Capítulo 15

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Ricardo Greco

— Eu não vou aguentar... — Desabei na mesa da cozinha olhando para o copo de vidro vazio em minha frente. Levanto outra garrafa tentando derramar o líquido. 

Mais para direita… Porra! É para a esquerda… Não. Desisto!

Deixei a garrafa cair no chão fazendo barulho, Deus sabe que fiz de tudo para não fazer escândalo ao chegar do bar e acordar Dona Marisa. Por minha causa ela está dormindo num quartinho perto da dispensa, até hoje me culpo por ser problemático.

Estou péssimo! 

— Filho? É você? — Ela aparece com sua camisola de dormir, só que agora é de cor lilás. 

— Oi mama. — Deitei a cabeça na poça da bebida que derramei sem me importar.

— Oh meu pequeno! — Ela vem até mim e começa a bagunçar meus cabelos compridos. 

— Aquele canalha! — Balbuciei. — Tirou ela de mim… 

— Quem é meu Filho? Dante? — Balancei a cabeça concordando, ela deu um grande suspiro alto não contendo a sua surpresa.

— Meu Deus! — Ela puxa a cadeira para se sentar. Depois de um tempo, olha em meus olhos.

— Mas tem alguma notícia? — Balancei a cabeça confirmando que não e ela soltou o ar que prendia.

— Eu, eu quero acabar com a raça dele! — Marisa treme em resposta.

— Não fala isso meu Filho, certas pessoas merecem. Mas… — Levantei o meu rosto e a encarei. — Não se torne como ele!

— De forma alguma! Quero tomar conta desta família do jeito certo. — Ela sorri.

— Vem meu menino, vamos tomar um banho e depois ir para a cama. — Me senti pequeno outra vez. Tudo estava indo tranquilo, e eu quase consegui encontrar a mulher que assombra meus sonhos! Porém o destino é pior quando ele quer.

— Eu já sei me cuidar Mama, vá descansar. — Ao contrário do que deveria ser, o filho leva a mãe para a cama e lhe deposita um beijo carinhoso no topo de sua cabeça recebendo um sorriso, bonito, mas enrugado. 

— Deveria ser ao contrário meu filho. — Ela reclama fazendo crescer um pequeno sorriso em meus lábios, mas ele é de pura tristeza.

— Eu sei mama, também queria ser um menino para receber mimos, mas este menino aqui já é um garanhão formado. — Apontei para o meu próprio peito com os indicadores fazendo ela rir.

Devo estar delirando.

— Vou subir, qualquer coisa é só me gritar. — Ela concorda e eu apago a luz. Sai e arrumei a bagunça de cacos de vidro no chão. Seria perigoso para uma velha desastrada como ela vir beber água aqui.

Subi para o meu quarto, tomei um banho, mas de alguma forma meu corpo pede por adrenalina, sentindo falta do pedaço que foi arrancado. Não iria conseguir descansar enquanto eu não soubesse de algo.

— Preciso de respostas. — Falei sozinho já colocando uma jaqueta. Lá fora não estava tão frio, mas o ar fresco me causava arrepios. Primavera.

Quase meia noite. Tomei rumo pelas ruas desertas de Roma, em busca de um único endereço. Um homem que seria capaz de tudo para derrubar o pérfido do meu pai.

O único que poderia acabar com tudo e me colocar em seu lugar. Caso isso aconteça, ele será meu braço direito em todos os negócios da família. 

Parei em frente de uma casa grande, com um pequeno Jardim magnífico. Andei mesmo pelo gramado verdinho sem me importar com as boas maneiras, ainda me sentia tonto e com o estômago embrulhado. 

A primeira coisa que avistei em minha frente foi um vaso branco vazio, e ali coloquei tudo para fora. Até minhas mágoas deixei junto ao vômito porque a fera precisa ressurgir!

— Écthor! Tem um bêbado desgraçado vomitando no meu Jardim! — Escutei uma voz feminina, não liguei e continuei na mesma posição. 

— Mas que caralho é esse... Moretti? — O homem alto e loiro aparece na varanda só de toalha na cintura.

— O que faz aqui? — Ele sussurrou e arrumei coragem para erguer a cabeça que girava. Aos poucos consegui focar a visão turva no rosto de Écthor.

— Preciso de você cara. — Écthor olha para os dois lados como se estivesse em perigo para depois fechar a porta.

— Se Liza te descobre, estou morto! — Sorri. Realmente Écthor está brincando de "casinha" como me disseram.

— Eu não ligo. — Dou de ombros e ele fecha a cara em descontentamento.

— Mas eu sim! — Ele cruza os braços. — Diga logo, o quê te trouxe aqui.

— Quer que eu chuto a bunda desse infeliz Amor? — Liza grita do segundo andar botando a cabeça para fora da janela, as cabeleiras ruivas se destacam na luz amarela de dentro do cômodo.

— Mais cinco minutos Amor, e já estarei aí em cima. — Ele faz um biquinho acompanhado do dela.

— Estão parecendo dois peixinhos! — Resmunguei rindo e Écthor me olhou feio. — O que foi?

— Não demora meu Guruzinho. 

— Não irei demorar gata. — Ele pisca e eu revirei os olhos pela melosidade. 

— E então? — Écthor se sentou ao meu lado na grama.

— Dante pegou algo que é meu... Na verdade é alguém. — Vejo um sorriso se formar lentamente em seu rosto.

— Aah, saquei... Esse alguém seria uma garota neh? — Suspirei entregando os pontos e ele ri.

— Ricardão Greco Amarrado pelas bolas? Essa foi Boa! — Ri.

— Vindo do homem mais ferrado na vida, me parece um pouco peculiar... Afinal, você foi o primeiro a perder os testículos para uma mulher mandona!

Ele riu junto a mim. Se deitou nas escadas cruzando os braços atrás da nuca. Écthor nunca foi um cara de ser aberto com amigos, mas comigo as coisas mudavam. Nos conhecemos em uma das missões que fui enviado a contragosto.

— Qual seria o favor? — Abaixei a cabeça instantaneamente e Écthor fica atento ao monor dos meus  movimentos. — Você ama ela, né cara?

— Mais do que a minha própria vida. — Respondi com os olhos inundados. O efeito do álcool já havia se passado faz mais de uma hora após chamar o Rau no vaso desconhecido.

— Quero derrubar aquele canalha que se diz ser meu pai! Quero eu mesmo colocar as mãos em seu pescoço e o quebrar com um movimento só! 

— Ei calma aí Aquaman! — Ele se levanta para apenas sentar ao meu lado e me oferece um aperto no ombro.

— Se eu fosse o tal, já teria me vingado! — Ironizo deixando claro a mágoa, que achei ter derramado no vaso bonitinho, colorido, atrás de mim.

Pois é, acho que catei essa merda com as mãos. 

— Pois seja ele! Seja por ela! Não se acabe em bebidas, é isto que Dante quer…  Seu sofrimento. — Ele tem razão. Catei os caquinhos de dignidade que me sobrou e levantei do chão. 

— Irei convocar homens leais a você e iremos tacar Merda naquele inescrupuloso! Mas preciso agir de forma discreta, sem levantar quaisquer suspeitas. Então levará um tempo. Tenha uma boa noite Ricardo! — Écthor diz também se levantando, pega minha mão num aperto caloroso e entra em sua casa, me deixando sozinho com os pensamentos.

[emREVISÃO ] 🔞Guerra De Mafiosos (Série: Lei e Vingança) Vol 5Onde histórias criam vida. Descubra agora