida como separação dos pais, troca de escolas, perda de algo valioso psicologicamente e outros casos, até aparentemente bobos, que ela sempre tratou com respeito e importância. Ela não sabia exatamente qual seria seu trabalho, mas pareceu-lhe que era para trabalhar com jovens em processo de imigração da família ou de adoção por pais de outros países. Ela gostou da ideia e pensou que seria bem mais simples do que o trabalho com crianças pequenas e seria um desafio que precisava enfrentar.
Aos vinte anos, Olívia, nervosa e cheia de expectativa, caminhava pelas ruas do centro da cidade, sem imaginar que a organização já a havia escolhido previamente ao analisar toda sua vida: suas qualificações e disposição para assumir o cargo.
No elevador, ela se olhou no espelho para conferir sua imagem. Tinha a aparência ainda mais jovem, além de ser mais baixa que as outras meninas de sua idade, e ela estava com medo que eles percebessem isto. Queria parecer mais velha e analisando tudo, trançou rapidamente o cabelo e resolveu abotoar o último botão da camisa, fechando um pouco mais o decote. Pouco antes de a porta abrir no 12º andar, ela sentiu vontade de voltar: não estava assim tão certa de que queria enfrentar novos desafios. E quando a mulher, que já a esperava para a entrevista, mandou-a entrar na sala e sentar, ela adivinhou a primeira pergunta:
– Seja bem vinda, Olívia! Você tem certeza de que está preparada para enfrentar novos desafios?
– Sim, senhora! – Mentiu Olívia, sentindo-se um pouco culpada.
Após a entrevista, que correu muito acima das expectativas, Olívia descobriria que a mulher também mentia.
– A entrevista foi cansativa? – Perguntou simpaticamente o homem que entrara no elevador no 12º andar com Olívia. Olívia apertou o botão do térreo e disse:
– Acho que me saí bem! Algumas perguntas não faziam muito sentido, mas acho que consegui responder de acordo.
– Com certeza! Você tem justamente o perfil que procuram.
Olívia percebeu que o homem estava bem informado sobre o emprego e perguntou:
– O senhor também está tentando vaga?
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Olívia Tangen - Volume I: O Jogo dos Mestres
FantasyOlívia é uma jovem que vive sozinha. Todas as suas tentativas de amizade e amor deram em nada. Aos 20 anos, ela quer muito provar que não é tão errada assim: que é alguém inteligente e capaz de continuar sendo independente. Para isto, arrisca uma mu...