CAPÍTULO 47

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Júlio narrando:

Sempre me considerei sujeito bem-sucedido profissionalmente, mas a vida toda, eu almejei mais, muito mais na minha carreira! Dentro de casa, eu não tinha do que reclamar. Cacau era minha companheira perfeita, cuidava da nossa filhotinha com todo amor e carinho, mesmo se dividindo em várias ao mesmo tempo: mãe, profissional e esposa! Nossa vida se acomodou! Trabalhamos, estudamos e preenchemos todo o tempo com nossas atividades cotidianas.

Já nossa vida amorosa, amornou de vez depois que a Bellinha nasceu! Cacau está sempre tão cansada que, nossas relações sexuais eram cada vez menos frequentes. Umazinha a cada dois ou três meses e olhe lá! Eu não me importava muito, afinal, tinha a Milena que me perturbava a mente e o coração. Mesmo sabendo que ela era um amor impossível, não conseguia deixar de amá-la, sem contar que era bom vê-la nos finais de semana e me confortava muito em saber que ela era feliz no casamento dela com o Henrique! De certa forma, eu também era feliz assim, levando a vida da do jeito que tínhamos arranjado.

Como miséria pouca é bobagem, não bastava ser casado com a Cau e ainda ser apaixonado pela Milena, eu precisava arrumar uma sarna para me coçar e tinha que me aparecer justamente, uma perdição e uma tentação dessas, no trabalho! Linda, inteligente, bem humorada e o mais incrível de tudo, totalmente encantada comigo...

Voltando no tempo, quando fui chamado para assumir a diretoria de produção de uma grande montadora de automóveis em meados de 2002, eu quis trazer o meu time comigo. Primeiro veio o César como gerente de produção, seis meses depois o Henrique como gerente financeiro.

Consegui organizar quase todos os meus colaboradores da forma que queria, mas a Solange, gerente de recursos humanos, não estava muito bem alinha com a minha metodologia, resolvi arriscar e trocar de colaboradora e, porque não uma RH de confiança na minha equipe?

Um bom gerenciamento do capital humano é primordial no mundo corporativo, ainda mais numa empresa com mais de quinze mil pessoas no quadro de funcionários! Eu precisava definitivamente de uma pessoa no RH em que eu pudesse confiar de olhos fechados.

Na minha cabeça, eu já tinha idealizado o perfil da pessoa para assumir a vaga. Teria que ser uma mulher, psicóloga e para começar, que coordenasse preferencialmente a parte de treinamento, mais do que isso, eu ansiava que fosse alguém que pudesse preencher a vaga da minha equipe de confiança, a RH que me faltava, o equilíbrio, uma perspectiva e um olhar feminino.

Anunciamos no site da empresa, uma vaga de coordenadora de RH. Essa pessoa trabalharia diretamente com o César e com o Henrique, fazendo o elo profissional entre nós quatro. A gerente de RH me trouxe dois currículos. O primeiro era o de uma mulher de 36 anos, psicóloga formada na UFMG, trabalhou no RH de uma grande mineradora por dez anos e estava em busca de uma recolocação profissional.

O segundo era de uma jovem psicóloga, 25 anos e com um currículo invejável, formada em psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina, pós-graduada em gestão de recursos humanos pela UNICAMP, fluente em inglês e alemão, trabalhava como coordenadora de treinamento de pessoal, numa indústria multinacional farmacêutica. Um belo currículo! Decidimos fazer entrevista com cada uma das duas candidatas. Por motivos óbvios e criteriosos, eu tinha interesse em participar diretamente daquela contratação.

A primeira candidata morava em Belo Horizonte, o que era um ponto positivo a favor dela e veio no primeiro dia de entrevista, disse que tinha sido demitida há seis meses por causa de uma reestruturação da empresa. Dez anos de casa e foi demitida por reestruturação, pensei comigo! Com certeza deu alguma merda! Na minha cabeça, eu já tinha eliminado a primeira pretendente, ainda mais tendo a outra candidata com o currículo melhor.

CIRANDA VIVA - LIVRO 1 - Finalizado e em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora