Trilogia Reescrevendo As Estrelas (Livro 1)
Clara Montserrat sempre foi uma garota cheia de sonhos e aspirações. Boa amiga, filha, sobrinha e uma leitora voraz assumida, Clara vê seu destino mudar por completo após um trágico acidente de carro que f...
Duas semanas. Duas semanas se passaram desde que minha mente me venceu pela primeira vez. Duas semanas tendo meu sono interrompido por pesadelos que mais pareciam filmes de terror feitos em 3D.
Por recomendação do Dr. Enrico, eu só poderia deixar o hospital depois que minha primeira sessão de terapia fosse realizada, graças a Deus esse dia chegou. Agora estou aqui, frente a frente com a pessoa que conheceria todos os meus segredos mais íntimos. Ótimo.
Bruno Di Angelis era a minha mais nova "caixinha dos segredos" e já estava mais do que claro que não havia nada que eu pudesse fazer para mudar isso. Ele não era de todo ruim, com sua pele clara, olhos azuis, cabelo loiro e uma barba que seguia no mesmo tom sobre uma mandíbula bem definida, Bruno – como o mesmo disse que preferia ser chamado – parecia ser um cara legal ou pelo menos um bom profissional, o problema todo estava em mim. Sei que devido à minha timidez extrema, eu me escondia dentro de uma bolha que só minha família conseguia atravessar e mesmo que ele venha se esforçando desde o começo da manhã para me fazer confiar, esse não seria um objetivo fácil de ser plenamente alcançado.
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– Então é isso, Clara – Disse ao final da nossa primeira consulta – Nossas sessões de terapia ocorrerão duas vezes por semana nesse mesmo horário – Explicou – Espero que com nossa convivência você possa confiar em mim o suficiente para me contar tudo sobre qualquer coisa.
– Certo – Respondi louca para voltar pra casa – Já posso ir?
Ouvir o som da sua risada ecoar pela sala pequena e simples fez-me encolher na cadeira de rodas. Nem de longe que eu conseguiria ser tão espontânea perto de um desconhecido.
– Espere só até eu entregar seu prontuário ao Dr. Enrico e você poderá ir – Sorriu já de pé detrás da mesa – Espero que possamos ser bons amigos.
Eu juro que naquele momento o único pensamento que rondava minha cabeça era o de voltar para casa e fazer uma maratona de Friends seguida por How I Met Your Mother até não aguentar mais.
– Você sorriu – A voz de Bruno me puxou de volta para o mundo real e sem graça. Menos um ponto, Dr.
– Pode chamar minha mãe, por favor? – Perguntei simplesmente, mas tomei cuidado para não soar rude, má educação nunca foi nem seria uma característica minha.
– Claro – Deu a volta na mesa branca e grande, e quando abriu a porta me fez sorrir de verdade.
Mamãe e Lucas estavam me esperando sentados juntos próximo à porta. Era praticamente impossível conter o sorriso que surgia sempre que eu via qualquer membro da minha família.
– Tudo bem? – Lucas perguntou enquanto tirava uma mecha vermelha da frente do meu rosto, fechei os olhos para absorver melhor o carinho.
– Vai ficar ainda melhor quando eu estiver dentro de uma cafeteria ou bar – Respondi e ele sorriu. Uma das vantagens de quando o nosso coração escolhe um amigo é que o mesmo sempre entende qualquer referência que fizermos.
