Na Portobello Road

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Eles optaram por chegar em Londres em uma pequena rua que era pouco frequentada, paralela a do mercado de antiguidades. Enquanto caminhavam, Mirus repassava o plano com Noro e Lália. Turio e Olívia iam comentando sobre as casas e a arquitetura.

Ao chegarem na rua, Turio localizou pelo celular, qual galeria deveriam entrar e onde estava a lojinha com o objeto. O combinado era entrarem como turistas italianos, pois o dono do antiquário era filho de italiano e entendia um pouco a língua. Mirus ficou do lado de fora da galeria fingindo interesse em alguma coisa. Os quatro entraram falando muito, olhando tudo. Pararam em uma banca mais a frente, onde Lália, fazendo papel de Lália, escolheu uma pulseira de prata e comprou. Todos estavam com muitas libras na carteira e resolveram gastar um pouco. Noro comprou um relógio de bolso. Turio viu o interesse de Olívia por um conjunto de xícaras de porcelana e disse:

– Vou comprar pra você!

Por um momento, Olívia esqueceu o plano e se deixou levar pela alegria de estar ali, diante de tantas peças antigas e lindas. Mas logo precisou retornar ao objetivo. Ela e Noro, de mãos dadas, fazendo papel de par romântico, chegaram antes a banca onde estava o objeto tangen. Olívia reconheceu o objeto, em exposição numa vitrine do balcão. Ao lado dele, havia um pequeno binóculo. Ela então virou para Noro e disse em italiano:

– Talvez papai goste!

Noro chegou perto da vitrine para olhar o binóculo. E então perguntou em inglês ao proprietário:

– Quanto custa?

O homem disse um valor e Olívia comentou em italiano com Noro:

– Acho que está muito caro! Vê se ele faz por menos.

O homem entendeu o que ela disse e, como eles previram, quis manter o segredo de conhecer o italiano para saber o que os dois falavam entre eles.

Noro negociou com ele, e ele acabou cedendo em poucas libras. Enquanto o homem abria o cadeado da vitrine e tirava o binóculo, Olívia olhou para a peça ao lado, o objeto tangen, e lhe perguntou:

– O que é isto?

Ele respondeu que ainda não sabia; que muito provavelmente era uma peça única.

– Posso ver? – perguntou Noro, que também se demonstrara interessado no objeto, esticando a mão para pegá-lo.

Como a vitrine já estava aberta, o homem deu uma hesitada, mas alcançou para ele. Noro pegou o objeto e olhou bem de perto e mostrou Olívia falando em italiano, desta vez:

– Não parecem aquelas inscrições indígenas que vimos no Equador?

Olívia olhou bem o objeto e disse:

– É sim. Luigi deve conhecer melhor! – Virou para o lado e chamou Turio que estava na outra banca.

– Você reconhece isto? – Perguntou para Turio.

Para desespero do antiquário, a peça passou para a mão de Turio. Mas ele pegou tão delicadamente, como alguém que sabia observar uma peça rara, que o homem relaxou e gostou de ouvir a confirmação do que haviam dito anteriormente.

– São desenhos típicos de uma comunidade indígena da América Latina. Não lembro o nome... – Disse Turio em italiano, levantando os óculos e olhando de perto o objeto. – Acho que é usado para fazer desenhos de tatuagens.

Devolveu o objeto para Noro, no exato momento em que Lália chegava perto do resto do grupo, dando um grito de felicidade, e apontando para alguma coisa na banca do antiquário:

– Ah! Bello! Che bello!!

Todos viraram para olhar o que causara tanta alegria. Lália apontava para um quadro com uma arte botânica:

Olívia Tangen - Volume I: O Jogo dos MestresOnde histórias criam vida. Descubra agora