Duas semanas depois, Olívia foi levada por Mirus para conhecer a cidade em que iria morar e trabalhar. Ele recomendou que ela não levasse muitas coisas que poderiam ser reconhecidas como sendo humanas. A proposta era que ele mesmo arrumasse tudo para este período de adaptação, como roupas, moradia, aparelhos tecnológicos e tudo mais.
"– O que você sabe sobre as necessidades de uma humana, Mirus?" foi o que um dos conselheiros perguntou quando ele se prontificou a providenciar tudo para Olívia. As mulheres humanas não deviam ser assim tão diferentes das tangenianas, ele pensou. Só depois, ele percebeu que também não sabia muito sobre as mulheres de Tangen. Porém Mirus era determinado e tinha muitas colegas que o ajudaram nesta missão.
Em primeiro lugar, ele quis mostrar a nova casa para Olívia. Os membros do Programa de Estudos Humanos, PEH, planejaram também este período de inserção de Olívia em Tangen e forneceriam sem limites tudo o que fosse necessário para que ela gostasse e quisesse permanecer no Programa. Isto foi dito abertamente: ela receberia tudo do bom e do melhor para não desistir.
Ao entrar na casa, ela estranhou, pois era uma casa bastante simples: por fora era baixa, retangular, amarela. Mirus explicou que eram casas móveis, que podiam ser transportadas de um lugar para outro por veículos próprios para isto. Quase todas as casas de Tangen eram assim, algumas ganhavam outras formas que ampliavam os cômodos em número, dependendo geralmente da profissão do morador ou de necessidades especiais. Todos moravam sozinhos. Obviamente cada morador colocava móveis e decorava do jeito que queria.
Olívia encontrou o interior completamente branco, e aquilo causou má impressão, pois lembrava muito mais uma clínica médica do que uma casa.
– Vou colorir tudo o máximo que puder. – Disse ela a Mirus.
Ele concordou que à primeira vista não parecia muito aconchegante, porém os equipamentos e móveis ali tinham sido projetados por anos para o melhor conforto dos moradores. As casas em Tangen eram para descanso depois de um dia de trabalho ou outras atividades. Aos poucos ela foi compreendendo que, por exemplo, não precisava de um fogão, pois não iria cozinhar. Ela teria todas as refeições na escola ou se preferisse, ela só precisava encomendar, e eles entregavam em casa tudo o que ela quisesse – pratos feitos que só precisavam ser reaquecidos.
– E se eu quiser cozinhar?
– Há duas opções: você vai até as cozinhas coletivas, que poucos usam, ou você encomenda os alimentos crus e o os prepara aqui. – Disse ele apontando para um botão na parede. Ao ser acionado, esse botão fez surgir uma panela cuja tampa trazia vários outros botões, um para cada tipo de cozimento, como Mirus explicou. Ela ficou curiosíssima com o aparelho, mas percebeu a dificuldade que seria este começo de vida em Tangen se ela quisesse experimentar todos os outros botões que viu na parede. Alguns destes botões eram de apertar, como em um teclado; outros rodavam, como botões de aumentar volume de som ou de luz. Dois deles eram alavancas pequenas. Tudo ali tinha um propósito bem objetivo e prático.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Olívia Tangen - Volume I: O Jogo dos Mestres
FantasiOlívia é uma jovem que vive sozinha. Todas as suas tentativas de amizade e amor deram em nada. Aos 20 anos, ela quer muito provar que não é tão errada assim: que é alguém inteligente e capaz de continuar sendo independente. Para isto, arrisca uma mu...