Paulie In The Sky With Diamonds • McLennon (With RafaellaMarques08)

Fadas Existem

   — O que é isso!?

   A primeira coisa que Paulie fez foi tentar sair voando, e infelizmente, a primeira coisa que John pensou em fazer foi agarrar seja lá o que era aquilo na frente dele.

   Ele conseguiu agarrar uma parte da asinha de Paulie, a fada gritou, ele tinha machucado sua asa.

   — Me larga!

   Paulie voltou ao seu tamanho normal, olhando para a ponta da asa que estava dobrada e sentindo suas costas latejando por causa da dor, ele correu em direção à janela, diminuindo novamente e saindo do apartamento de John, voltando para o céu, e teve uma aterrissagem complicada por causa da asa, quase que não conseguiu voar de volta para onde estava.

   Enquanto isso, Lennon saiu rapidamente de seu apartamento e foi até o apartamento ao lado, batendo na porta de Paulie com certa força, enquanto o mesmo voltava ao tamanho normal, sentando no chão para ver o estrago em sua asa.

   — O que porra você é?! O que você quer comigo?! Abra essa porta!? — Ele batia na porta com força, não sabia se ficava assustado ou ficava furioso por aquele serzinho ter invadido sua casa.

   Ele parou de bater na porta quando ouviu Paulie chorando lá dentro.

   A fada chorava por estar tentando desfazer a dobradura em sua asa, suas asas eram como um órgão externo, e elas eram frágeis, eram finas como seda e brilhavam na luz, eram transparentes e haviam padrões como se fossem fios de prata. Haviam os mais variados tipos de asas para as fadas, haviam as com asas de borboleta, com asas de penas, com asas multicoloridas...

   De qualquer forma, aquela dobradura em sua asa foi como a quebrar um osso, e John só foi se tocar da seriedade do machucado quando o ouviu chorar.

   Ele suspirou, voltando para seu apartamento, enquanto Paulie subia as escadas sôfrego, deitando de barriga pra baixo na cama, para que suas asas se curassem sozinhas durante a noite.

•••

  Paulie acordou no outro dia sem sentir nenhuma dor, sentou-se na cama, olhando para as asas e vendo que elas estavam perfeitas. Ele suspirou aliviado, se levantando da cama e descendo para a cozinha, era tão diferente da sua que ele não sabia nem por onde começar.

   — Como eles cozinham sem lenha? — Questionou ele, enquanto olhava para as panelas, estranhando elas não serem feitas de barro. — Eu estou com tanta fome...

   Não havia nada comestível naquela cozinha, o que fez ele considerar a ideia de sair voando até uma varanda ali perto para comer algumas flores.

   Sua aventura pela cozinha foi interrompida quando ele escutou alguém na porta, largando tudo no chão por causa do susto.

   — Ei... — Era a voz de John.

   — Eu não quero mais ajudar você! Me deixa em paz! — Paulie respondeu.

   — Me ajudar? Você invadiu minha casa, como isso iria me ajudar? E por que eu preciso da sua ajuda?

   — Você não sabe o que eu estava fazendo! — Paulie cruzou os braços. — Eu sei que não é legal entrar na casa dos outros mas eu só queria tentar te ajudar... Mas você me machucou!

   — Eu posso entrar?

   Paulie pensou um pouquinho.

   — Com uma condição.

   — Pode falar.

   — Promete que não vai me tocar!

   — Eu prometo que não vou te tocar, eu posso entrar agora?

   Então a porta se abriu, John deu de cara com os olhinhos verdes mais lindos que ele já viu em sua vida, acompanhados dos maiores cílios também. Rapidamente, Paulie se afastou, deixando que John entrasse, o ruivo fechou a porta atrás dele.

   — Eu já sei que você é uma fada...

   — Espero que isso não saia daqui. — Disse Paulie, se afastando.

   — Mas eu não sei o que você estava fazendo na minha casa.

   — Então...  — Paulie coçou a nuca. — É uma história um tanto longa.

   — Tenho muito tempo livre. — John cruzou os braços, fuzilando aquele belo rapaz com o olhar.

   — Quando nos vimos pela primeira vez, meus poderes de leitura disseram que você estava com emoções ruins, e em Strawberry Fields, não podemos ver alguém com emoções ruins e não fazer nada, nós nos importamos de verdade entende? Então eu estava na sua casa ontem a noite pra tentar descobrir o que fez você se sentir triste.

   John ficou surpreso ao ouvir a explicação da fada, no final das contas, ele só queria ajudar, mas de qualquer forma, ele era um estranho, e sequer era humano.

   — Olha, as vezes as pessoas querem guardar os problemas para si, eu não sei como fazem em Strawberry sei lá o que mas por aqui se intrometer na vida das pessoas não é legal, não importa o quão boas sejam as suas intenções.

   — Eu não queria te incomodar, eu só queria fazer alguém feliz... — Paulie fitou o chão. — Essa não é a viagem que eu queria, então eu imaginei que eu poderia fazer alguma coisa legal pra alguém.

   — Viagem?

   — Eu queria viajar para fora de Strawberry Fields e acabei aqui, mas eu queria mesmo era ir para a Terra dos Leões Marinhos.

   John riu um pouquinho.

   — Esse lugar existe?

   — Sim! É um planeta inteiro só de leões marinhos, e eles são adoráveis!

   — Isso é tão estranho, eu nunca vi fadas antes, e eu não imaginava que você fosse uma delas. — John suspirou. — Enfim, não precisa mais invadir minha casa tá legal?

   — Tudo bem, eu não faço mais isso. — Paulie cruzou os braços.

   Os dois ficaram em silêncio, e o silêncio foi o suficiente para que um certo barulho se fizesse presente, o estômago de Paulie "reclamando" de fome.

   — Você está com fome? — John perguntou e Paulie balançou a cabeça.

   Certo, John estava querendo se isolar de todos, mas era uma fada passando fome, e seria um tanto difícil para ele ir a um supermercado e fazer qualquer outra coisa sozinho.

   — Quer ir comer no meu apartamento? Eu já prometi não tocar em você.

   — Eu não preciso, eu vou ficar bem, tem várias flores lá embaixo pra mim. — Paulie apontou para a janela.

   — Flores? Isso explica porque você passa fome, vamos logo.

   — Não disse que não me queria mais no seu apartamento?

   — Se eu estou te convidando é porque eu quero você lá, agora vamos antes que eu mude de ideia.

   Essas foram as últimas palavras de John, e Paulie resolveu não contestar.