Capítulo 1

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Pietra Annunziata

17 ANOS DEPOIS...

Roma, 14 de Agosto de 2019

Trago mais um pouco do cigarro em seguida soltando a fumaça espessa que se espalha branca sobre a visão do amanhecer de Roma.
A mansão dos Moretti reside na colina mais elevada da cidade, tendo um espetáculo de vista.
Monte Gianicolo, uma das vilas da capital que tira o fôlego de quem tem o prazer de visitar, estava esplendoroso e aos poucos raios solares que tingiam as casas de cores estava revelando os incríveis detalhes em barroco.

Hoje seria um dia bem agitado pelas ruas estreitas, principalmente com a chegada de turistas de todas as partes do mundo. Tempo perfeito para o movimento, novas encomendas devem ser distribuídas e precisaria de uma escolta, que no caso, sou eu.
Geovanne sempre ficava encarregado com todas as transações e comunicações por dentro da família, já Ricardo se encarregava do trabalho mais pesado. Cobranças e serviços sujos, o primogênito e herdeiro de todo o império.

Seria sorte?

Claro que não. De acordo com ele, isto se tornou sua maldição e o meu sofrimento desde que nos conhecemos por gente. Os olhos frios e penetrantes de Dante em cima de meu corpo fizeram-me correr um arrepio por toda a extensão da pele.

Dante Moretti Greco, o homem cuja muitas almas pertencem e a minha está ligada às suas mãos por um fio tênue que um dia ou a qualquer momento pode quebrar.
— Vem tomar seu café menina! — ouço Dona Marisa me chamar de dentro da pequena casinha cor de chocolate. Trago mais um pouco sentindo os efeitos da droga atingir meu cérebro, balançei a cabeça para dissipar toda a confusão de minha mente conturbada.
— Estou indo minha flor. — Respondo já podendo sentir o gostinho inconfundível do café.  Levanto dos degraus da pequena escada da varanda, o sol estava um pouco mais quente agora.
— Humm, que maravilha! — Meu francês saiu desajeitado, mesmo que pudesse falar de forma coerente, ainda carrego certo sotaque desconhecido.
— Café com um leve toque de avelã, caramelo ao leite e creme de baunilha por cima... — tomei um gole e sorri em seguida. — Sabe mesmo mimar alguém.
Brinco vendo Marisa sorrir, suspirou e notei satisfação em seu olhar.
— E você à bajular esta velha. — levei o copo aos lábios escutando a porta da sala se abrir e alguém entrar. Passos pesados seguem até a cozinha. Marisa contém um sorriso de lado retirando-se da cadeira indo até o fogão, pelo visto ela tmbém já sabia de quem se tratava.
— Cappuccino? — Vejo o indicador ser mergulhado em minha caneca.
— Tire o dedo do meu Cappuccino seu carniceiro. — Dou um tapa na mão de Ricardo que ri ao voar metade do conteúdo em minha blusa.
— Sem brigas meninos. — Marisa aparece com uma torta em mãos. Ricardo se apressa em beijar as suas bochechas lhe cumprimentando.
— BonJour maman! És muito bela. — misturou os idiomas fazendo Marisa dar um sorriso largo evidenciando as marcas do tempo em seus olhos.
Marisa tem origem Mexicana e dificilmente consegue encontrar alguém que falasse a sua língua tão fluente quanto desejava ter em uma simples conversa. Mordi os lábios reparando melhor em seu corpo, as tatuagens do braço estando à mostra, uma camisa cinza colada e seus cabelos ligeiramente presos em um nó acima da cabeça deixando alguns fios soltos.

Havia agumas manchas de suor em suas costas...

— Vem meninos, sentem antes que a comida esfrie. — Seus olhos cruzam com os meus, senti um calor conhecido tomar conta de meu ventre.
— Aqui minha princesa. — Ricardo me guia até a mesa puxando a cadeira para que eu sentasse.
— Obrigado. — Ele piscou faceiro para mim, homem safado. Cortei uma fatia da torta servindo a nós dois, Ricardo colocou mais do Cappuccino para mim e se serviu também.
Peguei os pães de queijo que estava no prato raso e ofereci a ele que pegou dois deles colocando logo na boca e mastigando me deixando com receio de aontecer algum acidente doméstico.
— Que eu vou jogar bem na sua caraaa... — Marisa rebola enquanto mexia algo na panela que estava aguçando nosso olfato.
— Tu thathathatha! Tututu thatha thatha!  — rimos vendo ela rebolar desengonçada usando a colher de pau como microfone.
— Maman? — Ricardo gritou e Marisa retirou os fones de ouvido. — Está tão agitada hoje.
— Falou alguma coisa meu filho? — rimos e ela crispou as sobrancelhas.
— Anita? — perguntei segurando o riso.
— O quê? Ela é uma Diva, não posso fazer nada. — Apenas deu de ombros.
— Estragamos você Maman, decepcionante isso. — Ricardo se levantou e a puxou para um abraço.
— Me solta menino... — ele distribuiu beijos pelo rosto dela que demonstrava resistência para sair do aperto. — Vou queimar o molho!
— Ai! Maman! — Marisa acertou com a colher na testa de Ricardo que a soltou na mesma hora.
— Seu abusado! Apertou a minha bunda. — Não aguentei e começei a rir como nunca, até imitar um porquinho eu fiz, ouso-me dizer.
— Pronto Maman, daqui você não sai. Petiiiiiiin! — Ele grita a última parte da frase afinando a voz e grudando nas gordurinhas da cintura de Marisa.
Ignorando os protestos dela, Ricardo lhe beijou a nuca e a conduziu para uma dança esquisita de dois passos para lá e doi para cá.
— Sai daqui antes que minha colher de pau venha parar em outro lugar. — Ele fez uma careta soltando ela que na primeira oportunidade lhe deu uma frigideirada na bunda assim que Ricardo se virou para vir em minha direção.
— E me respeite que já limpei muito essa sua bunda, menino!
— Si, si mama. — Disse debochado e ri com a cara fechada de Marisa para ele.
— Vamos amorzinho que temos meta a cumprir hoje. — Levantei lembrando que teria que levar a minha bolsa.
— Droga, poderia esperar uns dois minutos? Preciso levar a minha mochila. — Dia de treinamento, minha mente anota enquanto sigo para o andar de cima para poder pegar os ítens necessários.
Gregorio estaria me esperando às quinze horas e quarenta e cinco minutos no pequeno ginásio três ruas a baixo do ponto de encontro de hoje, e também teria que fazer a correria junto das entregas, talvez nem posso ter tempo para almoçar mesmo que consiga fazer tudo as pressas, por isso que um bom café reforçado me seria muito útil.
Porém, não é algo que eu possa ter escolha em querer fazer ou não, essa fase da minha vida estava longe de ser um Destino justo.

[emREVISÃO ] 🔞Guerra De Mafiosos (Série: Lei e Vingança) Vol 5Onde histórias criam vida. Descubra agora