CAPÍTULO 16

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Aguardando Silmara entrar na igreja e olhando os meus pais no altar, passou um filme pela minha cabeça

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Aguardando Silmara entrar na igreja e olhando os meus pais no altar, passou um filme pela minha cabeça. Nasci na cidade do Rio de Janeiro e a minha mãe, por mais de vinte e cinco anos, foi empregada doméstica na casa de um grande político, um senador da república que por sinal, também era meu padrinho!

Sempre desconfiei que o padrinho fosse o meu pai, mas esse assunto sempre foi um tabu em casa. Nunca me importei realmente, se meu padrinho era ou não o meu pai biológico, o que me importava, era que ele nunca havia tido filhos e fui criado como o filho que ele não teve. Sorte minha! Nem tanto assim...

Durante minha infância e a minha adolescência, moramos no bairro de Laranjeiras, na casa do meu padrinho. Minha mãe residia na casinha dos fundos e oficialmente, eu morava na casa principal, mas transitava entre os dois mundos com muita facilidade. De vez em quando dormia com minha mãe, mas a grande maioria das vezes dormia no conforto do meu quarto, ao lado do meu padrinho.

Fui criado na alta classe carioca, porém, a minha 'madrinha', ao contrário do padrinho, não gostava de mim e fazia questão de lembrar todos os dias que eu era apenas o filho da empregada. No entanto, o filho da empregada aqui, sempre teve tudo do bom e do melhor, estudei nas melhores escolas, tinha motorista para me levar e me buscar onde eu quisesse ir. Nunca fui imbecil, eu era o filho da empregada, independente se o padrinho fosse ou não meu pai. Minha mãe sempre me ensinou qual era o meu lugar e aproveitei da melhor forma tudo o que meu padrinho podia me oferecer e sendo um excelente aluno, afinal de contas, isso era exigido de mim, como forma de retribuição. Fiz todos os cursos que quis fazer na minha vida e o padrinho bancava tudo, inclusive um ano de intercâmbio para os Estados Unidos quando tinha dezesseis anos.

Contando minha vida, parecia ser às mil maravilhas, mas na realidade não era. Sempre dei duro e estudei bastante para poder sair de casa e começar minha vida longe daquele hospício que vivi. A chance veio na época que prestei vestibular e me foi oferecida duas opções, se não passasse em uma universidade federal e a faculdade fosse particular, teria que ficar em casa, no Rio de Janeiro. Mas se eu passasse na federal, qualquer uma. Todas as minhas despesas e a mesada, eram por conta do padrinho e ainda por cima, ganharia um carro zero a minha escolha.

Um estímulo e tanto! Esse objetivo, atingi quando passei em engenharia de produção na UFMG. Era tudo o que eu queria uma vida nova em um lugar onde ninguém me conhecia, longe da minha família louca e ainda por cima, com uma vida de playboy em BH. Aquele gosto de vitória pela primeira vez na vida e com um carro de presente, nada mal para começar uma nova fase! Vida nova em terras mineiras, na capital das Gerais.

Não diria que minha vira era um mar de rosas, estudei muito durante todo o meu curso, tanto que me formei como o primeiro da turma, para o orgulho da minha família torta. Mas aproveitei muito a minha vida também, nunca soube ao certo quantas garotas 'peguei' durante a universidade, eu era disputado à tapa por elas. Cada final de semana era uma, ou duas por noite. O padrinho nunca disse nada a respeito de pegar a mulherada e levar para o abatedouro, esse era o nome que gostava de apelidar o meu apartamento.

CIRANDA VIVA - LIVRO 1 - Finalizado e em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora