Quarenta e Sete

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Revisão: @pedro_henriquesr_

Vamos de último capítulo, morangos da Nina? Obrigada por tudo <3 

FELIPE

Retiro meus óculos escuros quando passo pela entrada do hospital psiquiátrico e público de Sant'Mary, quase ponho meu café da manhã para fora quando o odor de naftalina invade meus sentidos, bem, quem eu vim visitar aqui escolheu seu próprio destino.

– Bom dia, Sr. Salvatore – Mary, a enfermeira que cuida de Mário me cumprimenta quando chego à recepção – Sei perfeitamente o que o traz aqui, mas aviso que não é um bom momento para visitar seu irmão – Explica após conferir sua prancheta – Ele teve um surto psicótico sério no início da manhã e precisamos colocá-lo numa camisa de força para que ele não se ferisse, além disso, precisamos usar sedativos e ele pode não estar muito consciente, tendo, às vezes, alguns espasmos de consciência.

– Prometo que farei o possível para ser breve, Mary – Garanto – Eu só preciso tentar mais uma vez.

Percebendo que não há como argumentar, a morena com cerca de cinquenta anos, me deixa passar.

Atravesso o corredor estreito até chegar ao seu quarto sentindo a tensão de volta sob meus ombros.

Abro a porta com cuidado e entro lutando ao máximo para não fazer barulho, embora desconfie que minha presença seja o que mais o incomoda ali.

Então eu o vejo, sentado numa cadeira de rodas com a cabeça apoiada num travesseiro, completamente débil e inerte.

O tiro que lhe dei pelas costas o deixou tetraplégico, mesmo assim não há um único objeto cortante no quarto branco, apenas uma cama de solteiro e uma mesinha de centro, fora isso, existe somente uma pequena janela com vista para o jardim bem cuidado. Ainda assim, fizeram bem em não se arriscar, Mário estava debilitado, mas a mente dele ainda o fazia ser um perigo para si mesmo.

Me aproximo em passos lentos para observá-lo melhor, em minha visão, ele parece calmo, mas conhecendo-o como conheço, sei que esse momento não irá durar muito.

Surpreendo-me quando ele começa a cantar uma música de maneira quase inaudível.

– Sabe essa música? – Pergunta levantando a cabeça para que o meu olhar possa capta-lo melhor, confusão se faz presente nos seus – Quem gostava de cantar era a minha mãezinha... Essa canção é tão esperançosa, só demonstra o quão burra ela foi – Afasto-me alguns passos quando ele começa a se agitar – Aquela vaca não para de me perturbar! – Grita debatendo-se na cadeira de rodas enquanto chora e berra perdido na própria confusão – Cala a boca, cala a boca! Sai daqui, porra! – Esbraveja – Eu sei que foi ele, eu sei – Continua – Eu não vou falhar, eu não vou falhar, eu não vou falhar...

– Mário – O chamo na tentativa de fazê-lo voltar para o mundo real – Mário...

– Cala a boca, desgraçado! – Ordena parando de se debater e olhando em meus olhos de maneira impassível como se nada estivesse acontecido a menos de cinco segundos atrás. O típico sorriso psicopata está estampado em seu rosto como sempre – Sabe o que é melhor? Você continua vindo! – Ri – Você gostou quando eu machuquei sua amada, não é? Porque me procura, então, Felipe? – Porque você ainda é meu irmão – Eu não entendo... Você quer ser morto, é isso? Parece que você aprecia o sofrimento tanto quanto eu aprecio a morte... E eu apreciaria muito o processo da sua morte, lenta e dolorosa...

 – Mário, você precisa voltar a si, você precisa ter ciência de tudo. Eu quero que se arrependa para que eu possa te ajudar a descobrir o que realmente é ser amado por alguém do seu sangue....

À Procura De Alguém Como VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora