CAPÍTULO 9

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Quando o Gustavo armou o segundo soco, Henrique se defendeu segurando o pulso do Gustavo girando o braço dele, nas costas e dando a mesma chave de braço que ele tinha me dado instantes atrás

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Quando o Gustavo armou o segundo soco, Henrique se defendeu segurando o pulso do Gustavo girando o braço dele, nas costas e dando a mesma chave de braço que ele tinha me dado instantes atrás. Que ironia! Uma hora da caça a outra do caçador! Mais um golpe e o Henrique imobilizou o Gustavo com o outro braço livre lhe enforcando o pescoço. Fiquei ali parada, olhando o meu Deus Grego imobilizando aquele... Argh! Faltaram-me palavras para descrever o Gustavo.

Não tinha visto o Henrique tão bravo daquela maneira antes. Ele era faixa preta em judô? Como assim? Eu nunca soube disso! Oh meu paizinho do céu! Esse homem era perfeito! Mas pera aí? O Henrique poderia matar o Gustavo. Respira Milena, respira! Falei comigo mesmo.

"Só segura ele!" Se eu era quem tinha que me libertar daquele embuste, precisava ao menos tirar essa angústia e essa pressão que eu tinha apertando o meu peito, sem contar o 'ranço' que eu sentia e lembrei-me dele me tocando. Mandei uma bela de uma bofetada na cara dele. Minha mão ficou ardendo na hora. O infeliz continuava gritando e eu queria voar no jugular do Gustavo, mas o Henrique já estava com os braços lá e enfocando o ordinário.

Minha cabeça estava um milhão por hora, eu não sabia exatamente o que fazer. Só sabia que o Gustavo estava ali com todo o meu passado junto dele e era o fim! Ele teria que aceitar o final do nosso relacionamento por bem ou por mal. Meu coração pulsava na minha garganta e fazia muita força para respirar normalmente. Se o Henrique não chegasse a tempo estaria sendo estuprada pelo Gustavo naquele exato momento, no entanto, o cretino estava ali na minha frente e eu com muita raiva daquele filho de uma puta dos infernos. Um mundo de possibilidades passava pela minha cabeça antes de decidir-me o que fazer.

As palavras do Henrique acalmam-me por hora, depois pensaria no que fazer com ele, primeiro de tudo, queria dar outro tapa na cara do Gustavo. Fui com a outra mão, a que tenho força, a minha direita! Botei toda a força que eu tinha nas mãos e mandei no meio da cara do Gustavo, senti minha mão latejar imediatamente.

Olhei para o Henrique, ele me confortava com aqueles olhos azuis transparentes e me mandava beijos para me acalmar. Ele me entendia apenas pelo olhar. Henrique dizia exatamente o que eu queria ouvir. O Gustavo precisava entender que nada me separaria do Henrique e se ele tinha tanta curiosidade em saber se eu tinha 'dado' para o meu namorado, eu teria o maior prazer em contar.

"Você quer tanto saber seu eu 'dei' pro Henrique? Eu te conto Gustavo..." Despejei tudo o que sentia para fora, como se eu pudesse vomitar minhas palavras. Os olhos do Gustavo estavam estatelados, eu sentia a raiva na expressão dele, ele começou a abrir a boca para falar alguma coisa e eu não deixei, mandei o dorso da minha mão direita na cara dele.

"Vadia, piranha, sua biscate!" Ele continuava a me xingar, os tapas que eu tinha dado na cara dele não foram suficientes para aliviar a raiva que eu sentia. A minha vontade era de chutar o saco do Gustavo até ele cuspir as próprias bolas.

Era exatamente o que eu queria fazer naquele instante. Fiquei olhando o Henrique enforcando o pescoço do Gustavo com uma chave de braço, será? Vontade não me faltava.

"Sua puta, sua vaca!" O cretino não calava aquela maldita boca.

"Não passa vontade não meu amor! Enfia o pé nesse otário..." O Henrique me incentivou e eu nem pensei duas vezes, dobrei o meu joelho e mandei com fé e vontade, acertando em cheio o meu alvo. Eu vi o Gustavo se contorcer de dor ali na minha frente e com isso uma tonelada saiu das minhas costas. Ele estava sentindo na pele a dor por tudo aquilo que ele havia me feito passar!

"E agora cala essa sua boca seu infeliz! Você tinha medo que alguém descobrisse o tanto que ela é gostosa, não é mesmo? Sim minha princesa, eu já te falei isso e te falo um milhão de vezes mais se for preciso, você é uma delicinha! Maravilhosa na cama. Só era mal comida por esse imbecil, que não sabe com é que se trata uma mulher." Quando o Henrique terminou de dizer o que eu realmente esperava que ele dissesse, avistei o Breno e o Leandro correndo em nossa direção.

"Precisa de alguma ajuda, Henrique?" O Breno disse e eu já conseguia ver a minha irmã e as meninas, o alívio tomou conta de mim. Ouvi o Henrique pedindo para chamar a polícia. Polícia? Como assim? Nunca tinha me metido com polícia na minha vida, apavorei! Fiquei totalmente sem reação, o Henrique levaria mesmo aquele infeliz episódio até as últimas consequências e eu estava agradecida a Deus por nada de mal ter me acontecido.

O Leandro saiu para chamar a polícia e nossas irmãs foram ligar para os nossos pais, ficamos praticamente em silêncio até os guardas chegarem. Os policiais já tinham levado o Gustavo para a delegacia quando os pais do Henrique chegaram.

Escutei o Henrique explicar para o pai dele tudo o que tinha acontecido e em seguida ele colocou tudo para fora e pela primeira vez na minha vida, vi o meu amor chorando. Sendo acalentado pelo seu pai. Eu também queria que o meu pai estivesse ali comigo, foi tudo muito exaustivo! Minha mãe e o Samir foram avisados e chegariam a qualquer momento.

A Dona Carmem, mãe do Henrique, foi quem ficou o tempo todo do nosso lado sem saber muito que fazer. Assim que mamãe chegou, ela nos explicou que o pai do Henrique era advogado e que ele cuidaria pessoalmente de todos os trâmites lá na delegacia, que não precisávamos nos preocupar com nada, o Gustavo finalmente estaria recebendo o que merecia.

Minha mãe estava inconformada com tudo o que tinha acabado de acontecer comigo e eu ainda estava espantada com o tamanho da proporção que toda aquela história tinha chegado. Só mesmo levando tudo as últimas consequências para o Gustavo me deixar em paz para o resto da vida. Para falar a verdade, me sentia aliviada com tudo o que tinha acabado de acontecer. O Gustavo não podia passar impune novamente. Não desta vez!

Durante o trajeto até a delegacia, fui com o Henrique no carro dele, com os seus amigos. O silêncio imperou quase toda a nossa viagem até a delegacia, mas me confortava ao menos saber que ele estava do meu lado. Esse era o único lugar do mundo que eu queria estar. Ao lado daquele homem, que me protegia, me amava e que me salvava! Estava muito agradecida a Deus por tudo ter acabado bem.

Quando por enfim tudo já estava resolvido na delegacia e eu ouvi do Gustavo que ele nunca mais me procuraria, foi a melhor sensação da noite. Daquele instante em diante era uma vida nova, sem medos e com o meu príncipe, por falar nele, foi a maneira mais inusitada de conhecer os pais do Henrique, mas conosco nada é muito convencional.


🔔 Recadinho da Mel

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Nota da autora: Este é o meu primeiro capítulo dedicado, em especial para uma grande amiga (você sabe que é pra você né? Gratidão por sua história servir de inspiração pra mim! Você é guerreira e corajosa, conhece sua força interior e eu te admiro muito! Te amo!) e ao contrário da história, ela não teve como gritar e muito menos alguém para lhe salvar, ficando assim, com a dor e a resignação de ser invadida contra sua própria vontade, além das lembranças de um momento tão cruel e doloroso como um estupro.

Dedico também esse capítulo, a todas as mulheres que passaram por alguma situação parecida, onde negar uma pessoa que não deseja, rejeitar uma investida e fazer prevalecer a sua vontade, não é um direito! Deixo aqui a minha indignação contra esse e qualquer outro tipo de violência contra a mulher. Até quando seremos violentadas? Não é não! Basta ser respeitado! Simples assim!

Até o proximo capítulo e bjo da Mel!💋

CIRANDA VIVA - LIVRO 1 - Finalizado e em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora