O ataque de Mestre

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Tuolock sentiu a sua presença, mas só teve certeza que era ela quando a humana acariciou um de seus braços, que estava amarrado para trás do encosto da cadeira. Ela levou pouco tempo para cortar a corda que unia os dois punhos. Ele manteve as mãos para trás e com o indicador apontou para seu companheiro, sugerindo que ela o desamarrasse também. Ela deixou o canivete com a faca aberta nas mãos dele, para que ele conseguisse cortar as cordas que atavam os pés e, se arrastando feito uma cobra alcançou o outro. Pegou a adaga que Noro havia lhe dado e fez o mesmo procedimento de corte da corda. Porém, assim que conseguiu soltá-lo, o chão onde ela estava deu um estalo e um dos bandidos levantou a cabeça para olhar para os reféns.

O Mestre, que ainda estava com os pés amarrados, lançou o canivete bem no meio dos olhos do bandido, e num único pulo agarrou o outro. Num movimento rápido, o matou com apenas um golpe na cabeça.

Olívia acabava de passar a adaga para o outro que nem teve chance de usar.

Tuolock olhou para Olívia bastante transtornado e disse:

– O que você está fazendo aqui?

Olívia estava em choque. Ela não conseguiu falar; permaneceu parada, sem ter certeza do que responder. Ele sentiu a respiração acelerada da humana e percebeu que ela nunca havia visto uma cena de ataque com morte em sua vida.

– Olhe para mim! – Disse ele firme, olhando Olívia nos olhos. – A única coisa que importa é você ficar viva... Eles são o que há de pior em Tangen... Não pense neles agora.

Ela concordou, mas desviou os olhos na direção do bandido morto com o seu canivete; e sentindo enjoo, vomitou para o lado. O companheiro de Tuolock retirou o canivete do tangen e deu ao Mestre, que se abaixou e cortou a corda que ainda o mantinha preso nos pés. O outro tangen de Deserto Plano não era um aluno, como ela pensara, mas o Comandante Tofis, responsável pela equipe de Salvamentos e Resgates da Escola. Ela o conhecia apenas de vista e nunca havia sido apresentada; e aquele não era um bom momento para apresentações. Ele devolveu a adaga para Olívia, a olhando com admiração e gratidão. Ela, ainda tremendo, guardou no cinto preso à perna.

Só então, ela reparou que Tuolock estava com um corte feio na perna e com vários machucados no rosto e no resto do corpo. Olívia foi até a abertura por onde havia entrado e pediu a sacola com os remédios que Aurosa havia preparado. Lália a alcançou perguntando baixinho:

– O que aconteceu?

Olívia respondeu:

– Deu tudo certo. O Mestre está bem.

Tuolock sentou na cadeira e começou a tratar os ferimentos. Olívia sentou ao seu lado e já podendo falar, explicou:

– Renus está próximo com mais oito dos seus. Eu vim sem ele saber com três dos meus alunos. Pensei que seria melhor te soltar...

Ele olhou para ela com carinho e ela reparou que seus olhos azuis claros estavam com um tom bem mais escuro do que o normal.

Ela fez uma pausa e ele completou:

– Mas você não estava preparada para ver a morte de alguém, não?

Olívia fez que sim com a cabeça. E Tuolock falou:

– Eles teriam feito isto com você e comigo também. Estavam me mantendo vivo aqui, só esperando ordens de um chefe. – E então ele precisou ser objetivo e perguntou:

– O que você sabe do local?

Ela respirou fundo e disse:

– Duas casas. Esta e mais uma pequena onde estão seus outros dois alunos, amarrados e sem guardas.

– Vivos?

– Sim!

O Mestre esboçou um sorriso para o seu companheiro; que respondeu com expressão de boa notícia.

– Quem está com você aí fora?

– Lália, Turio e Naitan.

O Mestre pensou um pouco e falou:

– Você fará o seguinte: tire Turio e Lália da linha de combate. Diga para eles irem até Renus e que contem que eu e Tofis estamos bem. Nós ficaremos aqui até que ele ataque. Você fique com Naitan. Não desgrude dele. Vocês irão até a outra casinha. Só entrem se não houver perigo, certo? Tente soltar os alunos e veja se eles estão bem para enfrentar a briga quando Renus atacar. Eu contei doze deles... Renus e seus oito e mais nós quatro, ficamos em vantagem. Você e seus alunos fiquem longe da luta. Entendeu?

– Sim, senhor! – Disse Olívia com muita certeza.

– Diga a Renus para não demorar, pois eles chamaram reforço... E diga também, que até onde vi, não há anjos entre eles.

Olívia olhou bem para ele e ficou feliz de vê-lo bem. Pensou rapidamente se eles precisavam de mais alguma coisa, e lembrou que eles estiveram presos por mais de um dia. Então ela abriu sua bolsinha e tirou de lá duas barras de chocolate. Tuolock achou graça no gesto e no cuidado quase maternal. Num impulso de despedida, Olívia deu um abraço no Mestre, dizendo:

– Boa sorte, Mestre!

Ela enfiou a bolsa com os remédios na abertura e rastejou para caber na abertura. Ao posicionar os quadris em diagonal, o Mestre viu Tofis sorrindo pelo ajuste e lhe fez uma expressão não muito boa. O Comandante riu mais ainda depois da repressão. Olívia saiu do outro lado, puxada pelos braços por Lália. Eles já estavam impacientes. Ela repetiu as ordens de Tuolock rapidamente para eles. Turio e Lália desapareceram para encontrar Renus. Ela e Naitan se olharam, deram um abraço e no mesmo instante estavam dentro da pequena casa com os outros dois alunos de Deserto Plano. 

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⏰ Última atualização: Apr 15, 2022 ⏰

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Olívia Tangen - Volume I: O Jogo dos MestresOnde histórias criam vida. Descubra agora