Olívia Tangen - Volume I: O Jogo dos Mestres

O velho professor moribundo

Passado algum tempo, Turio confirmou que nenhum Martin havia frequentado a escola nos últimos cem anos.

Renus interviu:

– Talvez ainda tenha algum antigo diretor ou funcionário da época, que possa ter conhecido a criança ou alguma história de criança que tenha ido a Terra...

Antes dele acabar, Lotie comentou:

– Eu posso fornecer os nomes deles para vocês. O diretor daquela época já não está mais vivo. Eu nem o conheci. Quem falava muito dele era um de nossos professores, o professor Niam.

– Ah, o professor Niam... Ele dava aulas de astronomia. Foi ele quem me iniciou na minha habilidade para geologia... – Disse Noro, lembrando com carinho do professor.

– É, Noro. Mas Niam recentemente teve graves problemas de saúde. Começou com tonturas e desmaios, depois teve uma lesão no cérebro, e há mais de um mês está inconsciente na nossa enfermaria. – Falou Lotie, sentindo muito em dar a notícia à Noro.

– Depois, eu posso vê-lo? – Perguntou Noro, muito triste, pedindo permissão para Lotie e para Olívia. Ambas concordaram.

Acabada a coleta dos nomes de antigos diretores e funcionários nos muitos arquivos, o grupo se retirou da sala da diretora, com poucas esperanças de algum progresso para a investigação. Lotie levou todos até a enfermaria, antes de irem embora.

A enfermaria ficava bem ao fundo do prédio, em um lugar mais isolado e silencioso. Não era grande e ali se via pouco movimento. Olívia chegou a comentar com Lotie que, pelo grande número de alunos que a escola tinha, era um bom sinal não haver crianças ali. Lotie ficou orgulhosa com a observação, pois via reconhecido o cuidado que ela tinha com as crianças. As duas se deram tão bem que Lotie comentou que se, um dia, Olívia quisesse, ela poderia ir trabalhar na escola com eles. Olívia também sentiu seu trabalho reconhecido e não deixou de verificar que Renus tivesse ouvido o convite. Assim que Lotie saiu de perto deles por um minuto, Renus não se conteve ao comentário:

– Ela te fez este convite, porque não viu a guerra de laranjas hoje cedo.

Olívia entrou rindo na ala individual da enfermaria. A ala, na verdade, eram três quartos privados para casos de isolamento. Lotie explicou:

– Nós conseguimos mantê-lo aqui, pois ninguém usa estes quartos. As poucas ocorrências que temos não precisam de isolamento.

Foi então que Noro viu o seu antigo professor. A porta de seu quarto estava aberta e, na cama, um velho senhor dormia inconsciente. Noro chegou perto dele e o olhou com tristeza, fazendo com que Olívia umedecesse os próprios olhos no lugar do amigo que não chorava.

Turio e Aurosa ficaram fora do quarto. Olívia e Lotie entraram juntos com Noro. Enquanto Renus permaneceu na porta num lugar estratégico de ver tanto o que acontecia dentro quanto fora do quarto.

Foi então que Olívia viu um menino parado perto de Renus, pelo lado de dentro do quarto. Aquele menino surgiu do nada. Ele não estava ali quando entraram e ele não poderia ter entrado depois, pois Renus obstruiu a passagem. Ela então percebeu o que estava acontecendo, mas para se certificar, foi até Renus e falou apenas para ele:

– Diga que você está vendo este menino parado ao seu lado!

Renus olhou para o lado, pálido e congelado, nem precisava confirmar para Olívia o que ela já sabia:

– Não há menino algum aqui...

O menino, por sua vez, olhou para Olívia e disse:

– Vocês demoraram tanto a me encontrar! Achei que não viriam mais...

Desta vez, Olívia sentiu mais a aparição e chegou a sentir fraqueza nas pernas. Renus a segurou, antes que ela caísse ao chão. Noro e Lotie viraram para trás e viram Olívia fraca. Noro puxou uma cadeira e ela foi colocada sentada ali.

– Eu estou tento outra visão! – Disse ela a todos, incluindo Aurosa e Turio que já haviam entrado no pequeno quarto. – Desta vez é um menino... E ele está aqui...

Ela apontou para o seu lado direito, onde os outros viram apenas um espaço vazio entre ela e a porta. Turio, vendo a expressão de espanto de Lotie, foi para perto da diretora e cochichou uma explicação em seu ouvido. Olívia demorou a se recuperar, mas finalmente começou a conversa com o menino:

– Qual o seu nome, menino?

– Meu nome é Niam, mas há muito tempo era Martin.